O que são penitências quaresmais? Como escolhê-las?

A Quaresma é o período de preparação para a Páscoa do Senhor, cuja duração é de 40 dias. Ela começou há muitos séculos, quando os cristãos viram a necessidade de reservar um período para a preparação da maior festa da Igreja, que é a Páscoa. A Quaresma inicia-se na Quarta-feira de Cinzas e se estende até a Missa do Lava-pés.

:: O convite da Igreja a uma vida de mortificação

O objetivo principal da Quaresma é a luta contra o pecado que nos afasta de Deus e de Sua graça. O Catecismo diz que “o pecado é a pior realidade para o pecador, para a Igreja e para o mundo” (n.1488).

No início da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas, os fiéis têm suas frontes marcadas com cinzas, como os primitivos penitentes públicos, excluídos temporariamente da assembleia (“Lembra-te de que és pó…”). Ela nos faz lembrar as palavras do Mestre divino: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3).

“A Quaresma é um período que devemos aumentar o tempo de oração” | Foto ilustrativa: Carlos Daniel via Cathopic

As penitências e práticas quaresmais não são um fim, e sim um meio forte para vencer os pecados e buscar a santificação. De modo geral, a Igreja recomenda como “remédios contra o pecado”, o jejum, as esmola (caridade) e a oração. Cada pessoa deve escolher as penitências e mortificações de acordo com os pecados que precisa vencer. É um tempo de “agir contra” as paixões desordenadas que lutam em nós.

Quem tem o pecado da soberba, orgulho, vaidade, deve exercitar a humildade; quem tem o pecado da gula, deve fazer jejum; quem tem o pecado da carne, deve buscar a castidade; quem fica irado, deve exercitar a mansidão e tolerância com os outros; quem tem inveja de alguém, deve rezar por essa pessoa; quem é preguiçoso, deve buscar a diligência e serviço aos outros.

A Quaresma é um período que devemos aumentar o tempo de oração, pois não temos forças e disposições para a prática das obras espirituais sem oração; então, devemos assistir mais a Santa Missa, acompanhar a Via-Sacra nas igrejas, rezar o Santo Rosário, fazer a adoração ao Santíssimo Sacramento etc., e, claro, buscar a Confissão e a Eucaristia.

Algumas sugestões podem nos ajudar neste tempo: a renúncia à própria vontade; abstinência de comida e bebida; um pouco mais de silêncio e meditação da Bíblia e de um bom livro, ajudar generosamente os outros, vestir-se modestamente, desprezar a vaidade, o orgulho, a prepotência, o exibicionismo, o desapego do dinheiro e das coisas materiais, perdoar a quem nos ofende, aceitar os sofrimentos de cada dia, vencer a preguiça de rezar e trabalhar, fugir de toda ocasião de pecado no campo sexual etc..

O jejum não significa não comer nada, e sim comer menos do que o habitual. Muitas pessoas tomam um café mais fraco, almoçam como de costume e fazem um jantar mais leve. Somos obrigados a fazer jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Não devemos comer carne nas sextas-feiras do ano, mas pode-se substituir esta obrigação por outra atividade, por exemplo: uma obra de caridade ou um exercício de piedade (rezar o Terço, participar da Missa etc.)

Outras sugestões para viver a Quaresma: dar um sorriso amigo; ajudar no serviço de alguém; ter paciência com quem nos aborrece, fazer com mais amor o trabalho diário; não reclamar das dores e doenças suportáveis, não se exibir, não falar mal dos outros etc..

Algumas passagens da Bíblia nos ajudam:

“É boa a oração acompanhada do jejum, e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna.” (Tb 12, 8-9)

“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados.” (Eclo 3,33)

“Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti para te livrar de todo o mal.” (Eclo 29,15)

“Jesus ensinou: ‘É necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo’” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em tentação.” (Mt 26,41a)

“Pedi e se vos dará.” (Mt 7,7)

São Paulo recomendou: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17).