No último final de semana, ciclistas se reuniram para um “pedal espiritual” idealizado pelo missionário Cleto Coelho.
Os participantes do 2° retiro espiritual do Caminho 33, tem como ponto de partida e chegada o Santuário Pai das Misericórdias. Aqui, todos entram na “Casa do Pai” para pedir sua benção e as graças necessárias para o percurso que foi trilhado na Serra da Bocaina e interiormente nos corações de cada participante, um retiro que une pedal e oração.
O missionário da Comunidade Canção Nova, Cleto Coelho, partilhou a inspiração do Caminho 33, que tem por objetivo evangelizar por meio do ciclismo. A história teve inicio em 2020, durante o período da Pandemia e foi uma resposta em meio aos desafios vividos durante o isolamento social.
Cleto conta que ficou os primeiros dias da pandemia em casa, mas, depois de uma semana acompanhando tudo que acontecia no mundo, percebeu que precisava fazer alguma coisa. Diante das notícias da pandemia era perceptível que os mais vulneráveis seriam afetados, e a primeira iniciativa que ele teve foi arrecadar alimentos, já pensando nessa realidade. Foram quatro meses arrecadando alimentos e assim foi possível ajudar 100 famílias carentes que receberam uma cesta básica durante esse período.
Cleto Coelho: “Eu não consegui ficar em casa, eu fui pra frente de batalha, igual o pessoal do mercado, da área da saúde. Mas, pedi autorização da minha família, eu precisava ir, não dava para ficar em casa. Eu precisava fazer alguma coisa. E paralelo a isso, eu precisava empreitar também na oração. Foi então que veio a bike. Eu tenho artrose, sou um cara limitado de saúde. Mas eu vi a própria ciência tentando descobrir algo pra combater o covid. Os médicos lá estudando que tudo era algo novo. E pensei eu não sou médico, eu não sou cientista, então eu preciso combater por meio da oração.
Eu falei, eu vou fazer o Caminho da Fé. O Caminho da Fé já existe aproximadamente há uns vinte anos e tem como chegada o Santuário de Aparecida, e o percurso é de 320Km. De Aparecida até o Santuário Pai das Misericórdias são mais 40km, num total de 360km. E fiquei pensando, como eu vou fazer isso? Então eu falei para mim mesmo, preciso começar a treinar e comecei aqui na Serra da Bocaina. Não existia retiro, não existia pedal mensal, não existia a equipe que existe hoje, não existia um caminho. Não existia nada.
Eu pedalando ali, e junto a isso a minha família enfrentava a possível morte da minha mãe. Meu filho, o Davi, entrou num quadro depressivo, ficou trinta dias dentro de um quarto. E eu me preparando para o o Caminho da Fé. Então ia treinar na Serra da Bocaina, por quê? Porque o Caminho da Fé é roça, é estrada de terra e tem trechos que se assemelham ao ambiente de lá. Para se ter uma ideia, são 70Km por dia – mil de elevação. Começa a pedalar seis, sete horas da manhã, e só encerra seis da tarde.
Treinando veio ao meu coração assim: por que não fazer daqui um uma terra de peregrinação? Porque na verdade as rotas já existem, a beleza já existe. Eu comecei a olhar aquilo ali como meu parque de diversão natural que Deus criou, e eu comecei a contemplar a natureza, chorando pela minha mãe, chorando pela família, rezando pelo Covid. Porque da mesma maneira que eu entrei em ação para dar alimento aos necessitados, eu ia fazer o Caminho da Fé para enfrentar a pandemia.”
Nesse primeiro momento, junto com o missionário Cleto Coelho entraram mais pessoas. A primeira vez cinco ciclistas junto com ele realizaram o Caminho da Fé. A segunda vez foram 10 participantes, e na terceira ida já eram quinze ciclistas. E para maio de 2024 já existe mais um grupo formado para pedalarem juntos o Caminho da Fé.
Nasce o Caminho 33
O Caminho 33 tem a largada e a chegada no Santuário Pai das Misericórdias, aqui é o ponto de encontro. Ao procurar formas de viabilizar essa inspiração de uma “nova rota”, foi definido que a principio acontecerá dentro da Serra da Bocaina, mas, que não está presa apenas a esse local, pois o Caminho 33 vai além de uma rota de ciclismo, mas é um caminho espiritual por meio do ciclismo. O nome, Caminho 33, surge nessa busca de concretizar essa inspiração de unir a fé por meio da bicicleta. Ao partilhar com padre Wagner Ferreira sobre o projeto, ele trouxe a palavra Caminho, lembrando que a Bíblia é caminho, que descreve um povo em peregrinação. Assim nasce o Caminho 33.
Cleto Coelho: “Mensalmente, sempre no primeiro sábado de cada mês, é realizado um pedal que bate e volta. Só que ainda é um público pequeno. Já pedalei com uma pessoa, com duas, com três, mas eu vejo que vai ser gradativo. Escolhemos uma rota do Caminho 33. São várias rotas que compõe, só aqui na Bocaina a gente tem pelo menos traçadas já umas doze rotas. Vamos também para a Serra da Mantiqueira. A essência aqui é ser um pedal reflexivo e não um pedal competitivo. Mas no ano passado veio no coração de fazer um retiro que toca no coração da pessoa. Então, nós fizemos o primeiro Retiro Espiritual de bike no Caminho 33, na fazenda do Adriano Moraes (missionário da Comunidade Canção Nova). E são trinta e três participantes, até mesmo porque tem pouco lugar para hospedaria na roça. Outro objetivo desse projeto é fortalecer o comércio da zona rural, os restaurantes e pousadas dessas rotas. E você vê que a providência de Deus chega para esses comerciantes por meio desse caminho.”
Espiritualidade e Retiro Espiritual do Caminho 33
O missionário Cleto Coelho explica que, por meio de três B ele procura desenvolver uma espiritualidade no ciclismo: “B de bíblia, B de bike e B de beijo. Por meio da bike fortaleço a saúde física, por meio da Bíblia a saúde espiritual, e por meio do B do beijo eu fortaleço o casamento (para os que são casados e fazem a rota). Então eu propago isso. Pedal reflexivo, não competitivo. A programação desse final de semana agora, foi Kerigmática, refletimos o Pai, o Filho e o Espírito Santo; levamos também Maria, e tudo na zona rural.”
Durante o 2° Retiro Espiritual nesse final de semana, os ciclistas tiveram a missa de encerramento na roça, com o padre da Comunidade Canção Nova, Ademir Pereira. Para conduzir o momento de adoração, a equipe contou com a presença do diácono Ronaldo da capela São Miguel, que fica a 70km de Cachoeira Paulista.
Outro ponto central do encontro, foi o momento dos participantes dentro do Santuário Pai das Misericórdias, no qual os ciclistas puderam fazer a experiência do filho pródigo que volta para casa.
O número 33 relembra a idade de Cristo ao morrer, outro sinal do movimento é uma seta apontando para cima, lembrando a importância de buscar as coisas do alto. Cleto explica: “O caminho trinta e três não é um uma rota. Não é um lugar. Nós somos o Caminho 33 – somos convidado a seguir o Cristo, a levar os ensinamentos do Cristo onde estivermos.”
Para mais informações sobre o Caminho 33 acesse o Instagram @caminho33oficial ou @cletocoelho
Comunicação Santuário Pai das Misericórdias