Pecar é afastar-se, distanciar-se, perder-se do Senhor
Existe um abismo gigantesco entre o pecado e o pecador. Por um lado, temos aquilo que é mais abominável aos olhos de Deus. Por outro, temos o que é mais precioso, querido, amado, sonhado e criado com o mais perfeito esmero por Ele.
:: Caminho de volta ao amor do Pai
:: Eu posso ser misericórdia para o outro
É estranho pensarmos como o bem mais precioso ao Pai pode cometer o que é mais ofensivo ao Seu coração. A verdade é que em todo seu cuidado com a criação, em fazê-la imagem e semelhança de quem é, Ele a concedeu a liberdade de ser aquilo que quisesse ser, ainda que tal escolha O ferisse profundamente.
O pecado é, em si, uma desordem humana. A ordem seria a procura incessante de Deus, a aproximação constante, o diálogo profundo e perseverante sem qualquer esforço, puramente pelo desejo de estar perto e intimamente ligado ao Pai. Por isso, pecar é afastar-se, distanciar-se, perder-se do Senhor; é dar indiferença, ódio e dor Àquele que é só amor.
Isso coloca o homem na condição de pecador. A humanidade já nasce desordenada, consequência do pecado original cometido por Adão e Eva. Mas em si o pecador não ofende a Deus. Muito pelo contrário, o reconhecimento das próprias condições e o derramamento das próprias misérias na misericórdia divina concede ao ser humano a dignidade de estar na presença do Senhor e a Ele pertencer.
Imagem e semelhança
Cristo, em Sua vida, procurou deixar isso escancarado para que todos os homens pudessem saber que não importava o que tinham feito, mas sim quem eram. Convido você a fazer a leitura meditada de João 8. Ali, pode-se encontrar um perfeito exemplo: a mulher – pecadora; o adultério – pecado. Jesus diz: “Mulher, eu não te condeno, vá e não peques mais”. Está claro! Ele reconhece, vê e ama o ser humano por detrás do pecado. Veja: Ele não condena a mulher, e é categórico ao dizê-lo e não deixar que alguém o faça. Entretanto, Ele dá a ordem de cessar com o pecado, porque ele sim é condenável.
É necessário às pessoas esse entendimento. O fato de ser pecador não é abominável aos olhos de Deus. Enquanto pecamos, nossos erros são horríveis a Ele, mas não quem nós somos. Aquilo que somos é consolo para o Senhor. Somos, ainda que em desordem, imagem e semelhança do que Ele sonhou.
Hoje, o próprio Cristo quer alcançar a sua história no ponto em que ela se encontra e dizer-lhe: “Eu não o condeno. Vá e não peques mais.” Saiba ser pecador, derrame-se nos braços misericordiosos de Deus e deixe o pecado. Entenda: aceitar a realidade é diferente de conformar-se com ela. Conforme-se com o querer divino somente. Portanto, lute! É feliz quem decide deixar tal paradoxo: ser o bem mais precioso, cometer o mal mais detestável.
Seja valoroso a Deus naquilo que se é e naquilo que se faz.
Catarina Xavier
Missionária da Comunidade Canção Nova