VOLTE PARA A CASA DO PAI

A nossa infidelidade não ofusca a fidelidade de Deus

O homem deve ter a certeza de que a misericórdia de Deus é a porta para o seu retorno à casa do Pai. A misericórdia nos alcança por meio do nosso arrependimento e de uma justa avaliação de nossa consciência frente ao nosso pecado.

 

No Antigo Testamento, Deus se revela rico em misericórdia e fidelidade a Moisés, pois Ele usou de misericórdia para com o seu povo, salvando-o da escravidão do Egito e fazendo caminhar para a Terra Prometida.

No entanto, por diversas vezes, o povo foi infiel, ingrato, murmurador, rebelde, virou as costas para Deus, que os acolheu com misericórdia em vista de salvá-los.

Mas Deus, que não se deixa vencer em generosidade, faz evidenciar que a nossa infidelidade não ofusca sua fidelidade frente aos nossos pecados.

Você poderia se perguntar, mas porque Deus ainda continua a ser fiel a nós? Por um único objetivo: salvar-nos, mostrando que cuida de forma eficaz de Seus filhos.

O mistério do amor de Deus

 

Se Deus age assim, então por qual razão ainda nos sentimos abandonados por Ele, a ponto de irmos embora de sua casa, de sua presença?

O que resta a nós é reconhecer nossa incapacidade e fragilidade diante de Deus e experimentar a força de Sua misericórdia que nos faz voltar aos Seus braços.

O Papa Francisco nos recorda bem esta realidade em sua Carta Apostólica “Misercordia et Misera”, apresentando a cena entre Jesus e a mulher adúltera, expressão mais bela e coerente que retrata o mistério do amor de Deus que vai ao encontro do pecador. Segundo Francisco, “ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia.

A mulher adúltera é o ícone que expressa a firme decisão de abandonar o pecado e retornar à casa do Pai e ser acolhida por Ele. O Pontífice exprime que “tudo se revela na misericórdia, tudo se resume no amor misericordioso do Pai”.

O amor de Deus sabe ler no coração de cada pessoa, incluindo o seu desejo mais profundo de ser amado. E no relato da mulher adúltera, não se encontram o pecado nem o juízo, mas uma pecadora e o Salvador. 

Jesus, ao fixar seu olhar naquela mulher, pode ler seu coração e encontrar nela o desejo profundo de ser compreendida, perdoada e libertada, pois, naquele momento, a miséria do pecado é revestida pela misericórdia do amor

Da parte de Jesus, encontra-se um sentimento de piedade e compaixão pela condição da pecadora.

 

 

Não existem limites para a misericórdia


O homem, em seu afastamento de Deus, deve sempre procurar o caminho de volta para casa sob o olhar do perdão, que é o sinal mais visível do amor do Pai, que Jesus quer revelar em toda a sua vida, o amor que faz chegar a nós o perdão.

O caminho de retorno nem sempre será fácil, precisará de nossa parte humildade, confiança e abandono, pois nada que um pecador arrependido coloque diante da misericórdia de Deus pode ficar sem o abraço do seu perdão.

É necessário da parte daquele que se afasta do amor de Deus não pôr condições à misericórdia, pois da parte de Deus sempre permanecerá um ato de gratuidade do Pai celeste, um amor incondicional e não merecido.

Somos convidados por Deus a repensar a nossa vida e abandonar tudo aquilo que possa nos impedir de regressar aos seus braços e ter a certeza de que “a misericórdia é esta ação concreta do amor que, perdoando, transforma e muda a vida. É assim que se manifesta o seu mistério divino. Deus é misericordioso, a sua misericórdia é eterna, de geração em geração, abraça cada pessoa que confia nele e transforma-a, dando-lhe a sua própria vida.

 

Sacramento da reconciliação é o caminho de retorno

Por fim, para o retorno do homem que se desviou dos caminhos de Deus, mas que sente o desejo de ser perdoado e recomeçar, o Papa Francisco indica que o melhor caminho é o sacramento da reconciliação, “o momento que sentimos o abraço do Pai, que vem ao nosso encontro para nos restituir a graça de voltarmos a ser seus filhos.

Esta busca por dar sentido à nossa existência só poderá ser compreendida sob o olhar misericordioso de Deus que faz compreender seu imenso amor à vista de nossa realidade de pecadores, pois o amor tudo vence.

E no sacramento do Perdão, Deus mostra o caminho da conversão a ele e convida a experimentar de novo a sua proximidade.

Por isso, “a volta pra casa” está em aceitarmos a misericórdia de Deus como meio mais eficaz de vivermos uma sincera e profunda conversão e arrependimento de nossos pecados.




Fontes:
Carta Apostólica Papa Francisco, Misericordia et misera, p. 5, 6, 7 e 14. 
1Cor 13,7.

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