REFLEXÕES QUARESMAIS

A função da caridade na vida espiritual do cristão

Quaresma é um tempo de graça! O período de quarenta dias nos prepara para a data mais importante do cristianismo, que é a Páscoa, evento que faz memória da Ressurreição de Cristo. Por esse motivo, somos chamados a vivenciá-lo com maior empenho, buscando especialmente crescer na oração, no jejum e na caridade.

Práticas penitenciais são muito comuns na Quaresma. As pessoas costumam se abster de algum alimento ou deixam de fazer algo prazeroso. Renúncias que devem ser acompanhadas de oração, jejum e caridade. Todas essas atitudes contribuem para nossa ascese espiritual, ou seja, esse exercício que tende a gerar força espiritual.

A caridade e o amor é que dão valor às nossas obras

Vale ressaltar que não menos importante é a função da caridade na vida espiritual do cristão. Perceba que, nas palavras de Bento XVI, o amor ao próximo, radicado no amor de Deus, é um dever para cada um dos fiéis e para a comunidade eclesial inteira em todos os âmbitos (cf. Encíclica Deus Caritas Est n. 20).

Fonte: Cathopic by @dinax

Amor ao próximo que transborda da experiência com Deus. Afinal, é “o amor de Cristo que nos impele” (II Cor 5, 14). Somos convidados a ir ao encontro dos necessitados. “Muitas vezes é precisamente a ausência de Deus a raiz mais profunda do sofrimento. Sabe que o amor, na sua pureza e gratuidade, é o melhor testemunho do Deus em que acreditamos e pelo qual somos impelidos a amar. O cristão sabe quando é tempo de falar de Deus e quando é justo não o fazer, deixando falar somente o amor. Sabe que Deus é amor (cf. 1 Jo 4, 8) e torna-se presente precisamente nos momentos em que nada mais se faz a não ser amar”, afirma a Encíclica Deus Caritas Est.

Ilustrando ainda mais a função da caridade em nossa vivência da fé, ensina São Francisco de Sales que          “A caridade e o amor é que dão valor às nossas obras”.

Conforme a Carta Apostólica Totum Amoris Est do Papa Francisco, por ocasião dos quatrocentos anos da morte de São Francisco de Sales, compreende-se que “caridade e devoção diferem entre si como o fogo da chama; a caridade é um fogo espiritual que, quando arde com uma chama forte, chama-se devoção: a devoção só acrescenta ao fogo da caridade a chama que torna a caridade pronta, ativa e diligente, não só na observância dos Mandamentos de Deus, mas também no exercício dos conselhos e inspirações do Céu’. Assim entendida, a devoção não tem nada de abstrato; antes, é um estilo de vida, um modo de estar no concreto da existência quotidiana. Congrega e interpreta as pequenas coisas do dia a dia: o alimento e o vestuário, o trabalho e o lazer, o amor e a geração, a atenção aos deveres profissionais; em resumo, ilumina a vocação de cada um”.

A Palavra de Deus nos lembra ainda que “Quem não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4,7-8). E insiste no seu ensinamento: Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade” (1 Jo 3,18). “Quem presume que está a elevar-se para Deus, mas não vive a caridade para com o próximo, engana-se a si mesmo e aos outros”, afirma o Papa Francisco recordando o testemunho de Francisco de Sales.

Sigamos unidos ao Cristo que “quando morreu na cruz, entregou o Espírito” (cf. Jo 19, 30), portanto, entregou-se em Amor por nossa salvação. Da mesma maneira, ressuscitou por amor, dando-nos a certeza de que o Amor vence a morte.

Boa Quaresma a você!

 

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