Deus é rico em misericórdia

Em qualquer situação, diante de qualquer dificuldade: Deus é rico em misericórdia

Nesta sexta-feira, 20 de maio, o Padre Marcio Prado, vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias celebrou a Santa Missa no oitavo dia da Novena do Pai das Misericórdias.

Confira a homilia na íntegra:

“Meus queridos irmãos e irmãs, peregrinos, irmão de Comunidade, colaboradores, moradores aqui de Cachoeira Paulista e todos nós filhos e filhas do Pai das Misericórdias.
Nós temos feito, então, essa caminhada e com a graça de Deus, mesmo aqueles que estão chegando hoje, têm feito sim uma caminhada de amadurecimento, de crescimento na fé. Assim, Nosso Senhor espera de cada um de nós. Cada dia, Nosso Senhor nos dá uma oportunidade de crescer um pouquinho mais. E, bobo de nós, é bobo, é boba, bobo de nós se nós não aproveitarmos a oportunidade de cada dia para crescermos. É verdade que a vida é difícil, tem a luta de cada dia mas teremos e precisamos aproveitar, sim, cada dia, cada segundo, cada Evangelho que é proclamado, cada Missa que nós temos a oportunidade de participar, cada sofrimento que nós passamos. E vamos aprendendo com os sofrimentos, com as alegrias; sim, tudo! Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus.

A minha meta é o Céu

E nós estamos aqui neste mundo, meus irmãos para isso: antes de tudo, para buscar a vontade de Deus. A minha meta é essa, a nossa meta deve ser essa. A minha meta é o Céu, a minha meta é o Céu. A nossa meta é ser sempre o Céu. E Deus, na Sua bondade, como nós escutamos na primeira leitura, ‘rico em misericórdia’, todo o dia é um dia para aprender um pouquinho mais, para crescer um pouquinho mais. É verdade que na nossa caminhada, muitas vezes, nós sentimos que damos um passo para a frente e dois para trás. Às vezes é assim. Somos humanos, somos falhos, mas que nós nunca deixemos de olhar para a frente, olhar adiante. Se for olhar para o passado, olhar com gratidão e aprender com os erros… aprender com os erros; louvar a Deus também pelos acertos. Não é possível que tudo o que aconteceu na sua vida foi ruim até hoje. Acredito que aconteceram também coisas boas e louvado seja Ele, Nosso Senhor! Louvado seja esse nosso Deus, rico em misericórdia. E aí, olhando para a nossa história, com certeza podemos constatar: ‘Deus me ajudou naquele momento, Deus me ajudou naquele outro momento, Deus me carregou no colo naquele outro momento; Deus me tem carregado hoje. Pensei que eram os meus passos – como aquela parábola muito conhecida, popular, que nós estudamos – mas o Senhor nos carregava no colo, nos carrega no colo.’ Ele não nos abandonou. Ele é um Deus rico em misericórdia, Ele está aí a nos assistir, a nos ajudar.
Mas é claro que São Tiago, na sua Carta, ele tem nos exortado nessa semana a ficarmos atentos. Ele é bem prático nas suas pregações, nas suas colocações. Hoje, ele diz a respeito disso. Então, temos uma meta: o Céu, a santidade, fazer a vontade de Deus. E fazer a vontade de Deus é buscar isso: buscar o Céu.

Momento da Comunhão na Santa Missa do 8º dia da Novena do Pai das Misericórdias

Momento da Comunhão na Santa Missa do 8º dia da Novena do Pai das Misericórdias

Ele está às portas

Ele nos alerta sobre esse cuidado: ‘Irmãos, não vos queixes uns dos outros para que não sejais julgados. Eis que o Juiz está às portas’. Nós sempre rezamos na Profissão de Fé que Nosso Senhor Jesus Cristo há de vir e julgar os vivos e os mortos. Nosso Pai fundador – Monsenhor Jonas Abib – e a Igreja sempre pregou a respeito disso: Nosso Senhor que está para voltar. ‘Ah, mas Ele vai tardar…’. Não! Está voltando! E, esse ressoar dessa Palavra que Jesus está voltando, o Senhor está às portas, deve fazer sim que nós nos incomodemos. ‘Opa, como está a minha vida? Opa, como está a minha caminhada? Eu tenho buscado a santidade, eu tenho buscado ser de Deus? Eu tenho buscado a cada dia ser um pouquinho melhor?’ Porque ‘de grão em grão, a galinha enche o papo’. Então se eu procuro aprender uma coisa hoje, uma coisa amanhã, quando vê o final do ano, eu tive presente trezentos e cinquenta e cinco opções. Olha só, que beleza! Olha só que presente o Pai nos dá! Todo o dia temos a oportunidade de aprender um pouco mais. E hoje, que estas palavras possam ressoar ao nosso coração, aos nossos ouvidos: o Senhor está às portas, o Juiz está às portas. É claro, que porque o Senhor vem (e nós devemos estar aí atentos), mas por favor, não vamos também nos alarmar: ‘Ah, o Senhor está voltando, tenho de…’. Calma! Um passo de cada vez, que às vezes, a gente quer resolver tudo, de uma vez só.

Crescendo na intimidade com o Pai

Eu lembro-me que quando tive o meu encontro pessoal com Nosso Senhor, eu quis logo entrar no seminário. Acredito que os meus irmãos também passaram por isso, tiveram essa experiência, meus irmãos missionários, você que já passou também. Fez a sua experiência: ‘Nossa! Tenho de ser de Deus e é hoje que tenho de ser de Deus’ E está certo, é isso mesmo! Mas calma, um dia de cada vez. E a gente, entra em contato com o Vocacional: ‘Calma, filho’. Um passo de cada vez. Tem os encontros para ver se é isso mesmo, para ver se não é ‘fogo de palha’. Um passo de cada vez. E como é bom fazer um discernimento vocacional, fazer caminho de discernimento. Acredito que os meus irmãos que fizeram esse caminho, você que fez esse caminho para casar com a sua esposa, o seu marido, vocês fizeram esse caminho e puderam constatar: realmente é bom dar tempo ao tempo. E Nosso Senhor faz isso: Ele é pedagógico. Ele vai se revelando aos poucos a nós e, é claro, da nossa parte buscar intimidade com Ele, e tentar verificar e discernir o que o Senhor realmente quer de mim. Há um processo, há uma caminhada, nós temos feito essa caminhada rumo ao Céu. Paciência, calma! O Senhor está voltando mas um passo de cada vez. Melhora um pouquinho hoje, melhora um pouquinho amanha. É claro, a decisão de romper com o pecado, deve ser firme: ‘Isso eu não quero para a minha vida. Senhor, me ajuda!’ E aí, recorro novamente à primeira leitura: ‘Deus é rico em misericórdia’. Nós somos pobres, nós somos necessitados, nós muitas vezes queremos acertar e erramos, falhamos. Mas nós nunca podemos deixar de olhar para o Senhor, de tentar, de buscar sempre mais fazer a vontade d’Ele. Ele está Às portas, Ele está voltando. Que isso não alarme o nosso coração mas que nós possamos viver bem cada dia, cada momento, cada instante. Nós estamos no tempo da tecnologia, das informações, e uma enxurrada de informações e informações. E, às vezes, a gente quer saber tanto, quer saber tanto que acaba deixando aquele momento com a família, deixa de viver aquele momento com a Comunidade, deixa de viver aquele momento com o irmão, a irmã. Os casais que estão aqui que são casados, também os namorados, têm tido tempo para namorar? Para olhar para os olhos? Para escutar, o marido, a esposa? Lá na sua casa, na sua família, você tem tido tempo para olhar para o seu irmão, para a sua irmã, para partilhar a vida, para falar do seu coração, daquilo que você tem vivido? Você está só lá na Internet? É bom olhar para o outro. Porque a vida vai passando… a vida passa. Pode ser que o irmão passe por nós e nem se dê conta: ‘Ele estava comigo e eu nem pude dar uma palavra, dar-lhe os meus ouvidos, a minha palavra’.

Como está a minha caminhada?

Meus irmãos, Deus, esse nosso Deus que é rico em misericórdia, que nos dá mais uma oportunidade de hoje, façamos realmente mais uma revisão de vida hoje. Hoje é sexta-feira, dia de jejum, dia de penitência, dia penitencial na Igreja, é dia de nós revermos: como está a minha caminhada? Diante desse Deus que é rico em misericórdia, que é bom, diante desse Deus que não se cansa de me amar, de me dar oportunidades, será que eu tenho dado oportunidades para Deus para que Ele seja Deus na minha vida? Para que a misericórdia d’Ele tenha vez na minha vida, no meu coração, na minha família. Eu tenho dado espaço para esse Deus misericordioso? Eu tenho dado os passos para o meu irmão que quer falar, quer partilhar alguma coisa? Quer os meus ouvidos emprestados, quer a minha voz, quer também a minha exortação. Meus irmãos, fiquemos atentos! O Senhor está voltando! Ele está às portas! E que quando o Senhor voltar, como canta o Padre Zezinho, Ele me encontre no meu lugar: ‘quando Jesus passar, quando Jesus passar, quando Jesus passar, eu quero estar no meu lugar’. Eu tenho de ser um bom padre! Tenho de ser um bom seminarista, tenho de ser um bom missionário, uma boa irmã, um bom irmão! Eu não posso viver a minha vocação de qualquer jeito. Diante desse Deus que me ama, que é misericordioso, o que eu tenho feito com essa misericórdia. Que eu seja um bom cristão, um bom filho de Deus! Que eu faça esta vida valer a pena! Como diz aí a piada, não valer só ‘a pena’, valer a galinha inteira! Tem de valer a galinha inteira, não só ‘a pena’! ‘A pena’ é pouco, a ‘galinha inteira’ que vale essa vida! Alguém pediu para nascer, aqui? Não! Ninguém pediu para nascer! Nós estamos aqui, minha gente, nesse mundo! E, vamos pensar bem: já que a gente está aqui, vamos procurar viver bem essa vida, vamos fazer bem a nossa parte, vamos dar esses passos! Às vezes, a vida não é melhor por causa de Deus, é por causa de nós mesmos! A gente é a ‘pedra de tropeço’ porque nós atrapalhamos. Vamos fazer esse compromisso com Deus? ‘Senhor, que eu ajude o meu irmão, que eu me ajude daqui para a frente. Ai, eu errei, eu falhei…’? Busque a misericórdia, Deus é rico em misericórdia. Deus é bom, não se esqueça disso! Vamos fazer essa vida valer a pena! Valer a ‘galinha inteira’! Vamos fazer essa vida valer! Senão ela vai passar e você vai dizer assim: ‘Ai, meus dez anos, achei que nunca ia passar…’ Aliás, está lá com dez anos e ‘queria tirar dezoito para tirar a carteira de motorista’. Aí, chega aos dezoito, ‘ai, eu queria ter vinte e cinco para casar’. Aí casa, ‘porque é que eu casei?’
Aí, fica reclamando a vida. Meus irmãos, hoje, como você está – como sacerdote, como casado, como solteiro – faça a vida valer a pena! Permita que o Senhor seja, sim, o Senhor da sua vida. E Ele se derrama em misericórdia o tempo inteiro. Permita que a misericórdia do Senhor, rico, Ele é rico em misericórdia, tome conta, realmente, da sua vida e da minha vida. E, Nosso Senhor, (aqui entramos no Evangelho), nós podemos dizer isso.

Matrimônio e misericórdia

O Senhor fala do matrimônio, da indissolubilidade do matrimônio. O Senhor é muito firme nesse ensinamento. Não tem ‘meias verdades’: ou é casado, ou não é casado, ou é aquele que deixou a sua esposa… é claro, a gente sabe que hoje tem os processos da nulidade matrimonial, mas aqueles que casaram verdadeiramente na Igreja estão casados. É claro que com isso, que Nosso Senhor e também a Igreja não está dizendo para quem está numa situação difícil e delicada. Nosso Senhor não está dizendo: ‘Olha, aqui não tem lugar para mim.’ De jeito nenhum! ‘Ai padre, não posso confessar, e agora? Eu estou castigado?’ Não sei. Nosso Senhor é rico em misericórdia. Você está na misericórdia! Você está na misericórdia! Se você é um bom cristão, um bom filho de Deus, uma boa filha de Deus, quem está casada, permanece casado, aguenta firme aí. E o que é que o Senhor diz respeitando a indissolubilidade do matrimônio? Não para colocar um peso em você esposa, esposo. Não! Livremente! Lá no rito matrimonial como funciona? Não é assim? Consentimento? ‘É de livre e espontânea vontade que o fazeis? Sim, sim!’ É de livre e espontânea vontade que o fazeis. Ninguém obrigou. A Igreja obrigou? Não! Ah, ‘estou meio em crise’ e aí decide; nem vai lá consultar a Igreja, nem vai pedir ajuda… fica difícil, depois. Mas está bom! Permaneça fiel: aqueles que, por alguma situação estão assim, permaneçam em Deus! Deus é rico em misericórdia! Às vezes chegam aos nossos ouvidos: ‘Ah, padre, eu tenho pecado…’ ‘ Eu não sou digno de passar por aquele Porta Santa porque a minha situação…’. Pode passar sim, meu filho! Pode passa sim, bendito, bendita! É para os pecadores! Para todos, para todos! Quando Nosso Senhor fala a respeito da indissolubilidade do matrimônio… porque Ele diz isso? Porque o amor dos noivos, de marido e mulher, do casal, deve se espelhar no amor de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo deu a vida! Deus a vida! Morreu na Cruz pela humanidade! Que é a Sua Esposa, que é a Igreja! Sim! Jesus brincou de dar a vida? Brincou de ‘ah, vou lá dar um passeio, tirar férias, fazer uns milagres’… Não! É sério! Viveu aqui e foi até ao fim! Maridos, mulheres, esposas, assim deve ser! Padres, seminaristas, assim deve ser a nossa caminhada aqui na terra! Buscar viver a fidelidade como Cristo viveu a fidelidade a nós, à Igreja. É por isso que os casais, os padres, é por isso que eu estou falando dessa indissolubilidade. Uma vez batizado, sempre batizado; uma vez crismado, está crismado; uma vez que Nosso Senhor perdoa os meus pecados, está perdoado. Não importa a santidade do padre, se é pecador, se não é. É padre, é Jesus Cristo que está aí perdoando. Uma vez casado, sempre casado! Uma vez padre, sempre casado… oh, desculpa, não Uma vez padre, sempre padre! (Só para ver se vocês estavam acordados). É uma marca indelével. Não sai! Claro, no caso dos casais até que a morte os separe. Ou então, entra naquele caso que já falei, de casos de nulidade de matrimônio. Mas, fora isso, o Sacramento é Sacramento, e pronto! O Sacramento da humanidade: Nosso Senhor Jesus Cristo não brincou de ser Deus, não brincou com a Sua misericórdia. A Sua misericórdia é indissolúvel. É uma Aliança indissolúvel. Nós, infelizmente, nos cansamos de pedir perdão; mas Ele não Se cansa de perdoar. O Papa Francisco tem batido muito nessa tecla: Deus não se cansa de perdoar. Nós é que nos esquecemos. Nós é que muitas vezes caímos na lamentação: ‘Ah, mas o meu pecado, ah, mas eu não tenho jeito, ah, mas eu caí de novo…’. Levanta! Não desista! Não pare! E tenha sempre como modelo, com exemplo, Ele, Nosso Senhor Jesus Cristo. Não desistiu. Lutou. Recebeu cusparadas, foi chicoteado. Sofreu aqui dentro no Coração, foi traído pelos Seus. Mas permaneceu. ‘Eles não merecem, não, mas Eu vou morrer por eles.’ (Esse é o padre falando). Na nossa mente mediocridade, nos nossos pecados, nós podemos pensar isso de Jesus. ‘É um povinho pecador, é um povinho…, mas é por eles, é por amor a eles.’ Nosso Senhor não leva em conta os nossos pecados, Ele é rico em misericórdia. E vamos buscar, onde nós estamos hoje, viver essa fidelidade a Ele, à Aliança que Ele tem por cada um de nós na sua misericórdia. A misericórdia do Pai é uma Aliança indissolúvel, a misericórdia do Pai não passa, não se esgota: Ele é rico em misericórdia. É que nem aquele poço que tira água e tem água ainda, tira água e tem água ainda, tira água e tem água ainda, continua a tirar água. Não nos cansemos irmãos, de pedir perdão, de buscar a misericórdia: ‘Senhor, eu sou pecador, me dá a Sua misericórdia. Senhor, me ajuda a melhorar um pouquinho hoje e amanhã por que eu quero o Céu. Você quer o Céu?”

A homilia foi encerrada com um breve momento de oração de ação de graças e invocação à misericórdia do Pai.

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