A Via-Sacra quer estimular-nos a nos agarrarmos ao madeiro da Cruz de Cristo ao longo do mar da vida.
Não é uma simples prática de devoção popular sentimental; mas exprime a essência da experiência cristã: “Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me” (Mc 8, 34).
As quedas de Jesus, ao longo do Caminho da Cruz, embora não estejam narradas nos Evangelhos, no entanto são um legado muito antigo da piedade e da Tradição da Igreja, guardado e cultivado no coração de tantos em oração e, certamente, veio dos primeiros cristãos.
Jesus nunca abandonou a Sua Cruz. A carregou até que todas as Suas forças se exaurissem, até que o peso insuportável do madeiro o derrubasse por terra, mas Ele não desistiu; levantou-se e a retomou. Mesmo com as forças esgotadas, não renunciou à Cruz e continuou a caminhada até o Calvário.
A vida do cristão nunca foi fácil, lutando diariamente contra si mesmo, contra o inferno, contra o mundo e contra o pecado, para se manter fiel aos Mandamentos da Lei de Deus, diante de um mundo que convida ao pecado do orgulho, da ganância, da luxúria, da gula, do ódio, da inveja e da preguiça.
Às vezes, nós também caímos sob o peso de nossas cruzes. É olhando para o Senhor, flagelado até o sangue, coroado de espinhos e carregando a Sua Cruz, que vamos encontrar forças para nunca desanimar, pedindo a Ele a graça da perseverança.
Na sua primeira queda, Jesus dirige-nos um convite para ir ter com Ele na fraqueza humana e descobrir nela a força de Deus, como disse São Paulo,
“É quanto sou fraco que sou forte” (2Cor 12,9).
É a escola onde se aprende a mansidão, a paciência e o perdão que acalma a rebeldia, onde a confiança toma o lugar da presunção. A partir da Sua queda, Jesus propõe-nos sobretudo a grande lição da humildade, sem a qual ninguém chega à salvação. Depois da queda, aprendemos a recomeçar, mas não sozinhos, mas com o Senhor.
Os nossos pecados ferem a Deus e nos humilham, mas Deus sabe usá-los para a nossa santificação, se nos arrependermos, pedirmos o seu perdão, aceitarmos a nossa fraqueza, nos perdoarmos e retomarmos o caminho. Não se perdoar, depois que Deus nos perdoou, é orgulho refinado, dizia São Francisco de Sales. O cristão não pode cair no desespero depois da queda, não pode se entregar ao desânimo e ao remorso, mas confiar na misericórdia de Deus.
O Catecismo da Igreja ensina que: “Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. “Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero.” Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado” (n.982).
Deus Abençoe!
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