O cristianismo nos aponta para o caminho da liberdade
Nosso querido padre Zezinho, a quem todos conhecemos, deu vida a uma clássica canção cuja letra diz assim: “amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu…”.
Esse pequeno trecho de sua canção se encaixa perfeitamente naquilo que se pode chamar de “o coração do agir cristão”, que, em outras palavras, trata-se da imitação de Jesus. Quer ser um verdadeiro cristão? Imite, pois, a Cristo! Quer ser um bom cristão? Busque fazer o que Cristo fez e nunca se esqueça de que a baliza cristã não é outra senão o amor.
Nesse sentido, a pessoa de Jesus não deve ser percebida apenas como um personagem distante que realizara coisas maravilhosas num tempo que já se foi. Ao contrário, Seu agir e ensinamento sempre estiveram vivos, e Sua pessoa deve ser para todos nós o modelo inigualável de perfeita coerência entre pregação e vida. Ele é, também, modelo de total conformação de Sua vontade com a vontade do Pai. Devemos, então, esforçar-nos, a cada dia e em todas as situações da nossa vida, a “amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu”. Eis o maravilhoso itinerário formativo que o cristianismo nos oferece.
Dessa forma, a eficácia do cristianismo na formação humana se encontra no fato de que o mote principal desse caminho formativo não está pautado na aquisição de conhecimentos, nem mesmo no seguimento às leis, mas num encontro real e verdadeiro entre duas pessoas, quer dizer, o encontro da minha e da sua pessoa com a Pessoa de Cristo: aquele que “dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”, afirma nosso amado Papa Bento XVI.
Esse caminho formativo não se trata de uma imposição da parte das instituições cristãs; é uma questão, acima de tudo, de liberdade. Convém lembrar que a liberdade não pressupõe a possibilidade de escolha entre o bem e o mal, isso recebe outro nome. A liberdade pressupõe uma já efetuada escolha pelo bem. Afinal, ninguém que opta pelo mal pode considerar-se livre, mas sim o oposto. A esse respeito, o Papa Bento XVI afirma que o mal provém “de uma liberdade abusada”. O cristianismo, portanto, nos forma e nos aponta para o caminho da liberdade.
Convém lembrar que a liberdade não pressupõe a possibilidade de escolha entre o bem e o mal, isso recebe outro nome. A liberdade pressupõe uma já efetuada escolha pelo bem.
Contudo, uma vez que já nutrimos o desejo de sempre optarmos pelo bem, ao depararmos – de maneira nua e crua – com todas as situações que formam a realidade que nos cerca, podemos entrar numa crise, de modo que deixemos escapar do nosso espírito um questionamento em forma de murmúrio que remete ao personagem bíblico Paulo: “Ora! Por que não consigo fazer o bem que tanto desejo e acabo por fazer o mal que repudio?”. Não pense que esse lamento da alma seja negativo, ao contrário, é sinal de que existe um reto desejo por fazer o bem.
Embora sejamos capazes de alcançar, pela graça de Deus e por nosso esforço, altos graus de perfeição, estamos todos em in statu viae, ou seja, numa condição de caminhantes em direção à Pátria definitiva. E, nesse caminho, é inegável que existem alguns oásis, porém, eles são pequenos e limitados, todo o percurso restante é (e deve ser) sofrimento; um verdadeiro “vale de lágrimas”. Portanto, sem querer cair em reducionismos, poderíamos até dividir a humanidade em dois grupos: os que passam a vida perseguindo a felicidade completa e, por isso, sofrem, e aqueles que acabam encontrando certa felicidade, justamente porque entenderam que a felicidade completa não é alcançável enquanto estivermos na condição de caminhantes.
Para finalizar, quero novamente tomar emprestado um trecho de outra canção do padre Zezinho e, com ela, apontar para o fundamento, o conteúdo principal e o fim de toda a formação cristã: o amor. Que tipo de amor seria esse? Padre Zezinho responde: aquela qualidade de amor que jamais deixa de amar e que “almeja [sempre] seguir amando”.
Deus abençoe você e até a próxima!
Seminarista Gleidson de Souza Carvalho
Missionário da Comunidade Canção Nova