FORMAÇÃO

Devoção a Nossa Senhora: os Dogmas Marianos

“Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé que o
iluminam e o tornam seguro” (CIC 89).

Os dogmas são verdadeiros tesouros que, por vezes, podem estar escondidos aos nossos olhos. Para desvelar esses tesouros, precisamos, antes de qualquer coisa, compreender o que significa a palavra dogma, para depois entender como ela se aplica concretamente em nossa vida. A palavra dogma deriva da palavra grega “dogma” (δόγμα) que significa literalmente: “aquilo que se pensa que é verdade”.

O Catecismo da Igreja Católica, ao falar sobre a formulação de um dogma, diz: “O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma conexão necessária” (CIC 88). Em nossa vida, os dogmas são grandes faróis que nos apontam para onde ir. Entretanto, falar de dogmas no mundo atual não é tarefa fácil, pois, hoje, essa palavra é tida como sinônimo de tirania. Como falar então deste assunto sem ser mal interpretado? Para desbravar essa aventura, é necessário enxergar a beleza escondida atrás dos dogmas estabelecidos e entender a força libertadora que eles possuem.

Nós estamos obrigados a crer nos dogmas. Não para sermos alienados, mas uma vez que o conhecimento da verdade nos libertará (Jo 8,32), os dogmas nos garantem caminhar seguros rumo ao Céu. Como diz o Catecismo da Igreja Católica: “Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé que o iluminam e o tornam seguro. Na verdade, se nossa vida for reta, nossa inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da fé” (CIC 89). Deste modo, fica claro que os dogmas não são meramente instrumentos ditatoriais, mas são, na verdade, uma grande caridade dada pela Igreja. Através deles os fiéis, assegurados pela assistência do Espírito Santo à Igreja, são guiados pelo Magistério e não podem se enganar.

A Igreja Católica proclama a existência de 43 dogmas, divididos em oito categorias: Dogmas sobre Deus, Jesus Cristo, a criação do mundo, o ser humano, o Papa e a Igreja, os sacramentos, sobre as últimas coisas e os dogmas marianos. Vejamos então os dogmas marianos que revelam a verdade sobre Nossa Senhora, iluminam a nossa razão e desvelam o tesouro da nossa fé. Podemos começar com o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, no número 18, proclamou solenemente: “A Santíssima Virgem Maria foi preservada imune de toda mancha de culpa original no primeiro instante de sua Concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, na atenção aos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano”. Outro dogma mariano é a Perpétua Virgindade de Maria. Em 553 d.C, no segundo concílio de Constantinopla, Maria recebeu, de modo oficial, o título de “sempre Virgem”. O Papa Martinho I, um século depois, esclareceu que a Igreja diz com isso que Maria foi virgem antes, durante e depois do nascimento de Jesus (ante partum, in partu, et post partum). A Igreja aponta ainda Maria como a Mãe de Deus (Theotókos). O concílio de Éfeso, em 431 d.C, declarou que Maria é a Mãe de Deus precisamente porque Jesus Cristo, seu Filho, é Deus. Ela deu a luz à uma Pessoa Divina e não a uma ou duas naturezas.

No Catecismo, vemos claro que Maria é Mãe da segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Por fim, o quarto dogma declara a Assunção de Maria. Este dogma foi declarado solenemente no dia 1 de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII, na Constituição Apostólica Manificentissimus Deus. Nela, o Papa declara no número 44: “A imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. O verdadeiro tesouro escondido sob os dogmas marianos diz respeito à importância da Virgem Maria para a nossa vida espiritual, como diz São Luís Maria Grignion de Montfort, no número 16 de seu clássico Tratado da Verdadeira Devoção: “Deus Pai não deu ao mundo o seu Unigênito senão por Maria. Por mais ardentes que fossem os suspiros dos Patriarcas e as súplicas que durante quatro mil anos lhe fizeram os Profetas e os Santos da Antiga Lei para obterem esse tesouro, só Maria o mereceu. Só Ela encontrou graça diante de Deus pela força das suas orações e pela grandeza das suas virtudes. Diz Santo Agostinho que, não sendo o mundo digno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, este O deu a Maria, para que os homens O recebessem por Ela. O Filho de Deus fez-Se homem para nos salvar, mas foi em Maria e por Maria. Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de lhe ter pedido o consentimento por um dos primeiros ministros da sua corte”.

Assim, é no ventre de Maria que é gerado o homem novo e a mulher nova. Portanto, A Virgem Maria é a criatura de Deus mais perfeita, e em seu manto materno nós devemos nos refugiar. Com Nossa Senhora, nós podemos viver o que nos ensina o padre Jonas: “Podemos ser totalmente transparentes, ter um relacionamento pessoal e direto, desabafar, confiar, ter a liberdade de ser transparente, sem medo de perder o afeto. Com nossa mãe terrena, muitas vezes, não podemos dizer e fazer certas coisas, porque há o risco de perder o afeto. Mas com Nossa Senhora você pode ser você mesmo, sem medo de perder o seu amor”.

Com Nossa Senhora, podemos ser o que somos: filhos.

Deixe seu comentários

Comentário