Especial Tudo Deixei por Ti
Ordenação 2024
Parte 3
Valdeir Bento partilha sobre as adaptações na sua vida para o ingresso no seminário. Tempo de abandonar suas seguranças e lançar-se na vocação para a qual Deus o chamava. Veja também como o tempo no Seminário formou nele o futuro sacerdote.
O Especial Ordenação 2024 tem como objetivo contar a história dos quatros missionários e futuros sacerdotes da Comunidade Canção Nova
No próximo dia 8 de dezembro, José Márcio Junior, Valdeir Bento, José Dimas da Silva e Rafael Vitto serão ordenados diáconos provisórios e, futuramente, ordenados sacerdotes. Neste mês de novembro, vamos conhecer a trajetória e história que levou a vida desses jovens a uma escolha definitiva e entrega total a Cristo por meio do Sacramento do Sacerdócio.
05 – SEMINÁRIO
06 – O TEMPO NO SEMINÁRIO
05 – SEMINÁRIO | Leia a transcrição do vídeo:
Depois do tempo de discernimento vocacional, até antes de vir, eu já pensava: “Nossa, mas será difícil pela realidade de deixar a missão. Deixar tudo o que eu estava vivendo na missão, tudo o que eu já tinha conquistado, o apostolado, tantas seguranças para poder entrar para o seminário”.
E quem mora na Comunidade Canção Nova sabe como é: você já está livre entre aspas. Não quer dizer que a gente esteja preso, não é isso. Mas você já teve tantas outras realidades, tantas outras liberdades na frente de missão, no apostolado, na vivência do carisma. Agora, tem que voltar para uma casa de formação, não uma formação inicial. Já estamos há algum tempo no carisma, mas uma casa de formação, com regras, com rotinas e tantas outras realidades… E ainda mais viver esse desafio da vida acadêmica!
Eu já estava há um bom tempo sem essa realidade de estudos, mas, mesmo assim, como a gente ouve aqui, na nossa história vocacional, na história do carisma, precisava fazer as contas. Como Luzia Santiago fez as contas, eu pensei e falei assim: “Eu preciso fazer as contas. Tenho essa disposição de entrar para o seminário?”. Então me veio a palavra de Filipenses 2,6-8, que fala de Jesus, que diz que Ele não se apegou ao seu ser igual a Deus.
Ao falar de Jesus Cristo, daquela kenosis, daquele esvaziamento, é óbvio que não se compara à kenosis de Jesus. Mas, nesse sentido de me esvaziar de mim mesmo, de minhas seguranças e de tudo o que eu já havia construído, até mesmo algo que fica muito forte na nossa experiência na Canção Nova, que não é o apego material, mas a não-adesão a si mesmo.
Eu estava vivendo esse desafio de não me apegar a mim mesmo. E essa palavra me ajudou a viver todo esse processo: no início do seminário, durante o seminário e até hoje. Posso dizer que, durante toda a minha vida, também busquei não me apegar a mim mesmo, mas me esvaziar, esvaziar-me de minhas seguranças, até mesmo de minhas experiências no carisma. Não chegar ao seminário e dizer: “Ah, mas eu já tenho mais tempo de comunidade que você, obedeça-me ou ouça-me, que eu tenho muito a lhe ensinar”. Não! Mas, muitas vezes, ficar calado e permitir que o outro – desculpe a palavra – “quebre a cara”, viva a experiência. É claro que, nos momentos em que precisaram de conselho ou de partilhar a experiência, também estive presente, e em outras realidades também.
Já vivemos choques culturais e tantos outros choques dentro da comunidade, mas havia também o choque de idade e o desafio de tentar viver bem com outras idades, com aqueles que estão entrando no carisma, o choque de tempo, de vivências no carisma e de outras experiências também.
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Fui vivendo esses desafios, mas tudo em Deus. Então, se realmente não temos fé, não tem sentido nenhum permanecer. Por que eu permaneci? Porque eu ouvi um chamado, porque Deus me chamou apesar de tantas outras realidades, vivendo dentro do seminário esses desafios dos estudos, do tempo de comunidade. Como eu ouvi o chamado, como eu ouvi a Palavra de Deus, eu fui permanecendo em oração na presença de Deus. E assim vamos vivendo.
05 – O tempo no seminário | Leia a transcrição do vídeo:
Nesse tempo, vivendo no seminário, é interessante que, realmente, a nossa visão para o sacerdócio muda; não muda no sentido negativo, mas amadurece. Até dá vontade, mais ainda, de ser padre. Porque a gente vai conhecendo a riqueza já na filosofia, mas também na teologia, conhecendo mais sobre a Igreja. Amplia a nossa visão de Igreja, a questão do sacerdócio mesmo, da entrega. Então isso muda dentro de mim.
Claro que a experiência que me chamou foi basicamente essa questão do apostolado, da missão e da vida sacramental do padre. Mas quando a gente vai aprendendo o que é na prática, na vida, na teoria também, o que é ser padre, vai aumentando ainda mais, solidificando o desejo de viver o sacerdócio, de viver a entrega, de ser essa ponte. O Pontífice, é claro, é Jesus Cristo, mas de ser essa ponte.
Nós aprendemos também participar do sacerdócio de Cristo. O sacerdócio, que assim irei receber com a graça de Deus, não é meu, mas Ele pertence a Cristo, e é n’Ele que eu irei participar. E a experiência que eu trago, que eu vivo hoje é essa de que eu irei participar de algo muito grandioso. Realmente, durante toda a minha vida, sempre tive medo de corresponder, dada a grandiosidade da vocação. Hoje, vejo que muito menos ainda teria capacidade humana de poder corresponder, senão pela fé.
Então, hoje, o que eu vivo é uma experiência de fé. Uma experiência de querer me entregar, de querer ser este canal de graça, de salvação, de esperança, de cuidado para com o ser humano. Ser este bálsamo na vida daqueles que eu me aproximar e daqueles também que se aproximarem de mim.
Eu saio hoje como um homem mais maduro, não somente pela idade, mas também pelas experiências vividas. Experiências acadêmicas, experiências pastorais.
Temos também essa oportunidade de viver os dois últimos anos de pastoral nas paróquias. Algo muito positivo na nossa formação, pois podemos viver, na prática, o que é a vida do pároco, a vida do padre, aquilo que ele consegue administrar. Tanto pastoral quanto pessoalmente, e tantas outras realidades que ele vai vivendo.
Hoje, eu saio mais maduro, mais seguro de mim mesmo, da minha vocação e com o desejo de corresponder, de ir para a missão. Eu até brinco, falando sobre essa resposta de Deus, por meio do Conselho da Comunidade Canção Nova: onde nós iremos trabalhar? E a gente sai com esse desejo muito forte de ir para a missão, trabalhar, fazer a vontade de Deus onde quer que Ele me enviar.
*Valdeir Bento será enviado, após a ordenação diaconal, para ser responsável da Frente de Missão do Paraguai.
Comunicação Santuário do Pai das Misericórdias