APREÇO

O amor do Pai

Contemplando Jesus Cristo, o discípulo aprende que Deus é o Pai que ama. “Deus é amor”, afirma a primeira carta de João. Essa definição bíblica não tem a intenção de demonstrar a natureza divina de Deus, porque não é uma afirmação filosófica, mas simplesmente descrevê-Lo. 

Define-se Deus contando-o, mostrando-o em sua relação com o mundo, pois “Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus por nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que vivamos por ele”(1 Jo 4, 8-9). 

Assim, Deus é caracterizado pelo dom de seu Filho: ele é o Pai, que gera seu Filho para o mundo. Narra-se o ato de Deus posto em favor do mundo, ato que é o transbordamento do mistério eterno. 

Se Deus é amor no transbordamento de seu mistério, ele é amor, em primeiro lugar, nesse mistério. Afirmando que Deus é amor, João nos dá a verdadeira definição de Deus. O amor de Deus se dirige primeiramente ao “Filho amado”. Ele diz: “Este é o meu Filho amado” (Mt 3, 17).

”O Filho é também fonte para o Pai, do qual ele recebe tudo” | Foto ilustrativa: cancaonova.com

Percebe-se que entre o Pai e o Filho reina um fluxo e refluxo simultâneo de amor, que os une. Ao amor, no qual é gerado, o Filho responde: “Eu amo meu Pai” (Jo14,31). Já o Pai é levado a amar por seu Filho que o ama: “Por isso o Pai me ama, porque dou minha vida (Jo 10,17a). O Pai, que gera amando, é provocado ao amor por seu Filho, provocado à geração. Não-gerado, fonte infinita para o Filho, o Pai se encontra plenificado pelo Filho, que recebe tudo dele. O Espírito, pelo qual Deus gera, reflui do Filho para o Pai e o consagra em sua paternidade. O Filho é também fonte para o Pai, do qual ele recebe tudo.

 A teologia comenta de um movimento circulatório, no qual a dinâmica trinitária em seu termo está também no seu começo. O Pai é a origem e o Filho é o termo do amor paterno. Entretanto, mesmo recebendo tudo, o Filho participa com seu Pai da glória de ser origem, porque o Pai, que gera o Filho amando-o, gera também pelo fato de ser amado. O Filho participa dessa glória à sua maneira filial: ele a recebe, porque ama o Pai com o amor que o Pai lhe dá.

”É o amor, no qual tudo se realiza” | Foto ilustrativa: cancaonova.com

Também o Espírito Santo, seguindo a reflexão de François-Xavier Durrwell na sua obra “O Pai:Deus em seu mistério”, não é a última pessoa, porque, não sendo nem o começo, nem o termo, está no começo e no termo: ele é o amor, no qual tudo se realiza. 

Podemos concluir que grande e total é a humildade do Pai. Ele não domina, de forma alguma, as outras pessoas, porque é Pai no amor.

 

Ricardo Cordeiro
Seminarista da Comunidade Canção Nova

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