Sou um pecador alcançado pela graça do Senhor

5º Domingo do Tempo Comum

Is 6,1-2a.3-8; Sl 137; 1 Cor 15,1-11; Lc 5,1-11

Queridos filhos do Pai das Misericórdias, a liturgia que ilumina nossa semana nos ajuda a verificar os efeitos da graça de Deus na vida de homens que tiveram uma experiência pessoal com Deus. Ao olhar para tal experiência que esses homens de Deus fizeram podemos também nos questionar: O que a experiência com o Senhor causou em cada um de nós?

Isaías, pecador, é purificado

Isaías, teve uma visão: o Senhor estendia seu manto no templo. Lá, havia serafins que exclamavam “Santo, Santo, Santo… a terra está repleta de sua glória”. A imagem continuava… tremor das portas, a fumaça. Deus concedeu a Isaías a graça da visão de uma contemplação do céu. A imagem fazia Isaías se reconhecer pecador e nisso um serafim o purificou com uma brasa nos lábios. Tendo sido purificado, ou seja, tendo feito uma experiência com o Senhor, o Senhor perguntou quem seria enviado e ele respondeu: “Aqui estou, envia-me”. Aquele que se encontra com Deus só pode responder com generosidade e se por à disposição. Embora se sentisse indigno o Senhor o tornou digno, o Senhor o santificou e contou com ele como seu instrumento.

^{Foto: cancaonova.com/Daniel Mafra}

São Paulo pecador, é enviado

Na carta de São Paulo, ele dá testemunho da experiência que fez com o Senhor e aquilo que ele recebeu passou a transmitir. E o que foi que ele recebeu e passou a transmitir? Dizia aos coríntios que “Cristo morreu pelos nossos pecados”(3); morreu e ressuscitou. Após a ressurreição, Jesus apareceu a Pedro, a Tiago e aos demais apóstolos e, por último, a ele, Paulo. Paulo foi escolhido por Jesus, fez sua experiência com Ele, mas Paulo compreendia que tal encontro o colocava a serviço do Reino. Não era mérito, era trabalho. Por isso o apóstolo não hesitou em evangelizar, mesmo com os sofrimentos: a sua meta era anunciar Jesus Cristo, o Salvador. A graça do Senhor o fez instrumento para que muitos chegassem à salvação.

Pedro pecador, é confiante

No Evangelho, o Senhor continua Sua missão: multidões acorriam ao seu encontro ao ponto d’Ele e de Seus discípulos terem que subir numa barca para poder ter espaço para pregar: “Subindo numa das barcas, era a de Simão”(5,3), e dali ensinava multidões. Depois de lhes falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas e lançai as redes”(4). A princípio, Pedro relutou, mas foi a ordem do Mestre e a quantidade de peixes foi enorme por causa de sua obediência. Assim como Isaías, São Pedro se sentiu indigno de tal milagre/graça. Jesus mudava a missão do pescador de peixes para… pescador de homens. Pedro fez a experiência do cansaço, depois da confiança que o fez ousar e lançar as redes. Ele era pescador mas Jesus, que era carpinteiro, o indicou como pescar ou onde pescar. Na verdade, Jesus não indicou apenas como pescar ou onde pescar mas o que iria pescar daquela hora em diante.

E eu?

Assim, nota-se que cada homem de pecador pôde responder à experiência com o Senhor. De pecador a purificado, de pecador a enviado e de pecador a homem confiante. Como pecador que somos, que cada um de nós possa ao encontrar com o Senhor ser purificado, ser enviado e ter confiança n’Ele. E então a pergunta retorna: de que forma respondi e repondo a Deus? Minha vida cristã, meu seguimento a Jesus têm me feito mais santo, mais puro, mais ligado a Ele? A minha experiência com Jesus me faz olhar para o outro com caridade? A minha experiência com Jesus me faz “arregaçar as mangas” e servir o outro? Não basta se reconhecer pecador, ter uma experiência, mas é preciso também que a vida fale. A experiência será considerada válida e divina se realmente as palavras se traduzem em obras.

Padre Marcio Prado
vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias