Pandemia

Há limites para o uso das redes sociais na quarentena?

Uma vez que o título deste artigo traz um questionamento simples e direto, a resposta não pode ser diferente, portanto, ei-la: sim, é claro que há limites para o uso das redes sociais neste tempo de quarentena. A propósito, não existe nada na vida terrena que não tenha limites. Nossa razão é limitada, nossa ação é limitada, nossa emoção também tem limites, ou seja, a limitação é uma condição natural de todos nós, criaturas. Por que, então, não haveria limites para a utilização das redes sociais?

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Isto posto, quero citar, de maneira bem prática, alguns limites que deveríamos respeitar. Lembrando de que, em muitos casos, respeitar limites é um forte indicativo de humildade e de inteligência. Logicamente, refiro-me aos limites justos, virtuosos, nobres, íntegros, em suma, os que são derivados dos preceitos de divinos.

A título de recordação, sabemos que Eva extrapolou os limites estabelecidos por Deus e o resultado todos nós conhecemos, ou melhor, experimentamos na carne todos os dias. Ícaro, rejeitando as orientações de seu pai que apontava para os limites do seu voo libertador, terminou despencando dos ares em direção ao mar e morreu afogado. O que se poderia dizer, então, sobre o próprio satanás, o maior transgressor dos limites de Deus?

“O que você vai buscar nas redes sociais?” | Foto: cancaonova.com

Voltando ao tema do nosso artigo, quero chamar a atenção para três situações fundamentais em que os limites devem ser respeitados. De antemão, minha consciência obriga-me a afirmar que o respeito a esses limites não é para “fracotes”, uma vez que exigirão força de vontade, determinação, autocontrole e perseverança. Enfim, dentre as dezenas de situações nas redes sociais nas quais eu e você deveríamos estabelecer limites, quero apontar para três: 1) o tempo de acesso às redes; 2) o conteúdo buscado, pesquisado; 3) o conteúdo mostrado, oferecido, apresentado por nós.

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Com relação ao primeiro ponto, indiscutivelmente, as redes sociais consomem uma parte considerável do tempo produtivo do nosso dia. Esse é o ponto chave da questão. É muito fácil nos entretermos com esses aplicativos e nem percebermos o tempo passar. Acredito que já nem seja mais exagero afirmar que as redes sociais são comparáveis aos entorpecentes. Em muitos casos elas causam dependência. Que tal estipularmos períodos do dia com um tempo limitado para usarmos as nossas redes sociais? Por exemplo, poderíamos estabelecer cinco momentos no dia para acessar as redes sociais num intervalo de 15 minutos. Essa é uma maneira até mesmo pedagógica para nos educarmos.

O tempo

Logicamente, você não estará limitando o tempo que você passa nas redes sociais para ficar a toa mais tempo, de forma alguma. Tomando essa atitude, você terá mais tempo disponível para fazer as suas atividades “obrigatórias” com mais calma ou fazer outras atividades mais salutares, por exemplo, ler livros, dar mais atenção à família, se exercitar, dentre muitas outras. Quem vai sair ganhando será você mesmo.

Um segundo limite, que você deve estabelecer, é com relação ao que você vai buscar nas redes sociais. Quem cutuca uma caixa de marimbondo corre um sério risco de ser picado. Quando te surgir o primeiro pensamento que te induz a pesquisar algo que você sabe que não vai te trazer algum valor, interrompa imediatamente esse processo. Não dê o menor consentimento a esse pensamento, caso contrário, ele vai se fortalecer e você não terá mais controle sobre ele. Por exemplo, se você gosta muito de sapatos, inclusive tem dezenas de pares, e sabe que não resistiria a uma promoção, por que cargas d’água você vai pesquisar por sapatos? Isso seria o mesmo que se jogar conscientemente num buraco ou numa poça de lama.

Autoexposição

Por fim, o terceiro limite que devemos nos impor é quanto a nossa autoexposição nas redes. Não deixe de passar pelo filtro da razão aquilo que você tem vontade de postar. Sempre pergunte a você mesmo quais os motivos que estão de fazendo postar determinada imagem, vídeo, texto etc. Jamais poste para ofender, mesmo que você esteja com raiva de alguém. Nunca poste para fazer inveja, para criar intrigas, para deixar alguém curioso, para se auto afirmar em alguma situação. Que o valor e a virtude sejam sempre a régua das suas postagens.

“Uma vida empurrada muito para o alto ou largada muito para embaixo é uma vida que se desorienta”

Para finalizar, gostaria de escrever algo que, a princípio será muito duro ler, mas as nossas redes sociais são um poço profundo de mentiras e ilusões. Em menor ou maior grau, todos nós participamos dessa batota virtual. Sem exceção, iludimos e somos iludidos, enganamos e somos enganados, somos extremamente permissivos aos sentimentos mais baixos nas redes sociais. Saiamos desse círculo vicioso do mal e tentemos estabelecer um círculo virtuoso do bem.

Em suma, fiquemos com o conselho do padre Sertillanges: “uma vida empurrada muito para o alto ou largada muito para embaixo é uma vida que se desorienta”, ou seja, a virtude se encontra no meio “Virtus in medio”, afirma Aristóteles.

Deus abençoe você e até a próxima!

Seminarista Gleidson de Souza Carvalho 
Missionário da Comunidade Canção Nova

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