A MISERICÓRDIA PARA OS ÚLTIMOS

Santidade e Misericórdia: Santa Teresa de Calcutá

“Tenho sede!”. Foi com essa súplica de um mendigo que Santa Teresa de Calcutá, quando ainda era uma simples religiosa com o nome de Irmã Abnes, sentiu no seu coração o forte apelo de doar a sua vida pelos mais pobres e necessitados. A sua intenção não era somente dar de beber ou dar de comer a quem tinha sede e fome – o que já seriam grandiosos gestos de misericórdia – mas Madre Teresa queria ser para os seus pobres um sinal encarnado da própria Misericórdia: que ama e acolhe de forma gratuita, sem querer  devolutivas ou explicações. 

Diferente das demais instituições de caridade que existiam na sua época, Madre Teresa não acolhia a todos os tipos de pobres; ela buscava por aqueles que ninguém mais queria, os excluídos, rejeitados, desprezados e esquecidos pela sociedade. Tudo começou por aquele “Tenho sede!” e, logo em seguida, a Santa de Calcutá passou a ouvir as mais diversas súplicas da humanidade: “Tenho lepra!”, “Estou em estado terminal!”, “Morrerei sem dignidade humana!”. Diante de tantos pedidos de socorro, a missionária da caridade não foi indiferente, pelo contrário, pela oração, ela foi pouco a pouco alargando o coração e num processo de imitação de Cristo, foi sendo para os homens um canal perene da Divina Misericórdia.

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Nos enganamos ao pensar que Madre Teresa de Calcutá gastava a sua vida somente para alimentar os corpos desnutridos dos pobres. A sua caridade misericordiosa ia além do que era visível fisicamente e conseguia tocar a dignidade humana desfigurada não só pela extrema pobreza, mas pela extrema indiferença social. Aí está o diferencial da Santa de Calcutá: a sua maior preocupação não era o corpo, mas o homem na sua totalidade (corpo, alma e espírito). Deixarei que ela mesma nos fale o que sentia:A maior doença não é a lepra nem a tuberculose, é ser indesejado, não ser amado e ser abandonado. Nós podemos curar as doenças físicas com a medicina, mas a única cura para a solidão, para o desespero e para a desesperança é o amor. Há muitas pessoas no mundo que estão morrendo por falta de um pedaço de pão, mas há muito mais gente morrendo por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é um tipo diferente de pobreza – não é só uma pobreza de solidão, mas também de espiritualidade. Há uma fome de amor e uma fome de Deus”.

Certa vez, falando com um jovem sacerdote, Santa Teresa de Calcutá lhe perguntou sobre sua vida de oração  e com firmeza falou para aquele padre que sem Deus nós somos pobres demais para ajudar os pobres. Aqui se  entende que para Madre Teresa existia muitas pobrezas que assombravam a humanidade e somente em Deus e pelo amor misericordioso é que seria possível sanar tamanha necessidade humana. Talvez você não seja pobre de bens materiais, mas se a sua pobreza for de amor, atenção, cuidados, de um olhar atento e sem pressa, não perca tempo. Como os pobres daquela época clamaram, você, reconhecendo sua pobreza pode também expressar a sua sede  de existência. De que o seu coração tem sede? De que a sua alma tem fome? Se ninguém quer te receber, a Santa de Calcutá te acolherá!

Joanderson Medeiros
Seminarista da Comunidade Canção Nova

 

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