3º Domingo da Quaresma
Êx 17,3-7;Sl 94;Rm 5,1-2.5-8;Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42
“Jesus tem sede da Salvação”
“Irmãos e irmãs prosseguimos o nosso caminho Quaresmal, e, o povo da Primeira Leitura se revoltou contra Moisés e por pouco não se revoltou também com Deus: ‘O Senhor está no meio de nós ou não?’. O povo estava sedento de água e murmuravam contra Moisés. Era um povo ingrato, insatisfeito. Eles queriam que Deus realizasse todos os seus desejos, que Deus satisfizesse todas as suas expectativas. Neste povo eu me encontrei, uma vez que quis que Deus realizasse todos os meus desejos. Este povo está tentando usar Deus como se tivesse Deus à serviço dele. Como se Deus fosse subordinado à ele. Aqui eles experimentaram a sede física, e quantos de nós também já experimentamos a sede física? Mas existe também a sede espiritual, que só Deus pode satisfazer.
Sobre a sede espiritual, diz no salmo de hoje que nós não podemos fechar os nossos corações.
Por meio do Evangelho nós compreendemos o verdadeiro sinal da humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Providencialmente diz que Jesus passou pelo processo de cansaço, e por isso sentou-se junto ao poço. Cristo está na hora certa, no lugar certo para fazer a coisa certa. Isso é a primeira coisa que devemos pedir à Ele: a sede de estarmos na hora certa, no lugar certo, fazendo as coisas certas, com as pessoas exatas.
Jesus pede à mulher: ”Dá-me de beber.” Neste Tempo Quaresmal nós devemos nos identificar com essa mulher do Evangelho, porque Cristo espera por ela, assim como espera por todos e cada um de nós e quer falar ao nosso coração. Santo Agostinho diz que Deus tem sede da nossa sede Dele, ou seja, Ele deseja ser desejado por nós. Hoje Ele nos pede: ”Dá-me de beber”. E é na Cruz que Jesus vai dizer novamente: ”Tenho sede.” Que sede é essa que está nos lábios e no coração de Jesus? É a sede da nossa salvação, a sede pela humanidade.
No diálogo de Jesus com a mulher se revela o mistério mais profundo de Deus. Um judeu pedindo água a uma samaritana. Os samaritanos eram considerados impuros. Cristo não se comporta como os outros homens. Ele se torna um ser humano na totalidade e por isso é necessitado como os outros homens. Esse mistério é de um Deus que pede, para nos dar. Jesus conduz aquela mulher a fé. Por meio da palavra Ele vai desconcertando o coração daquela mulher, Ele vai dando à ela o que ela necessitava, mesmo sem ela saber o que de fato necessitava.
“Qual é a sua sede?”
Jesus oferece um voto de confiança aquela mulher por meio da paciência, diante da incompreensão humana. A mulher não compreendeu de imediato que Ele era o Cristo. Jesus então foi corrigindo aquele coração e assim quer fazer conosco, corrigindo o nosso coração de toda incompreensão humana. Jesus faz com que esta mulher venha a crescer na fé. Em um dado momento ela entra dentro de si mesma e se dá conta da situação que estava vivendo. A Quaresma é este tempo em que Deus nos faz entrarmos dentro de nós e sermos sinceros conosco mesmos.
Esta sinceridade do coração desta mulher é a sinceridade que eu preciso desejar no dia de hoje.
Do alto da Cruz Jesus diz : “Tenho sede”. E agora é a nossa humanidade que se volta para Deus dizendo: eu tenho sede de Deus. Enquanto estamos neste mundo, todos e cada um de nós necessitamos de sentido, necessitamos da verdade, da liberdade que vem de Deus. Então devemos pedir: Senhor dai-me de beber, porque tenho sede de justiça, tenho sede do amor verdadeiro, tenho sede de ser compreendido e de compreender também aqueles com os quais convivo. Eu tenho sede do perdão, mas assim dai-me a graça também de perdoar os que me ofenderam. Qual é a sua sede hoje? Em que você precisa ser saciado? E quantos de nós temos sede do pecado e buscamos nos saciar do pecado? Que Deus coloque no nosso coração este sentimento que está no coração da samaritana: esta sede do Eterno. Nós nos perdemos porque ainda não entendemos qual é a nossa sede.”
Padre Valdnei Teodoro
Comunidade Canção Nova