E se eu for à missa só por obrigação?

Com base nesta pergunta, quero chamar a atenção do leitor para as razões que levou a pessoa a perguntar. Primeiro, estamos tratando de um cristão católico, que recebeu o santo Batismo, fez a primeira eucaristia, Crisma e, talvez, até casou-se na Igreja. Sabemos que é através do Batismo que nos inserimos na vida da Igreja, onde pais e padrinhos assumem um compromisso de educar a criança na fé da Igreja onde está sendo batizada. Faz a renúncia a satanás e faz a profissão de fé, crendo em Deus e no ensinamento dos apóstolos e da Igreja.

:: A vida é uma missão

O primeiro mandamento da lei de Deus é: “Amar a Deus acima de todas as coisas”. Esse mandamento nos coloca num viver voltado para Deus e de acordo com Ele, tendo-O como o mais importante, o primeiro a ser amado. E esse amor envolve todo nosso ser: alma e corpo. Dentro desse amor a Deus sobre todas as coisas, o terceiro mandamento é: guardar os domingos e dias santos. Esse mandamento me convida a celebrar o culto de adoração a Deus em todos os domingos e dias santificados.

Quando uma parte do indivíduo não quer ir à missa é justamente nesse momento que se vislumbra a oportunidade de mostrar a Deus o quanto o ama, pois uma oração que é feita na luta é uma oração que tem mais valor porque é feita sem a consolação. | Foto ilustrativa: cancaonvoa.com

Tendo consciência desses mandamentos, os quais nos convidam à comunhão e diálogo com Deus, nos deparamos com a nossa vontade, que é uma disposição do corpo. E, para entender isso, buscamos um artigo do Padre Paulo Ricardo, acerca deste assunto: “É preciso antes entender como é o funcionamento da alma humana e como se pode prestar culto a Deus. O homem é constituído de corpo e de alma, e é a alma que deve comandar o corpo, mesmo que os ‘sentimentos’ do corpo não estejam colaborando. É como um pai que leva o seu filho à missa: a alma é o pai e o corpo é o filho. Ora, o filho esperneia e diz que não quer ir, mas o pai é firme e exerce um ato de vontade sobre o filho.

A alma humana possui três áreas: a inteligência, a vontade e a afetividade (sentimentos). Elas devem obedecer a essa hierarquia, deste modo, quando a pessoa sente dificuldade em ir à missa é porque a afetividade está querendo sobrepor-se às demais, porém, a sua inteligência sabe o que é o certo e determina à vontade, ordena à afetividade que vá mesmo assim.

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Não se trata de hipocrisia. Quando uma parte do indivíduo não quer ir à missa, é justamente nesse momento que se vislumbra a oportunidade de mostrar a Deus o quanto o ama, pois uma oração que é feita na luta é uma oração que tem mais valor porque é feita sem a consolação.

Nenhuma das três áreas da alma deve ser excluída da vida espiritual, mas elas devem obedecer à hierarquia. A inteligência é a área usada para o ato principal da vida espiritual: a oração. A vontade também pertence à vida espiritual e quando é ela quem comanda, a isso se dá o nome de devoção. Finalmente, quando a afetividade (sentimentos) entra na vida espiritual ocorre a consolação.

Contudo, mesmo que o indivíduo não receba consolações na vida espiritual, ou seja, quando ele está passando por um período de aridez, de deserto, não deve desanimar, pois esta é a área que está mais em contato com o corpo e, portanto, não é tão sublime. Neste momento, a vontade deve vir em socorro da afetividade e o indivíduo deve perpetrar atos de devoção em que, mesmo não sentindo grande consolação, os gestos concretos de vontade por ele realizados, ajudarão o intelecto, a razão, a parte superior de sua alma a prestar o culto a Deus. Aquele culto referido por São Paulo como logiké latréia, ou seja, uma adoração lógica, do Logos, um culto espiritual em que o indivíduo dobra sua inteligência diante da sabedoria infinita de Deus para pedir a Ele tudo aquilo que convém para a salvação da própria alma e das outras pessoas”. 

Espero que este artigo lhe traga uma clara compreensão sobre a primazia da alma sobre nosso corpo e, assim, ordenar nossas ações, de forma que o culto e a adoração a Deus sejam sinceros e ricos em graças e bênçãos.

Com minha bênção!

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