“Eu e o Pai somos um”
Em tempos de distanciamento social, isolamento, pode ter arrefecido um pouco em nós o calor próprio do nosso povo, aquele aconchego nato que trazemos na nossa essência de brasileiros. Tudo aquilo que se ouve diariamente ou que precisa ser vivido por um longo tempo, com base na repetição exaustiva, acaba por criar em nós uma “consciência inconsciente”, com consequências, muitas vezes, imprevisíveis.
Pensar em tudo isso me faz recordar do tempo em que vivi na Terra Santa, onde a interação do masculino e o feminino não é tão espontânea como aqui no Brasil. Sem perceber, no processo de enculturação, acabamos assimilando esse jeito de ser. Somente ao voltar ao Brasil, me dei conta de que precisava retomar o impulso natural ao abraço, o cumprimento caloroso de antes.
Neste tempo em que vivemos, um conceito que pode ter perdido um pouco do seu valor é o de “unidade”, pois estamos fragmentados em meio a tantas informações, convicções e teorias. Às vezes, em nossa própria família, experimentamos um confronto de posicionamentos, quando não nos grupos de trabalho, de amigos… O ambiente virtual tem sido palco de muitos desajustes.
Hoje, o Senhor nos convida a virar a página e viver uma experiência de comunhão, por meio do mistério da Santíssima Trindade. Foi Jesus quem quis revelar a união suprema entre Ele e o Pai. “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). Talvez, Ele quisesse dizer também a nós que ninguém pode viver sozinho e nos conscientizar sobre a importância de ser comunidade, de viver o amor nas várias dimensões da vida. E aí também estaria o nosso caminho de santificação.
Jesus nasceu e cresceu numa família. Na vida adulta, viveu Seu ministério junto aos discípulos, ceou com eles, se compadeceu dos sofrimentos do seu povo, realizou milagres, curas, se fez um com ele. Temos muitos exemplos no Evangelho do Cristo fraterno, humano, no sentido mais profundo da palavra, mas talvez nossa maior inspiração para se viver a unidade e a reconciliação hoje esteja na comunhão trinitária entre Pai, Filho e Espírito Santo.
O tema da Festa do Pai das Misericórdias deste ano quer ressaltar este convite: mergulharmos no amor que emerge da união da Trindade Santa e deixarmos para trás rancor, mágoa, ressentimentos. Com quem, hoje, você precisa se reconciliar?
Ao colocarmos nosso coração no coração de Cristo, podemos ter a certeza de que o Pai também nos acolhe. Ao voltarmos ao abraço do Pai, estamos também reencontrando o nosso olhar com o olhar de Cristo.
Receba, hoje, este colo do Pai amoroso, mas também do Cristo, Redentor, Salvador, que nos ama e nos consola.
:: De 28 a 30 de maio, participe conosco da Festa do Pai das Misericórdias!
Thaysi Santos
Comunidade Canção Nova
Assessoria de Comunicação do Santuário do Pai das Misericórdias