DEVOÇÕES SEMANAIS

Domingo é o dia do Senhor

Domingo é o dia do Senhor

Certamente, você já ouviu, muitas vezes, falar da “Quinta-feira de Adoração na Canção Nova”. Desde o início da comunidade, a quinta-feira se tornou um dia especial de pregação, oração e adoração ao Santíssimo Sacramento. Mas de onde vem essa tradição? Ela foi criada pela comunidade? A resposta é não! A tradição de devotar o dia da semana, quinta-feira, para adorar Jesus na Santíssima Eucaristia é uma tradição da Igreja Católica, que nos recorda a Quinta-feira Santa, o dia da Instituição da Eucaristia.

Foto: Wesley Almeida

 Não é somente a quinta-feira que traz uma devoção

Ademais, não é somente a quinta-feira que traz uma devoção. Assim como o Domingo é o dia do Senhor, e o sábado é dedicado a Virgem Maria, os demais dias da semana também possuem uma devoção especial. Antes de falarmos sobre elas, precisamos compreender melhor o que vem a ser devoção. A palavra devoção, nos últimos séculos, desviou-se da sua originalidade, tomando um caminho de sentimentalismo subjetivista. Antes de tudo, precisamos entender que a devoção faz parte dos atos da religião.

E por religião compreendemos os atos de culto que tributamos a Deus para chegarmos à intimidade com Ele e, assim, amá-Lo. O amor, a caridade, são virtudes teologais que nos unem ao Senhor diretamente. Contudo, sendo falhos e humanos, necessitamos de um caminho para nos unir a Ele, e a este caminho, repleto de atos, damos o nome de religião. Esta é, portanto, uma virtude de justiça, pois damos a Deus o culto que lhe é devido. Um dos atos da religião é a devoção.

São Tomás de Aquino, século XIII, nos ensina que devoção é “uma vontade pronta para se entregar a tudo que pertence ao serviço de Deus, ao culto divino”. Ou seja, quando eu rezo o terço, preciso de uma vontade pronta, um ato decidido e determinado da vontade, iluminada pela razão. O objetivo da devoção não é viver sentimentos – eles até podem ser gerados da prática devocional, assim como a paz e a alegria, porém não podem ser o fim dela. Diante dessa pequena introdução, gostaria de partilhar a respeito do Domingo, o primeiro dia da semana.

O Domingo, do latim dies dominicus, é o Dia do Senhor, consagrado a Nosso Senhor Jesus Cristo, que ressuscitou dos mortos e nos deu a salvação. São João Paulo II, em 1998, como Sumo Pontífice, escreveu uma Carta Apostólica Dies Domini dedicada ao Dia do Senhor. Justamente para dar destaque à grandiosidade do Domingo na vida do homem, da Igreja e do mundo. O Domingo é a Páscoa semanal. “Nós celebramos o domingo devido à venerável ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, não só na Páscoa, mas inclusive em cada ciclo semanal”, assim escrevia o Papa Inocêncio I, no começo do século V, testemunhando um costume já consolidado, que se tinha vindo a desenvolver logo desde os primeiros anos após a ressurreição do Senhor. São Basílio fala do “santo domingo, honrado pela ressurreição do Senhor, primícias de todos os outros dias”. Santo Agostinho chama o domingo de “sacramento da Páscoa”.

Como descrito no livro do Gênesis, temos o primeiro dia como o início da criação do mundo, quando a luz é feita; a ressurreição de Cristo é o início da nova criação. Portanto, o Domingo se transforma no dia da nova criação. É o dia em que, mais do que qualquer outro, o cristão é chamado a lembrar a salvação que lhe foi oferecida no batismo e que o tornou homem novo em Cristo.

Poderíamos falar ainda mais sobre a beleza e a grandiosidade do Domingo, dia do Senhor. Porém, de forma muita prática, importa neste momento que o reconheçamos como o Dia por excelência de culto ao Senhor Jesus, dia dedicado à oração e ao descanso. É imprescindível que, neste dia, nós católicos participemos ativamente e com fidelidade da Santa Missa em nossas paróquias, e façamos isso com toda liturgia e respeito devido. É preciso chegar no início da Santa Missa, ter feito o jejum eucarístico (pelo menos 1h antes, não comer nenhum alimento, justamente para sentir o gosto da hóstia durante a comunhão); participar sem conversas e distrações (evitar o celular é essencial); concentrar-se para abstrair o máximo que puder das leituras e homilia; comungar com fé e amor da Santíssima Eucaristia; fazer um profundo momento de ação de graças, ciente de que, enquanto se sente o gosto de pão na boca, verdadeiramente Jesus está presente dentro de nós. E não se esqueça de ir à Santa Missa com a roupa apropriada, pois não estamos indo a uma feira, praia, shopping ou parque, estamos indo ao encontro do Senhor, contemplarmos e participarmos do Santo Sacrifício. O Domingo também é dia de descanso, de estar com a família e os amigos, de rezarmos outras orações.

Não é dia de trabalhar, salvo os trabalhos que a Igreja libera compreendendo que são essenciais (alimentação, segurança, hospitais etc). Concluo esta breve partilha recordando que faltar à Santa Missa no Domingo é pecado grave que nos priva da comunhão com Deus. Não adianta participar da Missa de cura durante a semana ou de um grupo de oração poderoso, e faltar à Missa dominical na sua paróquia. Lembre-se ainda que participar da Missa pelos meios de comunicação (internet, rádio, TV) não substitui a participação presencial. Esse meio só é permitido para quem está, de fato, impossibilitado de ir à Igreja.

Viva com intensidade o Domingo, o Dia do Senhor! Deus o abençoe.

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