Padre Ricardo foi ordenado no dia 19 de Junho de 2021 no Santuário Pai das Misericórdias e, em maio de 2023, foi eleito para ser o vice-reitor deste local
Além da comemoração de ordenação, padre Ricardo celebra seu aniversário natalício nesse mês. No último dia 15 de junho, ele completou seus 41 anos de vida. Conheça um pouco mais sobre sua trajetória e história vocacional dentro da Comunidade Canção Nova.
O Sacerdócio, descoberta e chamado!
Padre Ricardo ouviu um chamado claro para ser sacerdote quando ainda tinha 17 anos. Natural da cidade de São José dos Campos (SP), essa escuta se deu durante um encontro, por meio do grupo de oração chamado Cordeiro de Deus. Para ele, a principal pessoa a conduzi-lo para Deus foi sua mãe: “A minha mãe sempre me chamou para o grupo de oração. Me levou sempre para o Cenáculo do Morumbi com o Padre Marcelo Rossi, Padre Alberto Gambarini e Padre Jonas Abib.”
No entanto houve um período que Ricardo não queria saber mais saber de ir para a Igreja. Foi assim que ele pediu para a mãe deixar ele viver sua vida, sem ter que ir para esses encontros. Dos 12 até os 17 anos, sua mãe nunca mais falou nada a respeito de ir para a igreja. Mas, aos 17 anos Ricardo sentiu um forte desejo de ir para o grupo de oração: “Foi ali que eu tive meu batismo no Espírito Santo. E quando eu recebi o dom do repouso no Espírito, uma voz interior me disse: ‘Eu quero você, padre.’ Era dia 27 de setembro do ano de 2000, após receber o batismo no Espírito Santo. Nunca mais fui o mesmo.” Essa foi a única experiência que teve de maneira direta do chamado ao sacerdócio. Do dia desse primeiro chamado, até a concretização da sua vocação se passaram 22 anos. Para ele esse foi o tempo de Deus a fim de alcançar sua maturidade para ser ordenado.
Após essa experiência, Ricardo foi participar de um retiro de conversão. Nessa casa de retiro que ele foi participar, sua mãe esteve presente uma semana antes, participando do mesmo grupo de oração. Durante a exposição de Jesus Eucarístico, sua mãe pediu para os que ali participavam rezassem pela conversão do seu filho Ricardo e que ele fosse batizado no Espírito Santo. E foi o que aconteceu uma semana depois: “Fui batizado lá no Espírito Santo. E depois, na outra semana eu estava nessa casa de retiro e aí começou a minha caminhada”.
Comunidade Canção Nova
Neste período do seu chamado, Ricardo ainda não conhecia profundamente a Comunidade Canção Nova. Tinha apenas ouvido falar dela com um amigo do grupo de oração. Foi esse amigo que o convidou a escrever para Canção Nova: “Ele me deu um endereço da Canção Nova e disse, por que você não escreve a carta para a Canção Nova, já que você quer ser padre?”.
Em janeiro de 2001, ele foi chamado para fazer o “Redão”, primeiro encontro vocacional da Comunidade Canção Nova, na Vila Maria em São José dos Campos (SP). Durante o encontro, padre Edimilson Lopes foi quem o atendeu e o orientou, padre Ricardo relembra: “Padre Edmilson disse para mim, meu filho você tem 17 anos, você nunca namorou. Então é preciso que você faça uma experiência de namoro primeiro. E dentro do grupo de oração Cordeiro de Deus, que eu estava participando, encontrei uma pessoa. A gente namorou seis meses, mas o desejo pelo sacerdócio ainda estava muito grande dentro de mim. Então a gente terminou o namoro e eu comecei a fazer o caminho da Canção Nova de novo. Só que nesse meio tempo apareceu uma outra pessoa, que eu comecei a gostar dela. Namoramos quase um ano e meio. Só que ali eu também precisei terminar o namoro. Porque eu dizia para ela, não tem como eu ser para você de forma inteira com o desejo de querer ser padre. Então eu preciso ir no seminário para ver se é isso que Deus quer para minha vida”. Foi quando Ricardo termina esse segundo namoro e recomeça mais uma vez o caminho para a Comunidade Canção Nova em 2005.
Em 2007 seria o ingresso de Ricardo na Comunidade Canção Nova, porém, um outro chamado veio ao seu encontro. No ano de 2006, padre Edmilson o convidou para fazer uma experiência em outra comunidade de padres na cidade de Caraguatatuba (SP). Após esse período de experiência, Ricardo retornou em 2008 o caminho vocacional para Canção Nova e, finalmente, ingressou na comunidade: “Em 2009 eu entrei para a Canção Nova já com o desejo de ser padre”.
Tempo de Seminário
Ao ingressar no seminário em 2011, na casa de Nazaré dentro da Comunidade Canção Nova, Ricardo relembra as palavras que ouviu do padre Fabrício Andrade, na época reitor dos seminaristas: “A partir do momento que você entrou por essa porta, você nunca mais vai sair aqui do seminário. Porque essa é a sua vocação!”. Ricardo tomou posse dessas palavras e explica: “Não que o que ele falou realmente teria que acontecer. No discernimento eu poderia ver que não era. Mas eu tomei posse! E também por causa daquela voz que me chamou anteriormente”.
Após concluído o período de estudo da filosofia, os seminaristas saem para um ano de pastoral em uma das Frentes de Missão da Comunidade. Ricardo foi enviado na época para a missão de Campos dos Goytacazes (RJ). Nesse tempo pastoral, Ricardo pediu para ficar mais um ano, e conta: “Era um ano só. Eu pedi para ficar dois anos, para me questionar melhor sobre meu chamado. Porque eu precisava saber se era isso que Deus queria para minha vida mesmo.” Terminado esse período e convicto da sua vocação ao sacerdócio, Ricardo Rodolfo volta em 2017 para concluir os estudos de Teologia.
Monsenhor Jonas Abib
Padre Ricardo Rodolfo relembra que sua experiência com padre Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova, se deu de maneira mais intensa no ano de 2001, quando ele adquiriu os primeiros CDs do padre Jonas. Inclusive, ouvia alguns comentários questionando o porquê dele gostar tanto das músicas desse padre, e relembra: “‘Nossa, mas como você gosta dessa voz horrível que ele tem? Não canta bem isso aqui’. A voz dele é muito diferente, mas essa voz cativa, ela traz algo diferente para dentro de mim. Não sei explicar, eu não conhecia pessoalmente o padre. Mas a voz do padre Jonas me encantou muito”.
A primeira vez que Ricardo veio para a Canção Nova e viu padre Jonas Abib foi 2002: “Eu vi o padre Jonas de longe, pregando com aquela unção, com aquele fervor. E aquilo mexeu muito comigo. Quando eu entrei na Canção Nova, peguei o padre na fase já meio doente. Não podíamos ter tanto contato com ele. Foi só em 2010, na casa de Lavrinhas (SP), que eu tive a primeira experiência de estar com ele. Na época, meus pais tinham ido lá, e ele, mesmo enfermo, se esforçou para dar um sorriso. Abraçou meu pai, minha mãe, minha irmã que estava lá. E meu amor pelo padre Jonas cresceu muito mais. Eu pedi para o Rubão (mestre de discipulado) deixar eu ter uma caixinha de som com pen-drive que eu tinha guardado 300 pregações do padre Jonas Abib.” Durante esse período de discipulado, Ricardo mergulhou na escuta dessas pregações do fundador e diz: “Meu amor pelo padre Jonas começou a aumentar mais ainda! As pregações que ele fazia, entravam muito forte dentro do meu coração. E eu queria viver como ele vivia.”
Nesse período, de tanto ouvir as pregações, Ricardo aprendeu a imitar a voz do padre Jonas Abib: “A experiência ficou mais forte ainda. Mas eu não imitava por imitar. Era algo que me fazia próximo dele, mesmo não sendo tão próximo. Mas eu já senti a paternidade dele, a espiritualidade do padre. Aquilo fazia com que eu quisesse ser igual a ele. Não só imitando a voz, mas sua vida”.
Em 2019, a experiência com o fundador, padre Jonas Abib, ficou mais forte. Foi nesse ano que Ricardo foi chamado para fazer parte do grupo de “sentinelas”, irmãos da comunidade que cuidavam do padre Jonas Abib. Sobre esse período ele conta: “No café da manhã, a gente conversava de tudo. Ele perguntava da minha vocação, me dava orientações, falava da vida dele, contava as histórias dele. Eu comecei a ver o padre Jonas, não só a santidade que eu via dele de longe, mas as misérias do padre, os pecados do padre, e aquilo não diminuiu em nada o meu amor por ele. A minha experiência com o padre Jonas se deu numa relação realmente de pai e filho. Não somente de um membro, mas realmente daquela pertença que todos nós, que somos Canção Nova temos. Essa paternidade dele como filho mesmo”.
Referências da sua espiritualidade
Padre Ricardo Rodolfo traz consigo cinco referências na sua espiritualidade e busca de santidade. Para ele São Filipe Néri, Santo Afonso Maria de Ligório, São Francisco de Sales, São Josemaria Escrivá e Dom Bosco são as referências para sua vida espiritual. Sobre esses santos padre Ricardo explica: “Todos eles mostram de forma concreta o que é o ser humano, quem é a pessoa humana. A pessoa com falhas, defeitos, fraquezas, mas que não está isento de progredir na vida espiritual, numa ascese espiritual. Todas esses santos mostram as suas fraquezas, mas mostram também como é que eles conseguiram se elevar diante dessas dificuldades. Então, para mim, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Felipe Néri o santo da alegria. São Francisco de Sales, o santo da mansidão, mas que era um cara colérico, extremamente irritado mas que mostra que ele queria ser de Deus. Queria ser santo no dia a dia”.
Explicando sobre a verdade que devemos encarar nossa história para buscar a santidade, Padre Ricardo se recorda mais uma vez dos ensinamentos de Padre Jonas Abib, e diz: “Nosso fundador sempre nos falou que quando a gente for rezar, precisamos rezar com a nossa verdade. Você não pode chegar lá e querer mostrar uma pessoa que você não é, é preciso mostrar o que somos. Você é pecador, talvez afundado no pecado. Mas todos esses santos, como Dom Bosco, mostraram que é possível ser santo no dia a dia. A Canção Nova traz isso também. O padre Jonas traz isso”.
Sobre São Josemaria Escrivá, da Opus Dei, padre Ricardo fala: “o padre Jonas também tem um grande apreço por ele. É o santo do dia a dia, o trabalho santificado, a santidade nas pequenas coisas, nas pequenas vias. Não precisa de muitas coisas para ser santo nas coisas pequenas.”
Lema sacerdotal: A pessoa é o mais importante
Antes de chegar na escolha final do lema sacerdotal, padre Ricardo Rodolfo conta a experiência que viveu primeiro durante seu período de diaconato: “O meu lema sacerdotal no diaconato era de Filipenses, ‘Tendes os mesmos sentimentos de Cristo’. Quando eu quis ser padre, eu falei para mim mesmo: ‘Eu quero ser como o Cristo, porque o padre é outro Cristo, é persona Christi.’ Então, em tudo eu quero me parecer com Cristo mesmo, com as minhas misérias, pecados e dificuldades. Estando com o padre Jonas lá no hospital, eu partilhei com ele meu lema, e o padre me disse para escolher bem. Porque o lema iria nortear todo meu ministério diaconal e sacerdotal.
Quando eu estava indo para Campos dos Goytacazes (RJ) buscar minha casula de ordenação sacerdotal, o Senhor me disse: ‘Escolhe a pessoa é o mais importante!’ Porque tem correlação com os mesmos sentimentos de Cristo. Então eu peguei o documento (interno da Canção Nova) escrito pelo padre Jonas, que é ‘A pessoa é o mais importante'”.
No período que passou em Campos Goytacazes, quando decidiu ficar mais um ano no seu período pastoral, Ricardo experimentou esse chamado no qual a pessoa está em primeiro lugar. Primeiro, é preciso ser cuidado para depois poder dar aquilo que é o melhor de si, e relata: “Eu precisei naquele tempo ser cuidado. A partir da minha experiência de eu me deixar ser cuidado, agora também eu quero cuidar das pessoas. A pessoa é o mais importante”.
“Por isso, eu escolhi esse tema baseado nos sentimentos de Cristo e naquilo que o Padre Jonas sempre nos ensinou. Quando o padre Jonas estava com uma pessoa, ele estava inteiro. Poderia ter várias pessoas ao nosso lado, mas o padre Jonas, quando ele estava ali se direcionando àquela pessoa, ele não tirava o olho dela para dar toda a atenção. Para que aquela pessoa se sentisse especial. Essa experiência que eu fiz com ele. Eu não quero ser menos do que isso. Padre Jonas disse que os seus filhos precisam ser melhor do que ele, eu quero assumir isso para a minha vida. Quero também trazer isso para a vida das outras pessoas, mesmo com as minhas limitações e fraquezas.
É a questão do testemunho, porque infelizmente dentro da igreja temos como a Palavra de Deus fala, bons pastores e maus pastores. Muitos às vezes dão contra testemunho. Olhando para essa realidade, eu peço a Deus para que eu possa superar e conseguir superar esse desafio de dar um bom testemunho. Porque nós somos como a Palavra de Deus diz , nós temos um tesouro em vasos de barro, somos permeado de fraquezas. O maior desafio é não negar a minha humanidade.”
Desafios de um neosacerdote
Para padre Ricardo Rodolfo o maior desafio de um padre novo é viver a castidade, a obediência e a temperança. Sobre isso, ele partilha: “Eu sou jovem, eu tenho 41 anos. Então, está tudo aqui dentro funcionando normalmente. Só que eu sou um padre agora. E esse padre agora precisa entender a sua missão. A sua missão de ser sal e luz neste mundo, é o maior desafio. Dar testemunho e ser essa luz que ilumina, e que possa trazer muitas pessoas para perto de Deus.
Acredito que o maior desafio de um sacerdote é não conhecer a sua humanidade, as suas fraquezas. Para que você não negue ela, mas possa potencializá-la numa vida de santidade”.
Conselho aos Seminaristas
Ao deixar uma mensagem a todos os seminaristas, padre Ricardo diz: “O padre Jonas diz numa pregação, mas ele me disse pessoalmente também, o seminarista de hoje é o padre de amanhã. Se hoje eu vivo bem a minha formação, não querendo colocar nada a mais daquilo que já me é proposto dentro da formação, eu serei um bom padre. O segredo para chegar ao sacerdócio é viver bem os anos de seminário. Em uma carta do Papa João Paulo, ele diz que quando você for padre, você precisa sentir saudades do seminário. Porque é ali que você foi gestado, ali você foi gerado, você foi formado.
Por isso, digo aos seminaristas, sintam o amor por aquilo que hoje vocês estão vivendo. Respeitem os formadores, os reitores. Não queira fazer a sua vontade. Não é tempo de fazer a nossa vontade, é o tempo de se preparar. Paulo quando foi chamado por Deus, ele ficou um bom tempo se preparando para depois se tornar o grande apóstolo que ele se tornou. O tempo do seminário é um tempo de responsabilidade. Porque vocês vão receber um dom muito grande, e se nós não estivermos preparados nós podemos enterrar este dom ou até mesmo vir a deixar à frente o sacerdócio”.
Sagrado Coração de Jesus e Padre Ricardo Rodolfo
Embora o chamado ao sacerdócio só tenha vindo aos 17 anos de idade, padre Ricardo relembra que durante sua infância sua paróquia foi do Sagrado Coração de Jesus, dos Dehonianos. Depois quando foi estudar Teologia, sua formação acadêmica também aconteceu com os Dehonianos, em Taubaté(SP), e conta: “Toda a minha experiência de referência de padres foram com os padres do Sagrado Coração de Jesus. Muitos desses padres foram referências para mim e me mostraram o valor do Sagrado Coração de Jesus. São padres que realmente dão um bom testemunho do Sagrado Coração de Jesus. A experiência desse carisma faz com que a gente adentre dentro do coração de Jesus, para ali sermos curados. É no Sagrado Coração de Jesus que somos curados, somos libertos, somos refeitos.
Padre Ricardo e o Pai das Misericórdias
Padre Ricardo foi escolhido como vice-reitor do Santuário Pai das Misericórdias, sobre a experiência que vive neste tempo, ele nos conta: “Hoje, ser misericordioso é um atributo que muitos se perderam no sentido da humanidade mesmo. Hoje, nós vivemos um mundo intolerante, um mundo que não tem paciência com o outro, um mundo que não consegue compreender a fraqueza do outro. Se o outro cai, a gente joga pedra. Hoje nós estamos vivendo uma intolerância religiosa. E Jesus nos mostrou com a sua vida, Jesus é aquele que veio mostrar o rosto misericordioso do Pai.
Hoje, estando aqui nesse Santuário, e humanamente falando me acho indigno de poder estar vivendo essa característica de ser um padre misericordioso. Mas eu posso dizer que eu estou lutando para que isso seja concreto na minha vida, porque Jesus foi assim. Então, se Jesus foi assim, então hoje o meu trabalho como vice reitor no Santuário do Pai das Misericórdias não pode ser menos do que isso, ser misericordioso.
Mesmo que eu veja as fraquezas, mesmo que eu veja os defeitos, que eu veja as coisas desorganizadas, eu preciso ter o coração misericordioso, porque é assim que eu vou alcançar o coração das pessoas. É assim que eu vou trazer as pessoas para perto de Deus. É assim que eu vou trazer eles para fazer uma experiência pessoal com Jesus.
Quantas pessoas estão longe de Deus… Não encontraram ainda o perdão, a misericórdia? É na misericórdia de Deus que os nossos pecados são apagados. É ali que somos refeitos. Um homem novo, homens novos para um mundo novo que é o Carisma Canção Nova. Eu assumo com muita gratidão a Deus esse chamado, como eu disse, às vezes não preparado. Mas aqui eu vou pedir ao Senhor que me dê a graça de que Ele me conduza para que eu seja realmente o rosto da misericórdia de Deus. Então a minha missão é levar a misericórdia de Deus a tantas pessoas.”
Assista à entrevista na íntegra
Comunicação Santuário Pai das Misericórdias