A vocação de Profeta vivida por Jeremias deveria ser nosso modelo de vida missionário na Igreja. Natural de Anatot uma aldeia nos arredores de Jerusalém, onde sua família possuía propriedades, Jeremias foi chamado ainda jovem como ele mesmo afirma no versículo 6, era, mais ou menos, o ano 626 A.C., segundo as fontes históricas. Dali por diante, vemos toda a beleza de Jeremias como profeta, pois, como homem, sempre foi temeroso e se achava aquém dos planos de Deus para sua vida. Por conhecer a sua história e a história de seu povo e dos profetas, trazia dentro de si várias dificuldades, mas Deus não escolhe os perfeitos ou os prontos, mas aqueles que estão dispostos a assumir a tarefa que Deus lhes envia.
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“Antes de modelaste-te no seio de tua mãe, antes de saíres do seu ventre, eu te conhecia; eu te consagrei; eu faço de ti um profeta para as nações”. Eu disse: “Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou jovem demais”. O Senhor respondeu-me: “Não digas: sou jovem demais. Para onde eu te enviar, irás; tudo o que eu te ordenar, falarás; Não tenhas medo de ninguém: eu estou contigo para te libertar – oráculo do Senhor”. Estendendo sua mão, o Senhor tocou minha boca e disse: “Eis, eu ponho minhas palavras na tua boca. Vê, hoje te confiro autoridade sobre as nações e sobre os reinos, para arrancar e derrubar, para arruinar e demolir, para construir e plantar.” (Jr 1, 5-10)
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Nestes versículos, está contida a essência do profetismo de Jeremias, mas por que trouxe este texto bíblico? Para ilustrar de forma primordial o anúncio do Evangelho que não pode nos tempos atuais se igualar ou se misturar com a sociedade e suas heresias travestidas de ideologias propagadas de tantas formas por seus pensadores, mas que precisa ser um ponto de referência e de ruptura com os velhos hábitos e costumes que buscam sempre mais ofender a Deus e eliminar tudo o que se refere a Deus.
Neste contexto do anúncio, precisamos tomar consciência e ter a certeza de que o Senhor nos conhece profundamente, então, não há porque se esconder ou até mesmo achar que Deus não conhece as nossas falhas, defeitos e capacidades, Ele conhece sim e, por isso, nos chama, escolhe e confia a nós uma missão que nenhum outro poderá realizar, cabe a mim e a você ser este sinal da presença de Deus onde estivermos, pois, se somos idosos, jovens demais, sem instrução e pequenos, o Senhor pode nos dotar de sua sabedoria e instrução para confundir os grandes deste mundo, o que mais importa é sermos fiéis, não desistir, a história do cristianismo nestes quase 2 mil anos nos mostram que homens e mulheres foram e continuam sendo usados por Deus para que sua salvação chegue onde e quando Ele quer, então, não coloque dificuldades nos planos de Deus, mas diga: “Eis me aqui, Senhor”.
É enfrentando as dificuldades e desafios que, aos poucos, vamos vencendo o medo, que é o maior de todos. É preciso todos os dias confiar no Senhor, pois só quem confia em Deus se tornará uma rocha inabalável, pode vir ventos contrários, torrentes e vendavais e permanecerá estável, sólido, pois confia no Senhor e sabe que os sofrimentos e dificuldades do tempo presente são apenas possibilidade de crescimento e maturidade na intimidade com Deus. É importante termos o conhecimento das coisas de Deus para não sermos iludidos, mas muito mais do que isso, precisamos ter a intimidade, a amizade de Deus em nossa vida. A missão que assumimos é resposta à nossa intimidade com Deus, pois um amigo defende os interesses do seu amigo e não o deixa passar vergonha ou ser humilhado pelos outros, defende-o de seus inimigos e permanece na amizade nos momentos difíceis, assim deve ser a nossa vida voltada para Deus. Como estamos falando de profetismo, amizade com Deus e missão, quero lhe trazer um pouco da história do mês missionário.
Em 1922, começa a se desenrolar que seria celebrado o mês Missionário em toda a Igreja do mundo inteiro, quando foi eleito Papa o cardeal arcebispo de Milão na Itália, Achille Ratti, que tomou o nome de Pio XI. Seu ardor missionário era conhecido de todos; e esperava-se dele um grande impulso para a missão. Ainda em 1922, constituiu em Pontifícias as Obras Missionárias já existentes, recomendando-as como instrumentos oficiais da Cooperação Missionária de toda a Igreja. Estimulou a criação de novas missões e ordenou os primeiros bispos Indianos (1923) e Chineses (1926). No Ano Santo de 1925, abriu, no Vaticano, uma Exposição Missionária Mundial. E, no ano seguinte (1926), publicou uma Encíclica sobre as Missões, Rerum Ecclesiae.
A ideia de um Dia Mundial das Missões em nível mundial nasceu no Círculo Missionário do Seminário Arquidiocesano de Sássari, na Sardenha, Itália. De 14 a 16 de maio de 1925, o grupo organizou um tríduo missionário, que suscitou muito ardor missionário. No ano seguinte, de 17 a 20 de março de 1926, repetiu-se a celebração.
No final de março de 1926, realizou-se a Plenária do Conselho Superior Geral da Obra, agora já Pontifícia, da Propagação da Fé. Na ocasião, pediu-se ao Papa Pio XI “a instituição em todo mundo católico de um Dia de oração e ofertas em favor das missões”. No dia 14 de abril de 1926, a Congregação dos Ritos comunicava que o Santo Padre havia concedido o pedido. Seria celebrado, anualmente, no penúltimo domingo do mês de outubro. O objetivo é incentivar, nas igrejas locais, a cooperação missionária mediante a oração, os sacrifícios e as ofertas. O primeiro Dia Mundial das Missões foi celebrado em 1927.
Alguns anos antes, Pio XI fizera um gesto surpreendente e profético: na Solenidade de Pentecostes de 1922, interrompeu sua homilia e, em meio a um impressionante silêncio, tirou seu solidéu, fazendo-o passar entre os bispos, sacerdotes e fiéis na Basílica de São Pedro, no Vaticano, enquanto pedia a toda a Igreja ajuda para as missões.
Deste gesto tão bonito, colhemos, hoje, o Mês Missionário, celebrado e impulsionado durante todo o mês de outubro. E, justamente, no dia 1 deste mês, celebramos a festa da Padroeira das Missões, Santa Teresinha do Menino Jesus monja Carmelita, que, sem sair do Mosteiro, deixa-nos o exemplo de como viver bem a Missão por Deus confiada a cada um de nós. Neste ano, o dia 22 de outubro será o Dia Mundial das Missões, com o tema “Corações ardentes, pés a caminho”, tema escolhido pelo Papa Francisco inspirado na história dos discípulos de Emaús, vejamos o que nos diz o Papa:
A imagem de pôr os «pés ao caminho» recorda-nos mais uma vez a validade perene da missio ad gentes, a missão confiada pelo Senhor ressuscitado à Igreja: evangelizar toda a pessoa e todos os povos até aos confins da terra. Hoje, mais do que nunca, a humanidade, ferida por tantas injustiças, divisões e guerras, precisa da Boa Nova da paz e da salvação em Cristo. Por isso, aproveito esta ocasião para reiterar que «todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível» (Ibid., 14). A conversão missionária permanece o principal objetivo que nos devemos propor como indivíduos e como comunidade, porque «a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja» (Ibid., 15).
Rezemos, meus irmãos e minhas irmãs, para que o Espírito Santo nos capacita e impulsione nosso coração para a Missão Anunciando a Salvação que o Senhor Jesus Cristo conquistou para todos.
Vem, Espírito Criador!
Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.
A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.
Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.
Amém!