Caro leitor, a Palavra de Deus nos mostra que o nosso Pai, aquele que está nos céus, é um Deus de perdão e de misericórdia. Desde o Antigo Testamento, já se tinha claramente essa visão. Não teria sido Moisés, afinal, aquele que confessou que o Senhor é um Deus de perdão? (cf. Ex 34,9). E, de fato, ele tinha razão. Mesmo depois de tamanha infidelidade cometida pelo povo de Israel, Deus o perdoou e não deixou de salvar seus escolhidos.
Assim é Deus nosso Pai, lento para a cólera, mas cheio de amor, de compaixão e de misericórdia para com todos aqueles que se reconhecem pecadores e têm a coragem de buscar o seu perdão. O perdão de Deus já nos foi conquistado, adquirido. Ele já se encontra disponível para nós, basta que o acolhamos.
Todos os dias o sol nasce, apresenta-se ao mundo e ninguém é capaz de retardar o seu nascimento. Contudo, podem existir pessoas que optaram por viver dentro de cavernas. Estes, fatalmente, não verão a luz deste magnífico astro luminoso. Dessa forma, mesmo que o sol nasça todos os dias, somente os que forem capazes de evadirem-se das trevas poderão ser aquecidos pelos seus raios. Assim como o sol é o perdão de Deus que se renova a cada amanhecer para se fazer presente na vida de todos aqueles que o acolhem livremente.
Deus Pai sempre quer nos perdoar, e não existe pecado, por pior que possa parecer, que não seja por Ele perdoado. O pior pecado, a maior falta, qualquer transgressão é um nada diante da misericórdia absoluta de Deus. Ele já fez a Sua parte e espera que façamos a nossa. Se o pecado nos insere numa espiral de angústia, o perdão nos faz experimentar a paz que brota do interior.
A propósito, a fórmula completa da absolvição sacramental, antes daquelas palavras essenciais que tornam válido o sacramento da penitência, o padre recita: “Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz”. Preste atenção: ao penitente está sendo concedida, além do perdão, a paz.
Esta paz não pode ser adquirida com dinheiro, riqueza, bens ou pela via do poder humano. Esta paz não tem preço e jamais pode ser precificada.
Uma das edições da obra mais conhecida de Cervantes, “Dom Quixote”, traz uma alegoria que cabe muito bem neste momento. Certa manhã, um mercador acorda com um lindo canto de um rouxinol que estava numa árvore plantada diante de sua janela. O mercador logo pulou da cama, abriu a janela e perguntou ao pássaro: “Qual é o teu preço? Quanto se te deve pelo canto?”. Sem ao menos responder ao mercador, o rouxinol fugiu para nunca mais voltar. E fez bem feito o pássaro, afinal, onde grunhem os porcos, não pode cantar o rouxinol.
Trocando em miúdos, o perdão de Deus não tem preço porque vale o infinito. E por valer o infinito, não existe dinheiro no mundo que o possa comprar. E mesmo que existisse um valor absurdamente grande que o pudesse comprar, não teria a menor necessidade, porque ele já fora adquirido pelo sangue de Cristo na cruz. É justamente este perdão que está à sua disposição gratuitamente. Deus Pai tem para você, no dia de hoje, o perdão e a paz. Busque-os!
Deus abençoe você e até a próxima!
Gleidson Carvalho | @cngleidson
Seminarista Comunidade Canção Nova
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