A morte é um tema que envolve mistérios e a vivência do processo de luto é dolorosa. Ela quebra vínculos, deixando vazio, solidão e sentimento de perda. Passei a refletir mais sobre esse assunto diante do falecimento de um familiar e de conversas com o amigo, Padre Licio Vale, especialista em luto e suicídio. E aí surgiu a inspiração de escrevermos juntos o livro “Superando a dor da perda de quem você ama: uma ajuda no processo de transformação da dor em uma doce lembrança”, publicado pela Editora Canção Nova.
São cinco as fases do processo de luto: negação, raiva, negociação/barganha, depressão e aceitação. De acordo com Padre Lício, “o luto é um conjunto de reações que sentimos diante de uma perda muito significativa.
Embora desafiador, é possível encontrar auxílio na fé, na esperança e no amor para a elaboração, significação e superação do luto. “Certas realidades da vida só se veem com os olhos limpos pelas lágrimas”, afirmou o Papa Francisco em um encontro nas Filipinas, em 2015. Em outro momento, numa Vigília de Oração, em 2016, acrescentou: “Se Deus chorou, também eu posso chorar, ciente de que sou compreendido”.
A fé e o amor têm sido a grande força para reerguer quem enfrenta o vazio da perda de um ente querido. Muitos testemunham como a morte não tem a última palavra. O segredo para encarar a escuridão da morte é um intenso trabalho de amor. Na oração, nos unimos ao Senhor da Vida. Em sua ressurreição, Jesus Cristo venceu a morte de uma vez por todas.
Agostinho de Hipona apresenta reflexões muito apreciadas sobre a morte. Ele é um dos pensadores mais estimados no mundo. Suas obras escritas entre o IV e V século influenciaram fortemente o desenvolvimento da filosofia ocidental. Longe de serem algo sombrio, triste, desesperador (como poderia se esperar de algum pensador dos tempos antigos), seus pensamentos transmitem um sentimento de serenidade e esperança.
Agostinho não propõe a morte como fim da vida, mas a considera uma passagem ou uma transformação do estado da vida a um estado diferente, mas natural, que mantém sua continuidade com a existência terrena. Fala da pessoa falecida como alguém que alcançou uma espécie de condição superior: “aqueles que nos deixaram (…) têm os olhos repletos de glória fixos nos nossos repletos de lágrimas”. Uma presença constante que só se tornou invisível aos nossos olhos, mas que na realidade está muito perto de nós: “não estão distantes: estão do outro lado, virando a esquina”.
Com essas breves palavras espero trazer um pouco de conforto ao seu coração, a você que perdeu alguém que amava, especial. Expresso também minha solidariedade às pessoas que tiveram familiares e amigos vítimas desta pandemia. Com muito carinho e saudação de paz ao seu coração.
A quem hoje vive a dor da perda, gostaria de fazer um convite: no dia 2 de novembro, às 20h, farei uma Live (Como viver o luto à luz da fé) juntamente com Padre Licio Vale pelo Instagram do Santuário: @santuariodopaidasmisericordias.
*Rodrigo Luiz dos Santos é missionário da Comunidade Canção Nova, jornalista e responsável pela Frente de missão em São Paulo (SP). Coautor do livro “Superando a dor da perda de quem você ama: uma ajuda no processo de transformação da dor e uma doce lembrança”, lançado pela editora Canção Nova, disponível para compra em: https://loja.cancaonova.com/livro-superando-a-dor-da-perda-de-quem-voce-ama