Quando paramos para refletir, estudar e analisar cada detalhe do Evangelho de São Mateus onde estão narrados os poucos fatos da vida de São José, nos deparamos com algo extraordinário, que nos deixa perplexos sobre a vida deste homem escolhido por Deus: sua “prontidão” em executar tudo que Deus lhe fala por meio dos sonhos. Sabemos que a sagrada escritura nos mostra que Deus sempre falou com seu povo por meio dos sonhos, visões e etc. A Bíblia está cheia dessa manifestação de Deus para salvar seu povo. Com São José, Deus usou os sonhos para lhe indicar Sua vontade; essa prontidão de José nos indica a que grandeza de alma se encontrava em José, um homem disposto, dócil, humilde, que sabe ouvir para obedecer, um homem que não se perde com a agitação do mundo de sua época e que não se prende às normas vigentes da sociedade para tomar um decisão, mas que espera do seu Deus o direcionamento para sua vida, obstante havia intencionado algo que não prejudicasse Maria. O mais bonito em tudo isso é vermos a presteza de José, essa disposição interior de quem está pronto a executar qualquer ordem recebida, não se demora, não se opõe, nem coloca obstáculos, não tem como prioridade seus projetos, mas está aberto a acolher com “prontidão” o que Deus lhe designa.
Encontramos em São José o modelo de obediência, ele sai de cena para que apareça apenas a vontade do Pai celeste, sua paternidade se volta a ser a sombra do Pai celeste para Jesus. O Papa Francisco, na Patris Corde, ressalta a obediência de José e como foi usado por Deus para ensinar ao Filho a verdadeira obediência ao Pai do Céu.
José sente uma angústia imensa com a gravidez incompreensível de Maria, mas não quer difamá-la, e decide deixá-la secretamente (Mt 1,19). No primeiro sonho, o anjo ajuda-o a resolver o seu grave dilema: “Não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados” (Mt 1, 20-21). A sua resposta foi imediata: “Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo” (Mt 1,24). Com a obediência, superou o seu drama e salvou Maria. A obediência salva!
No segundo sonho, o anjo dá esta ordem a José: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar (Mt 2, 13). José não hesitou em obedecer, sem se questionar sobre as dificuldades que encontraria: E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito, permanecendo ali até a morte de Herodes (Mt 2, 14-15). A obediência supera os obstáculos!
No Egito, com confiança e paciência, José esperou do anjo o aviso prometido para voltar ao seu país. Logo que o mensageiro divino, num terceiro sonho – depois de o informar que tinham morrido aqueles que procuravam matar o menino –, lhe ordena que se levante, tome consigo o menino e sua mãe e regresse à terra de Israel (cf. Mt 2, 19-20), de novo obedece sem hesitar: Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel (Mt 2, 21). A obediência sofre as demoras de Deus!
Durante a viagem de regresso, porém, tendo ouvido dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir para lá. Então advertido em sonhos – e é a quarta vez que acontece – retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré (Mt 2, 22-23). “Na nossa vida, muitas vezes, sucedem coisas, cujo significado não entendemos. E a nossa primeira reação, frequentemente, é de desilusão e revolta. Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos”. A obediência nos torna resilientes perante as dificuldades!
Por sua vez, o evangelista Lucas refere que José enfrentou a longa e incômoda viagem de Nazaré a Belém devido à lei do imperador César Augusto relativa ao recenseamento, que impunha a cada um registrar-se na própria cidade de origem. E foi precisamente nesta circunstância que nasceu Jesus (cf. 2,1-7), sendo inscrito no registro do Império, como todos os outros meninos. A obediência nos traz Jesus!
O Papa conclui dizendo: “Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu fiat, como Maria na Anunciação e Jesus no Getsêmani.
Na sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (cf. Lc 2, 51), segundo o mandamento de Deus (cf. Ex 20, 12).
Só sabe obedecer aquele que sabe se recolher para escutar, é preciso aprender a ouvir, deixemos que São José nos eduque no recolhimento e no silêncio para ouvir a voz de Deus e não termos a nossa vida guiada de qualquer forma, mas sim pelos propósitos de Deus, assim como José se deixou guiar, deixando de lado seus esquemas, seus projetos, o que o mundo apresentava como modelo e certo a se fazer para fazer só o que agradava a Deus.
Peçamos a São José essa graça de sermos agradáveis a Deus em tudo em nossa vida, pois ele soube viver no silêncio e na humildade, entregando-se, todos os dias, à vontade de Deus.
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“São José, pedimos seu auxílio nesses momentos em que estamos, quando tudo nos assola e nos deixa agitados. Estamos como que imersos em um mar gigantesco de situações e, muitas vezes, esquecemo-nos de parar e ouvir a Deus. Pedimos-te, São José, ensina-nos a silenciar, a calar, a nos recolher para ouvir a voz a Deus, a sermos sinceros conosco mesmo de que não podemos nos conduzir como cegos, mas que precisamos da luz de Deus em nossa vida. Intercede por nós, ó bom José! Queremos seguir teu exemplo de obediência e prontidão na vontade de Deus. São José, intercede ao teu Filho. Amém.
Deus abençoe,
José João