ADVENTO

Presépio, seu significado e origem

O presépio, representação cênica do nascimento de Jesus, tem muito a nos ensinar, pois traz em si não somente um significado profundo, mas também a realização de uma catequese de fé no povo de Deus.


A palavra presépio tem sua origem no latim praesepium, que significa cercado onde se guardam animais. É o mesmo que uma estrebaria ou um curral como popularmente conhecemos. O Evangelho de São Lucas descreve, com riqueza de detalhes, esta cena quando diz que “deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7).

O Papa Francisco, em sua Carta Apostólica Admirabile Signum – Admirável Sinal – sobre o presépio, ensina que “o presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da sagrada Escritura”.  Ensina ainda que “representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus”.

Foto Ilustrativa: Kira-Yan by Getty Images

 
O presépio nos ensina que o nascimento de Jesus foi o início da Redenção do homem, que mais tarde se concretizaria com o sacrifício da Cruz no Calvário. Quando celebramos o Natal em nossas casas e montamos o presépio, estamos não somente fazendo memória do nascimento de Jesus em uma estrebaria, porque, naquele tempo, não houve quem o acolhesse. Mas estamos, de modo especial, oferecendo a casa do nosso coração para que Jesus possa estar. É por essa razão que Santo Agostinho dizia: “Que se voltem para o segundo homem todos os que haviam sido condenados pelo primeiro (Adão). Uma mulher nos induzira à morte (Eva). Uma outra trouxe-nos a vida”.

Com a ternura e a simplicidade de um presépio, aprendemos que o Natal é um tempo por excelência para nos voltarmos para aquele que, ao nascer num presépio, nos trouxe a salvação. Quando olhamos para um presépio, contemplamos o extraordinário acontecimento que mudou o curso da história: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória” (Jo 1,14).

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Quando se inicia o tempo do Advento, as igrejas, as residências e até mesmo empresas e estabelecimentos comerciais cristãos dedicam um lugar especial para a montagem de seus presépios, com o objetivo de não somente fazer memória do nascimento do Menino Jesus, mas também com a finalidade de atualizar o anúncio da salvação que vem de Deus. Esta tradição remonta aos primeiros séculos através de ícones que retratavam a cena da natividade do Senhor. Entretanto, na forma que conhecemos hoje, sabe-se que o primeiro presépio conhecido foi realizado por São Francisco de Assis.

Na noite de Natal de 1223, em Greccio, no interior da Itália, com o desejo de que as pessoas compreendessem melhor a liturgia e o verdadeiro sentido do Natal, Francisco realizou, com a autorização do Papa, uma encenação. Numa gruta que ficava próxima à capela, ele montou um cenário com a imagem do Menino Jesus numa manjedoura coberta de palhas. Ao lado, um boi e um jumento, animais vivos, conforme narrou o Profeta Isaías quando disse: “O boi conhecerá o seu dono, e o burro conhecerá o presépio de seu Senhor” (Is 1,3).




 Naquela noite, celebrou-se a missa acompanhada por uma encenação, e São Francisco deu relevo em sua pregação ao Mistério da Encarnação, o Natal de Nosso Senhor. Logo, nasceu a tradição na criação e na montagem de presépios; primeiramente, nas Igrejas; em seguida, nos lares italianos, depois nos lares europeus, e, por fim, em todo o mundo. Desde então, a criação e a montagem dos presépios se difundiram, transmitindo a mensagem da salvação e o presépio, como nos recorda o Papa Emérito Bento XVI se tornou um “patrimônio espiritual cristão.”

“Eis que estou à porta e bato” (Ap. 3,20), diz o Senhor. Que, ao montarmos o nosso presépio, estejamos conscientes de que, ainda hoje, o Nosso Senhor continua a sua peregrinação, buscando não o abrigo de uma casa, mas de corações dispostos para acolhê-lo.

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