TENHAMOS CORAGEM

Martírio de São João Batista - O preço da verdade

“E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, preparando os seus caminhos, dando a conhecer a seu povo a salvação” (Lc 1,76-77).

“Naquele tempo, Herodes tinha mandado prender João, e acorrentá-lo na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com quem tinha se casado. João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. Por isso, Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não conseguia, porque Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas ficava desconsertado quando o escutava.

Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então, o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu te darei”. E fez um juramento, dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”.
Ela saiu e perguntou à mãe: “O que devo pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. E, voltando depressa para junto do rei, a moça pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. O rei ficou muito triste, mas, por causa do juramento diante dos convidados, não quis faltar com a palavra. Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o corpo dele e o sepultaram” (Mc 6,17-29).

De fato, a pregação de João era verdadeira, ousada e corajosa. Pois ele não somente anunciava o Reino Deus, mas denunciava o pecado, convidando o pecador à conversão. O próprio anjo Gabriel, por ocasião do anúncio feito ao seu pai Zacarias, revelou a sua missão, dizendo: “Ele fará voltar muitos filhos de Israel ao seu Senhor. Caminhará à frente deles com o espírito e o poder… para preparar um povo bem disposto para o Senhor” (Lc. 1,16-17).

Como vimos no Evangelho de Marcos, João Batista denunciou o pecado de Herodes e Herodíades, convidando-os à conversão. Todavia, eles não acolheram a verdade que liberta, preferindo muito mais satisfazer o próprio ego e agradar aos outros do que agradar a Deus. E, por essa razão, o profeta pagou, com a própria vida, o preço da verdade.

Enviado por Deus a preparar o caminho do Senhor, João conheceu o martírio, porque, sendo um mensageiro valioso, não titubeou em anunciar a verdade e defender a justiça, anunciando a chegada do Cristo e enfrentando a própria morte. Ele não se omitiu, não se esquivou nem tão pouco calou a sua voz, mas falou a verdade.

Como atesta a Sagrada Escritura, João Batista deu testemunho da verdade (cf. Jo 5,33). “João era a lâmpada que iluminava com sua chama ardente” (Jo 5,35).

São João Batista se tornou para nós, pelo testemunho, o exemplo do alto preço pago pela verdade. Se, por um lado, o Evangelho de Marcos é claro ao narrar que Herodes tinha profunda admiração pela sabedoria e verdade das palavras proferidas por João, por outro lado, o evangelista também é explícito ao afirmar que, tendo Herodes se inebriado com a dança da jovem, deixou-se abduzir da verdade, pagando um alto preço pelo seu pecado: a morte do profeta do Altíssimo.

Por não dar ouvidos à verdade pregada por João, Herodes, escravizado pelo pecado, deixou-se seduzir pelo mal. Pois como dizia São Gregório Magno, “quem se deixa levar pelo mau desejo submete-se ao senhorio da iniquidade”. ¹

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Deus é a fonte de toda verdade. Sua Palavra é a verdade. E, uma vez que Deus é veraz,² os membros do seu Povo são chamados a viver na verdade.”³

Que São João Batista interceda por nós, para que, tocados pela verdade que é a Palavra de Deus, tenhamos a coragem de testemunhá-la e, até mesmo, pagar um alto preço se preciso for.

1 – Moralium, 4,42. – Catena Aurea p.288.
2 – Carta de São Paulo aos Romanos 3,4.
3 – Catecismo da Igreja Católica – 2465.

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