TESTEMUNHO

Conheça a rotina na vida de um pároco

“Sou padre há 23 anos! E sou realizado em minha vocação!”

O dia 8 de agosto é lembrado por muitos como o dia do pároco. Você sabe qual é a sua função em sua paróquia, sua rotina ou ainda quais suas alegrias e tristezas?

Apresentamos, a seguir, uma entrevista com o pároco da paróquia de São Sebastião da cidade de Cachoeira Paulista (SP), padre Rivelino Nogueira, que contará um pouco da sua história vocacional e responderá as questões apresentadas acima. Confira:

Padre, gostaria que o senhor nos contasse como foi seu chamado ao sacerdócio, se teve um momento, uma situação que o despertou a esta vocação?

Padre Rivelino durante Missa em sua paróquia São Sebastião, em Cachoeira Paulista SP) | Foto: redes sociais da paróquia

A minha vocação se deu desde criança. Aos meus 6 anos, eu já gostava de ficar na igreja; acompanhava minha mãe às Santas Missas. Gostava de brincar de celebrar missa em casa, chamava até meus coleguinhas da rua para participar destas “missas”… Fazia procissões com uma tábua do quintal do meu pai, colocava os santos em cima e, muitas vezes, até esquecia de amarrar os santinhos, acabavam caindo e quebrando (risos)… 

Com o tempo, acabei entrando na Legião de Maria com outros adolescentes para rezar o terço. Fiz parte do praesidium Estrela da Manhã e não saia da igreja. 

Em 1984, eu tinha quatorze anos, a capela São Pedro e São Paulo em que eu participava, na cidade de Cruzeiro (SP), tornou-se paróquia, e o padre Cícero tomou posse como pároco, e eu também como que me tornei posse em ajudá-lo; a partir disso, não saia mais da igreja, ia para à escola pela manhã, chegava em casa, almoçava e já ia para a paróquia. 

Em 1988, o então bispo da época da diocese de Lorena (SP), Dom João Hipólito de Moraes, tinha como pensamento que o jovem que desejasse ser padre tinha que estar trabalhando numa paróquia, pois era um meio do pároco e ele mesmo acompanhar mais de perto aquele vocacionado. Fui enviado para a cidade de Piquete (SP) e para trabalhar na paróquia São Miguel Arcanjo, onde permaneci até 1991, quando entrei para o seminário no dia 11 de fevereiro. Sou padre há 23 anos!

De vez em quando, o senhor se recorda desta experiência para alimentar o sim diário, é uma memória que ajuda a dar respostas ainda hoje?

Sim, pois sinto-me um padre realizado. Nunca passou pela minha cabeça algo ao contrário disso, eu gosto do que eu faço! Gosto de estar na igreja, de atender o povo, continuo fazendo tudo com a mesma alegria de antes.

Vemos o senhor, todos os dias, com as atividades de pároco. Poderia nos contar um pouco da sua rotina, como é o dia do padre na realidade paroquial?

A minha rotina, de forma pessoal, é de celebrar as Santas Missas de segunda a segunda. Eu não me dou o direito de ter uma folga de missa, pois o padre é ordenado para isso: para celebrar a missa e não para tirar férias – e mesmo quando se está de férias, precisa-se celebrar, mesmo que para ele sozinho, por isso que existe missa sem povo. 

Tenho o costume de levar cedo, por volta das 4h30, e me preparar para a Missa das 6h30. Às 5h, já me encontro na igreja rezando. Às 6h, rezo com os ministros e o povo a Liturgia das Horas. Após as Missas, temos a exposição do Santíssimo Sacramento, depois vou para a casa paroquial, tomo o café da manhã e, em seguida, retorno para o meu escritório para atender aqueles que precisam. 

Temos o dia fixo das confissões às quartas e quintas-feiras; e se, por algum motivo, nos outros dias, alguém precisar de confissão, se estou na paróquia, eu atendo. 

O Papa Francisco indicou aos sacerdotes quatro proximidades para que o ministério seja cada vez mais eficaz: proximidade com Jesus, com o bispo, com os outros sacerdotes e com o povo de Deus. Como o senhor vê esta indicação do santo padre, especialmente num tempo em que ouvimos tanto sobre o distanciamento?

Padre Rivelino durante Missa dedicada as crianças | Foto: redes sociais da paróquia

A preocupação do Santo Padre é com a santificação do padre; com o relacionamento do padre com o bispo; o relacionamento do bispo com o padre; o relacionamento do padre com povo e vise-versa. É por isso que, nos últimos anos, o Papa Francisco tem batido na mesma tecla: o padre precisa ter os mesmos sentimentos de Cristo Sacerdote, sendo manso e humilde de coração. Ver Jesus no próximo. 

Por que as pessoas estão se distanciando da Igreja? Por falta de acolhida?

Se percebermos, até mesmo as crianças andam muito carentes de paternidade e maternidade em suas casas, e quando ela vê na pessoa da Igreja e do padre este acolhimento, elas voltam, pois é algo que não se tem em suas casas. 

Hoje em dia, os pais não têm paciência com seus filhos. Quando estes chegam até eles, já logo dizem que estão ocupados ou descansando…

Para finalizar, gostaria que destacasse os desafios e as alegrias de ser sacerdote.

As alegrias são quando o padre vê que sua comunidade paroquial está correspondendo com ele, seja nas participações nas Santas Missas ou nas atividades próprias da paróquia. Digo por mim, aqui na paróquia, em menos de cinco anos, seja antes ou depois da pandemia, quantas coisas nós fizemos juntos!

As tristezas de um padre acontecem quando ele vê que o povo está se afastando da igreja. Sempre fica o seguinte questionamento: “Por que será?” Nestes momentos, precisamos colocar os joelhos por terra e orar para ouvir de Deus sobre o que está acontecendo.


Assista a uma homilia do padre Rivelino no Santuário do Pai das Misericórdias:

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