O TEMPO DE DEUS

“Não é a missa que é longa, pequeno é nosso amor”

A frase é retirada do livro “Caminho” de São Josemaría Escrivá e reflete uma triste realidade em que podemos estar inseridos.

“Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5). O versículo citado no livro do Deuteronômio foi retomado por Jesus Cristo (Mc 12,29) como o primeiro de todos os mandamentos. O avanço na santidade acontece à medida que nossa vida é direcionada à vivência deste mandamento, e isso significa dar o primeiro lugar a Ele em nossa vida!

Em conjunto aos Mandamentos da Lei de Deus, nós católicos temos ainda os Mandamentos da Igreja em que se destacam, por exemplo, a participação da Missa aos domingos e outras festas de guarda (dias de preceito). Esse mandamento está diretamente ligado ao Mandamento do Amor a Deus, porque nos direciona a essa via de dar ao Senhor a primazia da nossa vida. Mas, por outro lado, corremos alguns riscos: participar da Santa Missa apenas como um ato de obrigatoriedade, buscando formas rápidas de cumprir o preceito. É em vista desses riscos que a frase de São Josemaría Escrivá se aplica: no fundo, o que nos acomete é o nosso pequeno amor a Deus.

“Não é a missa que é longa, pequeno é nosso amor”

Crédito: Eva Blanco / GettyImages

Antes de tudo, vamos entender um pouco o que é a Santa Missa. O Catecismo da Igreja Católica, a partir do parágrafo 2177, nos recorda que, nas primeiras comunidades cristãs, celebrava-se, no domingo, o Mistério Pascal, o dia do Senhor. Nessa participação, os fiéis testemunham o pertencimento e a fidelidade a Jesus Cristo e à Igreja, fundamentando sua prática cristã. Com isso, entendemos que a participação na Santa Missa significa a manifestação pública da nossa pertença à Igreja de Cristo.

Ao mesmo tempo, a participação na Santa Missa nos obtém grandes graças, como exemplifica São Leonardo de Porto-Maurício em seu livro “As Excelências da Santa Missa”. Ele descreve a Santa Missa como o sacrifício perfeito a Deus, pois é o mesmo sacrifício da Cruz, tem por sacerdote o próprio Jesus Cristo, a palavra de um homem opera o sacrifício. Ao mesmo tempo, a Santa Missa tem quatro finalidades: fazemos a nossa adoração a Deus, damos a Ele a satisfação pelos pecados que cometemos, damos a nossa ação de graças por todos os bens recebidos e suplicamos por todas as nossas necessidades.

Por fim, recordamos as palavras do Venerável Fulton Sheen na obra “O Calvário e a Missa” que nos revela a Missa como o ponto alto da amizade cristã e o maior acontecimento da história da humanidade.

Poderíamos gastar linhas e mais linhas para descrevermos o que é a Santa Missa, mas ficaremos apenas com essas descrições, pois, a partir delas, já podemos tomar consciência do quão valoroso é a participação na Santa Missa e podemos dar um passo a mais na nossa reflexão e falarmos de um crescimento ao qual precisamos nos dirigir: a passagem do cumprimento da regra ao amor.

Se ainda não conseguimos participar da Santa Missa com a atenção, a devoção e amor que são necessários, significa que ainda não compreendemos a profundidade do mistério que ali acontece: o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo são presentificados diante dos nossos olhos. Contemplamos o Mistério da nossa salvação. Essa é uma necessidade de conversão na nossa consciência e mentalidade que precisa se concretizar. A Missa não é simplesmente a participação em um encontro, uma sequência de atos ou a simples obrigatoriedade. Muito pelo contrário! Ao apontar o Missa dominical como preceito, a Igreja quer cultivar em nós a necessidade de participarmos deste memorial da Paixão do Senhor, reservando um espaço do nosso tempo exclusivamente para Ele.

Leia mais
.:Você sabe o que é a Santa Missa e qual sua importância?
.:Como participar bem da Santa Missa?
.:Confira seis dicas para participar bem da Santa Missa

Aqui nós entendemos a advertência de São Josemaría. Se fosse grande o nosso amor a Deus, mais desejosos seríamos de dedicar ainda mais o nosso tempo a Ele, exclusivamente; não nos importaria o tempo de uma Missa, mas aproveitaríamos cada segundo para amar a Deus e estar com Ele. E assim, quando crescemos neste amor, saímos da obrigatoriedade do preceito e nos tornamos desejosos de buscar mais momentos para estar com o Senhor, participando também da Missa em outros dias da semana, além dos domingos, crescendo na vida de oração, buscando mais momentos que priorizam o relacionamento com Deus.

Se até aqui estávamos olhando o relacionamento com Deus como uma obrigatoriedade, que façamos a nossa decisão por um novo passo de conversão, buscando, em tudo, realizar por amor ao Senhor. Que, na participação da Santa Missa, possamos crescer neste amor!

Deixe seu comentários

Comentário