00″Pois bem, meus amigos, eu vos digo: não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isto” (Lc 12, 4)
No início do cristianismo, homens, mulheres e crianças ao ouvir falar de Cristo, de tudo que Ele havia feito e de Suas palavras, deixavam tudo para abraçar a forma de viver do Evangelho. Essas pessoas tinham tanta convicção de que aquela era a escolha certa para a vida delas que não hesitavam em comparecer diante das maiores autoridades, de lutar contra leões e outras feras nos circos romanos, de perder a vida por causa do Evangelho e de sua propagação.
“O sangue dos mártires é a semente dos cristãos” (Tertuliano, Apologético, 50,13)
São milhares e milhares de pessoas que se recusaram a negar a sua fé e, por isso ,perderam a própria vida. A adesão dessas pessoas ao Evangelho era tão profunda e sua fé tão verdadeira que tinham a plena certeza de que a morte do corpo não era o pior mal que poderia recair sobre eles, e sim a morte eterna: “temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este temei” (Lc 12, 5).
São Policarpo, bispo da Igreja primitiva de Esmirna, aos 86 anos, escondeu-se até ser preso e levado para o governador, que pretendia convencê-lo de ofender a Cristo. Policarpo, porém, proferiu estas palavras: “Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido d’Ele. Como poderei rejeitar Àquele a quem prestei culto e reconheço como meu Salvador”.
Condenado à morte, no estádio da cidade, ele próprio subiu na fogueira e testemunhou para o povo: “Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o Vosso Nome adorável seja glorificado por todos os séculos”.
O que temos para aprender com os antigos mártires sua adesão inabalável pelo Evangelho, que os levava a preferir a morte do que negar a Jesus Cristo?
O próprio Catecismo da Igreja Católica nos responde tal questão, no número 2473:
“O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de fortaleza.”
Quantas vezes deixamos de nos posicionar em defesa da nossa fé, de suas exigências, para ficarmos confortáveis diante de alguém! Quantas vezes escolhemos silenciar não por sabedoria, mas por covardia! Quantas vezes escolhemos não nos comprometer para evitar que nossa paz e tranquilidade sejam roubadas.
De certo, temos muito para aprender com os mártires que preferiram a Cristo acima de suas próprias vidas e, por isso, não temiam aqueles que poderiam lhes fazer mal. Que tipo de cristão você quer ser? Aquele que entende que não há bem maior do que aquilo que nos aguarda após a morte ou aquele que evita a todo custo se comprometer com uma fé que diz ter quando essa o obriga a sair da sua zona de conforto?
Se, de fato, o Evangelho é a melhor coisa que já nos aconteceu e Cristo a Pessoa a quem mais amamos, não há motivo para temer os prejuízos temporais que os homens possam nos infligir. Muito maiores do que os sofrimentos que os homens são capazes de provocar em nós são as glórias que aguardam aqueles que forem fiéis a Deus até o fim.
‘Deixai-me ser pasto das feras, pelas quais poderei chegar à posse de Deus’ – Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Romanos, 4, 1: SC 10bis, p. 110 (Funk, 1, 256).
Kaique Duarte
Seminarista Canção Nova
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