“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade”. Eclesiastes 1, 2
Há pelo menos quatro palavras hebraicas usadas no Antigo Testamento que podem ser traduzidas como “vaidade”. A principal delas é hebel. Essa palavra significa “sopro”, “suspiro” ou “neblina” e transmite o sentido da fragilidade da vida humana e a futilidade de seus desejos do ponto de vista terreno.
Você certamente conhece o versículo acima, retirado de um techo do livro do Eclesiastes no qual o autor sagrado escreve a respeito da trivialidade da existência humana que não possui, segundo ele, novidade nenhuma, mas apenas gira em torno de acontecimentos que se repetem ao longo dos séculos e séculos. A vida humana é vaidade, hebel, um sopro, fumaça.
“Uma geração passa, outra lhe sucede, enquanto a terra permanece sempre a mesma. O sol se levanta, o sol se deita, apressando-se para voltar a seu lugar, donde novamente torna a levantar-se. Dirigindo-se para o sul e voltando para o norte, ora para cá, ora para lá, vai soprando o vento, para retomar novamente o seu curso” (Eclesiastes 1, 4 – 6).
Não precisamos ir longe para constatar que o autor descreve aquilo que é a experiência da vida humana, pois em algum momento de nossa vida todos nós percebemos que o tempo se esvai, que os acontecimentos aparentemente se repetem e nos perguntamos: qual é o sentido de existir?
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Vivemos hora após hora, dia após dia, vemos o tempo se esvair de nossas mãos. Passam-se semanas, meses, e o nosso trabalho continua a ser o mesmo todos os dias. Anos se vão, ficamos mais velhos, os filhos crescem, os netos chegam. Os sentimentos, os pensamentos, o tempo, as obrigações, giram um pouco, mudam por um tempo, mas no final acabam sendo as mesmas que sempre tivemos, e que também serão daqueles que virão depois de nós.
Muitos, ao constatarem tal realidade nas próprias vidas, correm o grande risco de entrar em desespero, como suportar uma vida que seja desprovida de sentido, uma existência que não passe de fumaça, dias repetitivos e cansativos que se prolongam mais e mais?
O Catecismo da Igreja Católica nos diz no parágrafo 27: “O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso”.
A vida humana sem Deus seria uma terrível piada de mal gosto. Nasceríamos apenas para passar um breve período de tempo sobre a terra fazendo atividades que na maioria das vezes não nos são prazerosas para por fim voltarmos ao pó de onde fomos tirados.
Consola sempre o coração relembrar a frase de Santa Teresa de Ávila: “A vida é apenas uma noite que se passa em péssima hospedaria” (Santa Teresa de Ávila). Experimentamos isso em nossa própria vida, mas temos o olhar voltado para os céus! Lutamos sobre esta terra e nos alegramos em meio às dores porque temos a certeza de que nenhum sofrimento presente pode se comparar à alegria da Vida Eterna ao lado de Deus.
Nós, que cremos em Deus, sabemos que não fomos criados apenas para viver um momento sobre essa terra repleta de sofrimentos, não! Fomos criados para encontrar, amar, e servir a Deus e por fim merecer a Vida Eterna. Esse é o sentido de nossa vida, é isso que nos faz seguir em frente mesmo no meio de tantas dores, é o que nos motiva a não parar diante do cansaço, é o motor que impulsiona o nosso coração e não nos deixa desistir.
Somente a vida com Deus é capaz de dar sentido à nossa vida, e a única forma de viver bem o tempo que temos aqui na terra é carregar dentro do peito o Amor por Cristo, que Ressuscitou dos Mortos, e pela sua morte, dá vida ao coração daquele que Dele se aproxima. Nosso coração não descansar a não ser em Deus, a não ser no seu Amor por nós e na promessa de que vivendo santamente, alcançaremos a Vida plena na Eternidade!
Kaique Santos
Seminarista da Comunidade Canção Nova
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