RECOMEÇAR

Qual é a relação entre confissão e indulgência?

Recomeçar é uma palavra que está no horizonte cristão toda vez que um penitente aproxima-se do sacramento da reconciliação. De fato, quando nos aproximamos, com o coração contrito, diante do sacerdote e confessamos nossos pecados, vivenciamos um recomeçar na nossa caminhada de fé. Não é o intuito deste texto aprofundar no sacramento da confissão e tampouco esmiuçar a historicidade das indulgências, mas, pelo menos, entender um pouco a relação entre ambas.

O Papa Francisco explica que nós não podemos dar o perdão a nós mesmos. O perdão sempre é pedido a outra pessoa e, “na confissão, pedimos o perdão a Jesus”. Então, o sacramento da confissão livra a pessoa da perdição eterna, ou seja, pelo mau uso do livre-arbítrio ela estava se direcionando para uma vida na ausência de Deus. Mas após a absolvição dos pecados, ela caminha novamente em comunhão com o Pai. É o sacramento do amor misericordioso! É o acolhimento do filho pródigo nos braços paternos de Deus. Sobre os seus efeitos, Santa Margarida Alacoque exprime: “Bendita seja a confissão que produz em nossa alma efeitos tão maravilhosos, que tanto a purifica e a torna novamente bela, como se tivesse acabado de sair das águas do Santo Batismo!”.

Após o sacramento da confissão, é necessário fazer as práticas penitenciais que nos ajudam a superar a tendência ao pecado. Significa que, mesmo perdoados, ainda podemos trazer doenças espirituais e que podem nos fazer perder a direção novamente. É necessário contar com a graça de Deus sem esquecer a colaboração humana, para ser santo. Pode-se dizer que a penitência é a nossa parte nesse processo de santificação. São três as práticas penitenciais que se destacam: o jejum, a oração e a esmola (Catecismo da Igreja Católica, n. 1434).

Foto: Assessoria de Comunicação do Santuário do Pai das Misericórdias

A Igreja, como mãe, propõe as indulgências como uma ajuda ao fiel que faz penitência, para aliviá-lo. Nota-se que o fim das “indulgências é não apenas ajudar os fiéis a pagarem as penas que devem, mais ainda incitá-los ao exercício das obras de piedade, de penitência e de caridade e, particularmente, das obras que conduzem ao progresso da fé e ao bem geral. Se os fiéis transferem as indulgências a favor dos defuntos, exercem então, de maneira excelente, a caridade e, elevando seu pensamento para as realidades celestes, tratam as coisas terrestres do modo mais correto”. (Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina de sua santidade o Papa Paulo VI sobre a Doutrina das Indulgência, 1967, n.8)

O pecado tem duas consequências na nossa vida: a culpa e a pena. Quando buscamos a confissão, ficamos isentos da culpa. E quando cumprimos a indulgência, ficamos isentos da pena “temporal”. Significa que a desordem causada pelo pecado em nossa vida é desfeita, e damos a glória devida a Deus novamente. Portanto, a confissão e a indulgência nos ajudam a recomeçar e a combater os nossos pecados e seus efeitos na nossa vida. Restabelecemos a amizade com o Pai na esperança de, um dia, participarmos da vida plena. 

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Ricardo Cordeiro
Seminarista Comunidade Canção Nova

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