O pecado mortal mata a caridade no nosso coração
Conta-nos o livro do Gênesis que após desobedecer a ordem de Deus para não comer do fruto da árvore da vida, Adão e Eva tiveram medo e se esconderam ao perceber que Deus se aproximava, como de costume, para tomar com eles a brisa da tarde.
“E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim. 9.Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: ‘Onde estás?’. 10.E ele respondeu: ‘Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me’.” (Gênesis 3,8-10).
Quando pecamos, a morte alcança a nossa alma. Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 1855: “O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a sua bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior.”
O pecado mortal mata a caridade no nosso coração, ou seja, torna-nos incapazes de receber ou dar amor de forma verdadeira, e, segundo o Catecismo, isso só se corrige com “uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração que, normalmente, se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação” (CIC 1856).
Adão e Eva viviam a intimidade plena com o Pai. Imagine só a cena, o próprio Deus vinha passear pelo jardim para tomar junto com eles a brisa da tarde. É a comunhão, é o encontro do Amor com aqueles dois corações que, no fim da tarde, se reclinavam sobre o Pai para serem amados em plenitude. Quando pecamos, escondemo-nos de Deus, porque nos tornamos incapazes de receber o Amor. Ficamos repletos de vergonha, medo, raiva, e acabamos, por imaturidade, fazendo justamente o mesmo que Adão e Eva, ou seja, escondemo-nos de Deus.
Como dói o coração do Pai ver que Seus filhos, feridos por causa do pecado, correm d’Ele ao invés de correr para Ele! Ele é o único capaz de sarar as feridas deixadas em nosso coração pelo pecado cometido, e isso só se realiza por meio do perdão concedido no Sacramento da Reconciliação, que é um sacramento de cura. Como O machuca ver tantos que há muitos anos não se aproximam do Sacramento da Reconciliação por medo, vergonha, raiva, desconfiança, e, por isso, permanecem escondidos, incapazes de construir um verdadeiro relacionamento com Deus, com medo de serem repreendidos por um Pai que só quer amá-los e tratar as suas feridas.
Imagine que um excelente médico tem dois filhos que correm e brincam enquanto ele lhes assiste. Num dado momento, ambos caem, machucam-se e começam a chorar, mas cada um tem uma atitude diferente. Um dos filhos corre para os braços do pai, pois sabe que é a ele que deve recorrer, sabe que seu pai é um bom médico e saberá bem cuidar daquela ferida; o outro filho, amedrontado, corre e se esconde do pai, pois teme que seja castigado por aquilo que aconteceu.
Será que o coração daquele pai se preocuparia em castigar aquele filho ou em tratar suas feridas? Como se enche de dor o coração do Pai quando escolhemos fugir d’Ele ao invés de nos atirar em Seus braços com confiança! Qual dos dois filhos você quer ser? Qual atitude você vai tomar diante das inúmeras quedas e machucados que o pecado fez em você?
Kaique Duarte
Seminarista da Comunidade Canção Nova
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