DIVINDADE E HUMANIDADE

Jesus é a misericórdia de Deus feito carne

Gostaria de iniciar este artigo com um trecho do livro “Virgindade e Celibato hoje – para uma sexualidade pascal” do sacerdote canossiano Amadeo Cencini:

“Os relatos da paixão não nos dão a imagem de um Deus altíssimo e três vezes santo que não pode se contaminar com a humanidade pecadora, ele tão inacessível e transcendente. Pelo contrário, traçam-nos a imagem de um Deus que se entrega verdadeiramente nas mãos do homem, desde Judas a Caifás, um Deus que entra em contato com o pecado e deixa que este lhe inflija a morte, como dois extremos que se tocam, ainda uma vez, fazendo até nascer a vida!”

Escrevia em um outro texto que a misericórdia é o compadecer-se do coração de outrem, sobretudo quando este se encontra pobre para então vir ao seu encontro e alimentá-lo daquilo que lhe falta.

Trouxe então este trecho, porque descreve sublimemente a encarnação desta misericórdia.

Veja: um Deus altíssimo, três vezes santo, impecável, transcendente e perfeito. Como, em nossas limitações, poderíamos acreditar que Ele compreenderia o que vivemos na carne? Como nos encontraríamos em algum lugar dentro do abraço misericordioso do Pai? Como acreditaríamos que na morte terrena jaz a verdadeira vida?

Pois então Aquele que é indivisível se “divide” e se encarna. Meu Deus, que mistério de amor! A divindade e a humanidade, dois opostos que se comunicam e geram vida. 

foto: nazarethman

Quantas vezes não nos entregamos nas mãos dos homens e de nós mesmos? Quantas vezes não somos infligidos pelo pecado e nos deparamos com as mortes – física, espiritual, emocional? Quantas vezes não nos frustramos com nossas excessivas imperfeições frente aos infinitos esforços de sermos melhores e os desejos – profundos – de uma vida santa?

A misericórdia do Pai se revela na carne em Cristo à medida que o Filho nos mostra que esta vida é passageira, o que há de bom e o que há de ruim. A misericórdia se revela quando o Homem sofre, chora a morte, sente dor e só tem um mesmo movimento: refugiar-se no Deus Altíssimo, ensinando-nos a fazermos o mesmo e sempre nos colocarmos recostados em Seu peito. 

A carne de Cristo sujeita até a morte é sinal de que a nossa carne sujeita até a morte no abandono e na dependência do Pai faz nascer vida. Verdadeira e eterna vida.

Que o Senhor Deus feito pão, todos os dias, conceda-nos a graça de enxergarmos além e de saborearmos essa misericórdia que não se cansa em generosidade!

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Catarina Xavier Santos
Comunidade Canção Nova

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