DEVOÇÃO REPARADORA

A relação do segundo Mandamento com a Mensagem de Fátima

Não invocar o nome de Deus em apoio da mentira

Estamos dando continuidade à série acerca da relação de cada Mandamento da Lei de Deus com a Mensagem de Fátima que são as orientações divinas que o Anjo de Portugal e Nossa Senhora transmitiram em Fátima – PT, aos pastorinhos – instrumentos escolhidos por Deus – para difundi-la no mundo. A partir do livro “Apelos da Mensagem de Fátima” da autoria da Ir. Lúcia, principal interlocutora das aparições do Anjo e de Nossa Senhora, podemos compreender o sentido mais profundo do que Deus espera da humanidade nestes tempos difíceis, marcados por “profundas e rápidas transformações que se estendem progressivamente a toda a terra” (Gaudium et Spes, 4).

:: A relação do primeiro mandamento com a Mensagem de Fátima

Para explicitar o segundo Mandamento: Não pronunciarás o nome de Deus em vão, isto é “Não invocarás o nome do Senhor, teu Deus, em apoio da mentira” (Dt 5,11), a Irmã Lúcia afirma que este preceito “obriga-nos a viver na verdade com Deus, com o próximo e com nós mesmos.” (IRMÃ LÚCIA, 2007, p. 219). Com efeito, este Mandamento aduz à centralidade em Jesus Cristo “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6), o que exprime sua relação profunda com a Mensagem de Fátima que traz em sua essência o convite radical à vivência do Evangelho que trata da revelação suprema de Deus e da completude de suas verdades eternas. Logo, pode-se afirmar que a relação deste preceito com a Mensagem da Fátima é radicada em seu forte apelo à oração perseverante e à penitência constante, com a intenção de reparar as ofensas cometidas contra os corações de Jesus e de Sua Santíssima Mãe, bem como pela conversão dos pecadores, que insistem em permanecer nos graves pecados da blasfêmia e do perjúrio contrários à verdadeira doutrina da salvação.

Neste sentido, o Catecismo da Igreja (n. 2148) evidencia que a blasfêmia opõe-se diretamente a este Mandamento, dado que consiste em proferir interior ou exteriormente palavras ofensivas contra Deus, contra sua Igreja, seus santos e às coisas sagradas, sendo também blasfemo recorrer ao nome de Deus para cometer práticas criminosas. Acerca do perjúrio (n. 2152) salienta que este pecado acontece quando sob juramento é feita uma promessa sem intenção de mantê-la, ou quando depois de se ter prometido algo sob juramento não se cumpre. Além disso, o Catecismo assegura, que “as promessas feitas a outrem em nome de Deus empenham a honra, a fidelidade, a veracidade e a autoridade divinas. Devem, pois, em justiça, ser respeitadas. Ser-lhes infiel é abusar do nome de Deus e, de certo modo, fazer de Deus um mentiroso” (N. 2147).

Nesta perspectiva, a Irmã Lúcia esclarece que a transgressão desse Mandamento incorre na falta da Verdade para com Deus e para com os nossos semelhantes, sendo que este pecado também consiste no não cumprimento das nossas promessas, dos nossos votos e dos nossos juramentos, uma vez que, se os prometemos de maneira voluntária, somos obrigados a cumpri-los, conforme relata a tradição bíblica:

“Quando tiveres feito um voto ao Senhor, teu Deus, não demorarás em cumpri-lo, porque o Senhor, teu Deus, não deixará de pedir-te contas dele, e contrairias um pecado. Se não fizeres voto, não pecarás. Mas a promessa saída dos teus lábios, tu a cumprirás, e observarás fielmente o voto que fizeste espontaneamente ao Senhor, teu Deus, como disseste por tua própria boca”(Dt 23,22-24).

Neste sentido, recorda que Deus tem sempre, diante de seus olhos, as nossas intenções e obras e deseja que todas elas sejam pautadas na Verdade que é como um antídoto que nos preserva da infidelidade e de toda espécie de injustiça. Ressalta que, quando nos deixamos arrastar pelas mentiras do demônio que apesar de antigas se atualizam no mundo moderno – e a todo custo nos querem cegar pelas tentações do prazer, do ter e do poder (Lc 4,1-14) – enganamo-nos a nós mesmos procurando a felicidade onde ela nunca estará presente. Então, mostra que venceremos estas mentiras quando amamos a Deus acima de tudo e de todos, adorando-O e servindo-O, conforme Jesus reafirmou ao repelir o tentador (Lc 4,8) e deste modo encontramos Nele a felicidade.

Neste horizonte, destacam-se as palavras de Jesus no Sermão da Montanha, visto que, ao retomar o segundo Mandamento, colocou em relevo a importância de viver na Verdade, mostrando que esta constitui a base da moral e da ética entre as relações humanas e, portanto, dispensa quaisquer juramentos desnecessários: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos para com o Senhor. Eu, porém, vos digo: não jureis em hipótese nenhuma. […] Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não. O que passa disso vem do maligno” (Mt 5,33-34.37).

:: O apelo a seguir o caminho do Ceú na Mensagem de Fátima
:: O apelo à santidade na Mensagem de Fátima

De acordo com os ensinamentos de Jesus, a Irmã Lúcia exprime a importância de termos na mente e no coração este segundo Mandamento, ressaltando a necessidade de vivermos na Verdade ao afirmar “que não podemos enganar o próximo, e menos ainda invocar o nome de Deus como testemunha das nossas afirmações falsas, enganadoras e astuciosas” (IRMÃ LÚCIA, 2007, p. 220). Recorda, portanto, que Deus toma para Si todo o mal e todo bem que fazemos ao próximo seja para nos punir ou nos recompensar: “Em verdade vos digo: sempre que fizerdes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40).

Em suma, vale salientar que: como seres humanos criados por Deus – dotados de razão, do livre arbítrio e agraciados com o dom da fé – podemos fazer escolhas sábias, tendo sempre como princípio o temor de Deus que nos capacita a uma profunda compreensão acerca da Santidade de seu nome e da necessidade de vivermos na Verdade –fonte única da liberdade (Jo 8,32) para alcançarmos a salvação eterna.

Este será o tema da catequese temática que acontecerá na Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados no Santuário do Pai das Misericórdias, no próximo dia 05 de dezembro, com início às 10h. Será um momento muito especial, visto que, desde o mês de março, estávamos transmitindo somente pelas redes sociais do Santuário, por conta da pandemia, sendo que, a partir deste mês, essa atividade volta a ser aberta ao público no Santuário, além de continuar sendo transmitida pelo Facebook e Instagram.

Áurea Maria,
Comunidade Canção Nova

Referências

BÍBLIA de Jerusalém. Tradução de Euclides Martins Balancin et al. São Paulo: Paulus, 2002.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Tradução da Conferência nacional dos Bispos do Brasil. 10. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

CONSTITUIÇÃO PASTORAL Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo atual. In: COMPÊNDIO DO VATICANO II: constituições, decretos, declarações. 31. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. p.141-256.

IRMÃ LÚCIA. Apelos da Mensagem de Fátima. 4. ed. Fátima – Portugal: Secretariado dos Pastorinhos, 2007.

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