Seguimos com a série “Novos Padres para a Igreja” e, hoje, vamos conhecer um pouco da história vocacional do diácono Fábio Nunes
Foi na Terra do Sol, a cidade de Fortaleza, no Ceará, onde Fábio foi encontrado por uma luz que o indicava, de forma delicada, mas persistente, o caminho para o sacerdócio. De família católica, Fábio sempre participou das missas dominicais e se destacava pela atenção a toda liturgia. Sua mãe, ao perceber o interesse pela Santa Missa, disse para ele servir nas celebrações como coroinha. Experiência que acabou não fazendo, e nos explicou que foi justamente pela timidez. “Convivendo com os amigos da mesma idade, eu sempre chamava alguns para serem coroinha comigo, porque, assim, eu teria coragem. Mas ninguém quis porque iam à missa uma vez ou outra, quando as mães os obrigavam, e servir nas missas era uma realidade distante para eles. Já para mim era uma possibilidade, um sonho, porém, minha timidez não me permitia. Mas as coisas do altar, da Igreja, do sacerdote sempre atraíram a minha atenção”.
Ao longo da adolescência e, depois, início da juventude, este desejo de conhecer mais sobre o ministério sacerdotal vez ou outra retornava com mais força. “Em vários momentos destas fases, eu pensava: ‘Eu poderia ser padre’, mas eu não falava com ninguém, nem com minha mãe. E também eu não sabia os caminhos, a quem perguntar, e deixava aquele desejo quieto”.
Mas, se o sonho permanecia silenciado, a vida sacramental permanecia bem ativa. Aos poucos, além das missas dominicais, Fábio passou a ir nos dias que tinha celebrações durante a semana e procurava se sentar nos bancos da frente, para participar bem. E um jovem de 19 anos participando com intensidade chamou a atenção do pároco, que o procurou para saber se queria entrar para o seminário da arquidiocese. Mesmo sentindo o desejo pelo sacerdócio, ele escolheu não entrar no seminário arquidiocesano, por limitações pessoais. E, neste tempo, também entrou a experiência com a Comunidade Canção Nova, por meio dos eventos que aconteciam na casa de missão de Fortaleza.
A proximidade o ajudou a discernir este chamado à vida missionária, no carisma Canção Nova. E já durante o primeiro ano de formação inicial da comunidade, vivido na Casa de Lavrinhas, Fábio tocou na força do chamado ao sacerdócio, que acompanhou a sua infância, adolescência e juventude, e que ali encontrava espaço para ser discernido. Em suas orações, falou aos formadores e, acima de tudo a Deus. De maneira prática, recebeu uma resposta a uma de suas orações, no dia da solenidade da Imaculada Conceição de Maria. E seguiu para o segundo ano de formação inicial, o discipulado em Queluz, decidido a dar os passos concretos nesse discernimento. Um ano em que foi bem acompanhado pelo sacerdote responsável pelo discipulado, padre Aloísio, que o ajudou a encontrar na própria história os sinais deste chamado.
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Dúvidas e decisões
Após o discipulado, Fábio ainda passou um ano na rotina normal de um missionário da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista. Trabalhou na TV, conviveu com famílias, solteiros, jovens e idosos. Mas escolheu dar continuidade a este caminho rumo ao sacerdócio, entrando em 2014 para o seminário da comunidade. Nos contou que o período da filosofia foi mais tranquilo, até pela certa distância da ordenação. Mas, ao finalizar a filosofia, no ano pastoral, foi enviado para a missão de Aracaju. “Lá eu exerci uma atividade diferente às ligadas ao sacerdócio, justamente por ser um ano próprio pra isso. E naquele tempo eu me questionei bastante sobre a minha vocação. Foi um ano de decisão, de provas, de dificuldades próprias. E eu me perguntei se era isso que Deus queria e também se era o que eu queria. Foi um tempo de dúvidas, para que eu pudesse dar um passo maior, ou seja, ir mais decidido para a teologia, conhecido como o período da configuração a Cristo”.
A busca da beleza
Entre as marcas do diácono, Fábio está o gosto pela beleza, especialmente expressada através da literatura e da arte. Um inquieto buscador da verdade, das raízes profundas da fé, nos contou que se inspira muito na frase de São Tomás de Aquino: “A fé é pensar com anuência, é pensar com adesão”. E, seguindo essa inspiração, encontrou na filosofia, na teologia, na leitura da vida de tantos santos, na literatura, um lugar para entender um pouco mais a fé, e entendendo dar a sua adesão.
Também a beleza, que ele mesmo nos disse ser uma das características de Deus, marca a sua vocação. “A liturgia em si é bela e comunica a beleza real. E é isso que quero para o meu ministério: uma liturgia bem vivida, onde possa expressar a beleza de Deus, da igreja, do sacerdócio”.
Lema
A escolha do lema, nos explicou o diácono Fábio, passou pela experiência de amizade e pelo desejo de ofertar-se, em todas as situações. A frase é tirada de uma antífona de resposta do Oficio das Leituras rezado na Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo: “Beberam do Cálice do Senhor e tornaram-se amigos de Deus”. E disse: “É um desejo que tenho de ser amigo de Deus e, para ser esse amigo d’Ele, é preciso beber do seu cálice, que não é só de alegria, mas muito mais de cruz”. E ressaltou: “Eu desejo ser amigo de Deus, sabendo que o que antecede esta amizade é beber e comungar do Cálice de cristo, que também passa pelo sofrimento”.
O diácono Fábio vive, atualmente, na casa de formação inicial de Lavrinhas, onde colabora na formação dos pré-discípulos da Comunidade Canção Nova. E, neste convívio diário com jovens, que tocam nas próprias histórias vocacionais, vive este tempo de expectativa de sua ordenação também tocando na sua história, marcada pelo amor àquela beleza que encontrava, desde pequeno, nas celebrações eucarísticas.