Partilha da Palavra: At 5,34-42; Sl ; Jo 6,1-15
A primeira leitura recorda a prisão dos apóstolos por terem anunciado o nome de Jesus e um fariseu, Gamaliel, que se mostra sensato diante do caso apresentado. O Sinédrio queria condenar, porém, Gamaliel chamou para reflexão.
Este fariseu relembrou que outros “líderes” do povo já haviam surgido, e nem por isso a obra deles continuou, então, Gamaliel propôs soltá-los, pois se o que anunciavam fosse obra de Deus, não teriam como a combater.
Dessa forma, o Sinédrio resolveu açoitá-los e soltá-los, proibindo-os, novamente, de anunciar o nome de Deus. Com isso, os apóstolos saíram alegres por terem sofrido em nome de Jesus. Quanta coragem, quanta ousadia e fortaleza tinham esses homens! Chega a ser para nós um absurdo! Poderíamos pensar: “A vida com Deus é boa, afinal, basta eu ser bom e Ele vai me proteger de tudo!”. Doce ilusão… De nossa parte, o caminho que Cristo fez foi das dores, e Ele nos ensinou que seria assim. E nós, esperamos ter vida fácil?
Na verdade, é um absurdo achar que ser cristão é sinônimo apenas de bênçãos e vida tranquila. Não é assim e nunca será assim; e se assim for, não é cristianismo. Olhemos para o Cristo, para os apóstolos e para os santos: existe algum homem de Deus que teve só alegrias? Existe algum santo para quem podemos pedir: “Santo da vida mansa, rogai por mim”? Graças a Deus não existe. Na verdade, quem oferece vida mansa e prazeres, neste mundo, é o diabo. É maturidade e será maturidade de nossa parte sofrermos sem reclamar, sofrermos e agradecermos ao Senhor. Será que já alcançamos tal maturidade como Cristo e os apóstolos?
:: Você conhece as Obras de Misericórdia?
No Evangelho, vemos Jesus que multiplica os pães, e tal milagre foi um grande aprendizado e chamado à maturidade para os discípulos. O Senhor, primeiro, questionou Filipe: “Onde vamos comprar pão para que estes possam comer?”. Jesus ensinava que deveriam se preocupar com a ovelhas. Depois, André escutou, mas apresentou uma solução irrisória, um menino com cinco pães e dois peixes. Cristo não perdeu a oportunidade e tomou aquele pouco, deu graças e multiplicou aquele “pouco” em Suas mãos. Jesus ensinou que o pouco dado de coração a Ele se transforma e ainda sobra.
Jesus ensinava aos discípulos mais uma vez, chamava-os à maturidade frente aos desafios – nesse caso, o desafio era da fome e do pouco alimento. Que resposta deveriam dar? O Mestre ensinou: compaixão e confiança. Os apóstolos foram homens maduros que responderam bem aos desafios com compaixão e confiança.
Por fim, somos chamados ao discipulado, a sermos missionários de Jesus, a segui-Lo, servi-Lo, amá-Lo nas dores; e ainda precisamos dar respostas de maturidade frente aos desafios que nos aparecem, sem desespero, mas agindo com compaixão e confiança.
Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias