Abrimos o mês dedicado à vocação e sabemos que todas as vocações cristãs nascem da família. O maior testemunho é que o próprio Filho de Deus quis ter o amor de uma família. Sendo assim, o Papa Francisco convocou o Ano da Família Amoris Laetitia, que tem como objetivo refletir o conteúdo deste documento sobre o amor na família tão importante e enriquecedor para a vida das famílias e da Igreja.
Uma família é constituída por um homem e uma mulher unidos em casamento, com seus filhos. O Catecismo da Igreja Católica diz que a família é “a sociedade natural na qual o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. (…) A família é a comunidade na qual, desde a infância, se pode assimilar os valores morais, tais como honrar a Deus e usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (n. 2207).
A família é um dom de amor do Pai que brota de dois corações que se unem e se tornam uma única realidade. Os que recebem o sacramento do matrimônio são chamados a máxima doação possível e se tornam cooperadores com Deus no dom da vida a uma nova pessoa. São João Paulo II afirma que “enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmo a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe” (Familiaris Consortio, n. 14).
Portanto, a família é um lugar de comunhão de vidas e entrega de amor.
Infelizmente, a família é alvo de numerosas forças que procuram destruí-la ou deformá-la. Temos, por exemplo, uma decadência cultural que não ressalta o amor e a doação, podendo ser denominada como a “cultura do provisório”. O Papa Francisco explica que
muitos “creem que o amor, como acontece nas redes sociais, se possa conectar ou desconectar ao gosto do consumidor e inclusive bloquear rapidamente. (…) Transpõe-se para as relações afetivas o que acontece com os objetos e o meio ambiente: tudo é descartável, cada um usa e joga fora, gasta e rompe, aproveita e espreme enquanto serve; depois… adeus. O narcisismo torna as pessoas incapazes de olhar para além de si mesmas, dos seus desejos e necessidades” (Amoris Laetitia, n.39).
Mediante aos desafios, a família deve ser reflexo vivo do amor e participação real do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa. Somente na valorização da família que se é capaz de construir uma sociedade melhor. Por isso, não se pode esquecer que o matrimônio é uma vocação e deve ser fruto de um discernimento vocacional.
Exemplar é a Sagrada Família de Nazaré. O santo Paulo VI destaca que a “aliança de amor e fidelidade ilumina o princípio que dá forma a cada família e a torna capaz de enfrentar melhor as vicissitudes da vida e da história. Sobre este fundamento, cada família, mesmo na sua fragilidade, pode tornar-se uma luz na escuridão do mundo. Aqui se aprende (…) uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social” (Alocução em Nazaré, 1964).
Oremos pelas nossas famílias para que vivam a alegria do amor do Pai e continuem sendo celeiros das mais variadas vocações na vida eclesial.
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Ricardo Cordeiro
Seminarista Canção Nova