Estamos no mês de outubro, o mês missionário. De maneira especial, somos chamados a recordar o ser missionário que existe em cada um de nós. E, sim! Você, batizado, é um missionário. O Catecismo da Igreja Católica, a partir do parágrafo 898, trata da missão dos leigos e recorda a cada um de nós que somos Igreja e, “em virtude do Batismo e da Confirmação, são encarregados por Deus do apostolado” (CIC 900). A Igreja reconhece o papel primordial de cada um no exercício da missão da Igreja. Fomos enviados a cumprir o mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo:
“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” (Mc 16, 15)
O envio missionário a cada um de nós se perpetua ainda nos dias de hoje, pois a cada Santa Missa que participamos somos mais uma vez enviados. Ao término de cada celebração eucarística, há um envio (“Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”). Isso diz da própria origem da palavra: Missa – missio (missão); mittere (enviar, despedir). É aqui que está o nosso ponto de interesse para este artigo.
O assunto é de extrema importância. No ano de 2004, o Papa São João Paulo II convocou toda a Igreja para o ano da Eucaristia (outubro de 2004 – outubro de 2005). Aconteceu, durante esse período, uma assembleia geral do Sínodo dos Bispos, agora sob o pontificado de Bento XVI. Somado ao que já havia sido proposto para aquele ano, Bento XVI traz como tema para o Sínodo: “A Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”.
Os documentos anteriores, durante e posteriores ao Sínodo demonstraram a relação íntima da missão com o mistério eucarístico, partindo das próprias Escrituras, como, por exemplo: os discípulos de Emaús, que, logo após reconheceram o Senhor ao partir do Pão, saem para anunciar a experiência do Ressuscitado. São Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios, descreve que “Sempre que comerdes este pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha” (1 Cor 11, 26). Os exemplos apresentados querem semear em nosso coração que a experiência pessoal que fazemos com Jesus, por meio da Eucaristia, nos dá forças para nos tornarmos testemunhas d’Ele, de quem Ele é, do seu amor por nós e, tal como os discípulos de Emaús, somos impulsionados a sairmos anunciando que Ele é o Ressuscitado.
Ao mesmo tempo, precisamos recordar que a Eucaristia pode ser chamada também de Comunhão. E o que isso significa? A palavra comunhão vem de communio, e ela quer dizer: comunidade, participação mútua. O sacramento da Eucaristia nos coloca nessa atitude de comunhão com Deus e com o próximo. Essa comunhão nos aponta o caminho da solidariedade, do amor fraterno, da vivência, da caridade para com o próximo.
Leia mais:
:: O sentido da água benta
:: Dentro de casa, estou sendo misericórdia?
Há uma enorme responsabilidade ao participarmos do Banquete do Senhor: recebemos o Corpo de Nosso Senhor, nos tornamos um com Ele, a Sua presença real vem nos visitar, vem ao nosso encontro, vem fazer morada em nós, vem nos dar forças, vem nos indicar o caminho. São todos esses fatores que, somados ao envio missionário que portamos desde o Batismo, faz brotar em nosso coração o desejo mais profundo de tornar Jesus Cristo conhecido e amado. Pela Eucaristia, pela presença permanente de Nosso Senhor em nosso meio, somos chamados a evangelizar, a cumprir seu mandato missionário.
Por último, quero deter-me naquilo que disseram os padres sinodais, acerca da saudação de despedida no final da celebração eucarística. “Depois da bênção, o diácono ou o sacerdote despede o povo com as palavras ‘Ide em paz e o Senhor vos acompanhe’, tradução aproximada da fórmula latina: Ite, missa est. Nesta saudação, podemos identificar a relação entre a Missa celebrada e a missão cristã no mundo. Na antiguidade, o termo ‘missa’ significava simplesmente ‘despedida’; mas, no uso cristão, o mesmo foi ganhando um sentido cada vez mais profundo, tendo o termo ‘despedir’ evoluído para ‘expedir em missão’. Deste modo, a referida saudação exprime sinteticamente a natureza missionária da Igreja; seria bom ajudar o povo de Deus a aprofundar esta dimensão constitutiva da vida eclesial, tirando inspiração da liturgia. Nesta perspectiva, pode ser útil dispor de textos, devidamente aprovados, para a oração sobre o povo e a bênção final que explicitem tal ligação.” (Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis de Bento XVI)
Somos Igreja! Trazemos como missão, a missão da Igreja! Somos chamados a cumprir nossa missão de batizados e, para isso, somos fortalecidos na Eucaristia. Que a cada Santa Missa se renove em nosso coração o sentido da missão que trazemos para assumirmos o que Deus nos confia. Deus abençoe!