O processo da conversão
São Lucas, nos capítulos 15 e 16 de seu Evangelho, apresenta as chamadas Parábolas da Misericórdia; e, no meio delas, está a parábola do pai misericordioso e dos seus dois filhos, conhecida como a parábola do filho pródigo. Provavelmente, você já ouviu falar desta parábola, leu-a ou a ouviu em alguma pregação. De fato, a misericórdia é expressa nela, e o convite a nos voltarmos para o Senhor é real. Mas gostaria de lhe convidar a olhar para essa parábola de uma forma diferente, focando no caminho trilhado pelo filho até o retorno à casa do Pai.
A palavra “caminho”, nas Sagradas Escrituras, podem nos lembrar muitas coisas, a começar pelo caminho trilhado por Abraão até a terra prometida, e o caminho trilhado pelo povo que, libertos do Egito, caminhavam até a terra que jorra leite e mel. Isso nos mostra que o caminho está ligado ao tempo. O caminho percorrido também significa um tempo que passou. Isso é muito importante quando consideramos o caminho em um sentido espiritual. Mostra-nos que a nossa conversão também é um caminho e leva um tempo. Olhemos para a parábola do Filho Pródigo. Diz o evangelista: “Então ele se pôs a caminho e voltou para seu pai” (cf. Lc 15,20). Este caminho de retorno à casa do Pai não é exclusivo do filho que foi embora, mas é próprio de cada cristão. Todos nós, se quisermos viver uma vida séria com Deus, vamos precisar trilhar este caminho.
Persevere!
Quando iniciamos a nossa caminhada com Deus, tudo parece mudar de forma repentina. Um dia, nós nos encontramos com Ele e, no outro, já queremos deixar tudo o que nos afasta d’Ele, mas à medida que o tempo vai passando, vamos percebendo que a necessidade de mudança é muito maior. Mudar por um instante é fácil, mas perseverar até o fim se torna exigente. Neste momento, percebemos que só estamos no início deste caminho que leva à casa do Pai.
:: Faça a experiência com o Pai das Misericórdias
Perceba, na parábola, que o filho trilhou este caminho de volta decidido de que não era digno da misericórdia de Deus. O sentimento de culpa era tão grande, que ele não conseguia perdoar, muito menos receber o perdão do pai que ele ofendeu. No nosso caminho de conversão também é assim. Imaginamos o Amor de Deus com um limite e, às vezes, queremos medir o Amor d’Ele pela nossa pobre capacidade de amar. Estamos errados! O Amor de Deus é infinito, e se nos fechamos à experiência com Ele, podemos colocar em risco todo o nosso caminho de conversão.
A Igreja nos convida a viver, neste tempo, o Tempo Quaresmal, que, inspirado no caminho do povo em direção à Terra Prometida, nos faz perceber que somos peregrinos nesta terra, e que o céu é a nossa morada definitiva. Não podemos estabelecer moradas eternas nesta terra, mas no céu sim, por isso que, anualmente, a liturgia nos leva a refletir como estamos caminhando e para onde estamos indo. O filho pródigo sabia que estava voltando para a casa do Pai, e sabia o que tinha feito. E nós, ainda estamos no caminho certo?
A Quaresma é o tempo de retomar o caminho. Sabe quando as lojas, de tempos em tempos, fecham para balanço? Pois é, a Quaresma é um tempo para nos recolhermos e estarmos mais próximos do Senhor, colocar a nossa alma em “balanço”. É preciso que, como o filho pródigo, tenhamos coragem de trilhar este caminho e olhar para dentro de nós. Talvez descubramos que ainda não somos o santo que deveríamos ser, mas estamos no caminho e na luta por isso.
Nesta caminhada quaresmal, olhe para a imagem do Filho Pródigo e saiba que, por mais que você tenha se desviado do caminho de casa, existe um Pai misericordioso lhe dando uma nova chance. Aproveite essa oportunidade. Faça um bom exame de consciência, procure um padre, reconcilie-se com Deus e retome o caminho que o leva à direção certa, a Casa do Pai das Misericórdias.
Boa retomada!
Deus o abençoe!