Dai-nos esperança no seu poderoso auxílio
O dom do temor a Deus não se trata de ter medo de Deus por razão dos pecados cometidos ou de uma preocupação com a condenação eterna, pelo contrário, esse dom infuso recebido no sacramento do batismo ajuda para a santificação da alma, e faz com que o cristão tenha referência filial para com Deus, e principalmente provoca no homem o desejo de fugir de tudo o que possa ofender a Deus.
O temor a Deus aperfeiçoa duas virtudes, a virtude da esperança e da temperança: a primeira porque nos faz temer desagradar a Deus e apartar-se dele; a segunda, porque nos desapega dos falsos prazeres que podem nos separar de Deus. Assim, pode-se definir o dom do temor como aquele que inclina a nossa vontade para respeitar a Deus, afasta-nos do pecado, porque o desagrada, e dai-nos esperança no seu poderoso auxílio.
Este dom abrange três atos principais:
a) Um sentimento vivo da grandeza de Deus e, consequentemente, um extremo horror ao menor dos pecados que ofendem a infinita Majestade;
b) Uma viva contrição dos menores pecados cometidos, porque por eles ofendem a Deus infinitamente bom, donde nasce um desejo ardente e sincero de repará-los pela multiplicação de atos de sacrifício e amor;
c) Um cuidado atento para fugir das ocasiões de pecado, como se foge de uma víbora: “foge do pecado com se foge de uma serpente” (Eclo 21, 2).
Por conseguinte, uma grande aplicação em conhecer em tudo o querer de Deus a nosso respeito, para conformar a ele a nossa conduta.
O dom do temor de Deus é necessário para evitar o excesso de familiaridade com Deus. Por meio da oração e da intimidade, o ser humano se relaciona com Deus e faz d’Ele um grande amigo, e é isso mesmo que Ele deseja, um relacionamento de amizade, mas há aqueles que são tentados a esquecer a grandeza de Senhor e a infinita distância que nos separa, e comportam-se, diante de Deus e das coisas sagradas, com liberdades inconvenientes, falando com excessiva ousadia, tratando-O de igual para igual, isso não pode acontecer, graças ao dom do temor de Deus o homem consegue exaltar a Deus como de fato Ele é e merece ser.
Os meios para cultivar o dom do temor de Deus é a meditação frequente da infinita grandeza de Deus, em seus atributos que são: bondade, fidelidade, misericórdia, justiça, entre muitos outros. Além disso, deve considerar, à luz da fé, o que é o pecado, por mais leve que seja, sempre é uma ofensa à infinita bondade de Deus. Assim também a busca pela oração, pois sem oração ninguém cresce na santidade, e muito menos gostará de agradar a Deus com uma vida submissa a sua vontade, a oração e a meditação faz com que todos os homens que delas O desfrutam vivam uma vida íntegra e virtuosa.