O Dom do Conselho nos ajuda a fazer escolhas concretas,

segundo a vontade de Deus

O Espírito Santo deseja dar a cada um de nós seus dons, porém há uma condição: a oração. “A oração é tão importante. Rezar com as orações que todos conhecemos quando crianças, mas também rezar com as nossas palavras. Ore ao Senhor: ‘Senhor, ajude-me, aconselhe-me, o que devo fazer agora?’. E com a oração abrimos espaço para que o Espírito venha e nos ajude naquele momento, nos aconselhe sobre o que todos nós temos que fazer. Oração! Nunca se esqueça da oração. Nunca! ninguém, ninguém, ele percebe isso quando rezamos no ônibus, na rua: rezamos em silêncio com o coração. Aproveitemos estes momentos para rezar, rezar para que o Espírito nos dê o dom do conselho”.

Entre os Dons do Espírito Santo são sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento, piedade e temor de Deus. São invocados na antiga oração chamada “Sequência ao Espírito Santo”. Neste texto, vamos aprofundar no Dom do Conselho. De acordo com o Pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, “grande parte do que os autores espirituais escreveram sobre o ‘dom do conselho’ também se aplica ao carisma do discernimento. Mediante o dom, ou carisma, do conselho, o Espírito Santo ajuda a avaliar as situações e a orientar as escolhas, não só com base em critérios de sabedoria e prudência humana, mas também à luz dos princípios sobrenaturais da fé”.

Foto: Cathopic by @chuy_misese

Quando pensamos no Dom do Conselho, devemos estar atentos a uma tentação: a de querer dar conselhos ao Espírito Santo, em vez de aceitá-los, alerta Cantalamessa: “‘Quem dirigiu o Espírito do Senhor e como seu conselheiro lhe deu inspiração?’ (Is 40,13). O Espírito Santo dirige a todos e não é dirigido por ninguém; conduz, não é conduzido. Existe uma maneira sutil de orientar o Espírito Santo sobre o que Ele deve fazer conosco e como Ele deve nos guiar. Às vezes, nós mesmos tomamos decisões e as atribuímos casualmente ao Espírito Santo. São Tomás de Aquino fala desta orientação interior do Espírito como uma espécie de ‘instinto próprio do justo’: ‘Como na vida corporal, escreve, o corpo só é movido pela alma que lhe dá vida, assim também na vida espiritual vida, todos os nossos movimentos devem vir do Espírito Santo’. É assim que funciona a ‘lei do Espírito’; é a isso que o Apóstolo chama ‘deixar-se guiar pelo Espírito’ (Gal 5, 18)”.

Por fim, busquemos ser dóceis à voz do Senhor. “Devemos abandonar-nos ao Espírito Santo como as cordas de uma harpa aos dedos de quem as toca. Como bom ator, fique atento à voz do diretor oculto, para desempenhar fielmente sua parte na cena da vida. É mais fácil do que você pensa, porque nosso diretor fala conosco, tudo nos ensina, tudo nos instrui. Às vezes, basta um simples olhar interior, um movimento do coração, uma oração. De um santo bispo do século II, Melitone de Sardes, lemos este belo elogio que gostaria que fosse feito a cada um de nós após a morte: ‘Em sua vida, ele fez tudo no Espírito Santo’”.

Papa Francisco, Catequeses sobre os Dons do Espírito Santo. Disponível em https://comboni2000.org/2022/06/03/i-doni-dello-spirito-santo/

Cantalamessa, Cardeal Raniero, OFM. Disponível em https://www.cantalamessa.org/?p=3169 (09/12/16).