Confira a homília de Dom Marcony, na íntegra.
Nesta sexta-feira, 03 de fevereiro de 2017, Dom Marcony Vinícius Ferreira, bispo auxiliar de Brasília, presidiu a Santa Missa no Santuário do Pai das Misericórdias, às 18h.
Ao grupo de Brasília que o acompanhava na peregrinação até ao Santuário Nacional de Aparecida e a toda a assembleia, declarou na sua homília:
“Estamos no Tempo Comum e neste Tempo, no início, nos primeiros domingos, vamos trazer o início da vida pública de Jesus. Estávamos meditado nesta semana Jesus que começou a pregar na sinagoga de Nazaré e, infelizmente, não lhe deram muito crédito. ‘Não é esse o filho de José, o filho de Maria? Não viveu ele aqui conosco?’ O Evangelho chega a nos dizer que Jesus ficou desanimado, não fez ali muitos milagres e ficou impressionado com a falta de fé, a falta de credulidade daqueles que eram da Sua própria terra.
Ontem, nós celebramos Nossa Senhora da Luz, na Apresentação de Menino Jesus no Templo de Jerusalém com Simeão e Ana e, hoje, o Evangelho volta novamente na perspectiva do início da vida pública de Jesus.
Jesus começa a pregar – diz o Evangelho hoje – e começa a chamar a atenção. Chamou a atenção dos seus representantes de sua cidade, em Nazaré, chamou a atenção até dos grandes. Chamou a atenção de Herodes. Jesus pregava com a força da Sua divindade. A Sua Palavra penetrava na mente e nos corações e transformava as pessoas. Herodes vai dizer: ‘É João Batista! Eu mandei matar mas ele ressuscitou’. Uma coisa interessante que, até aqueles que não eram de vida religiosa (não eram judeus), já pensavam na ressurreição. Herodes vai dizer: ‘É João que eu mandei matar mas ressuscitou’. Outros achavam que era Elias, outros diziam que era um dos profetas, um novo profeta. Ninguém chega ainda à consciência de quem é Jesus: o Filho do Deus vivo. O evangelista abre um espaço para contar o que aconteceu com João nos seus últimos dias: foi preso e surgiu a oportunidade da filha de Herodíades dançar a agradar ao rei e de sua mãe pedir através da promessa do rei, a cabeça de João Batista.
“A Igreja continua em dois mil anos pregando o mesmo Evangelho”
João Batista é ‘aquele maior dos nascidos de mulher’, profeta da verdade. Ele fecha o Antigo Testamento e abre o Novo Testamento anunciando a Verdade que é Cristo Jesus. Devemos aprender com este Evangelho a não ter medo de testemunhar Jesus. Hoje estamos em tempos de João Batista: quando proclamamos a Verdade, quando mostramos a pessoa de Jesus Cristo, somos rejeitados, incomodamos; a Igreja incomoda, porque a Igreja não vai fazer um Evangelho para se acomodar ao mundo de hoje. A Igreja continua em dois mil anos pregando o mesmo Evangelho; e, Jesus incomoda porque provoca em nós a conversão. Mas não vamos pensar que o Evangelho incomoda só aqueles que estão fora. Incomoda também a nós. Porque o Evangelho vem para transformar o nosso coração.
“Amor fraterno, a hospitalidade, o amor ao próximo e o matrimônio”
É o que nos diz a primeira leitura de hoje, da Carta aos Hebreus. Estes conselhos que o autor da Carta os Hebreus dá a todos nós. Em primeiro lugar, permanecer no amor fraterno, permanecer como irmãos, não esquecendo a hospitalidade.
E, aqui, agradeço na pessoa do Monsenhor Jonas, a toda a Canção Nova que sempre nos acolhe, que sempre nos dá a hospitalidade como irmãos em Cristo Jesus. Muitos hospedaram anjos sem o perceber. Que a casa esteja sempre aberta. Por isso, o Papa Francisco insiste em acolhermos os imigrantes, os que vem de fora, os que vem da Síria, os que fogem da guerra, para termos um coração aberto: ‘Lembrai-vos dos prisioneiros’.
Também, lembrai-vos da pureza de coração e do matrimônio, que seja sempre honrado: a família. Deus coloca a cada um de nós em uma família. Como devemos honrar a nossa casa. Na nossa família, nunca devemos ser problema, sempre solução, ajuda e crescimento. Depois que o autor da Carta ao Hebreus fala das coisas essenciais – o amor fraterno, a hospitalidade, o amor ao próximo e o matrimônio, que é a família – ele passa para dados mais concretos: não ameis o dinheiro. O Papa Francisco diz hoje que estamos escravos do dinheiro e o dinheiro provoca assim a ganância. Por isso, o autor da carta diz: ‘Deveis vos contentar com o tendes. Não sejais apegados ao dinheiro’.
Lembrai-vos do que Deus vos disse. Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei. Todos os filhos de Deus são protegidos pelo Pai das Misericórdias. É de verdade que nunca sobra mas nunca vai faltar porque o Pai nunca deixa faltar para o Seus filhos. E termina o trecho da Carta aos Hebreus dizendo de que Deus é o nosso auxílio. Lembremo-nos igualmente dos dirigentes do povo e como deram a vida pela Palavra de Deus, de um modo dinheiro, os padres da Igreja, os apóstolos: como morreram para que a Fé chegasse até nós. Jesus é o mesmo, ontem, hoje e por toda eternidade. Aqueles que querem apresentar um Jesus que é cômodo às nossas comodidades não estão apresentando o mesmo Jesus que veio e deu a vida por nós. Encontramos por aí muitos que querem anunciar um Jesus de conveniência, um Jesus da agradabilidade, um Jesus da fortuna, um Jesus do bem-estar. Não. Todos os que seguiram Jesus, a partir dos apóstolos, morreram, deram a vida para que o Evangelho chegasse até nós. Devemos continuar pregando Jesus Cristo, o mesmo, ontem, hoje e por toda a eternidade.
São Brás
Assim foi São Brás, um homem que viveu entre o séc. III e IV e foi perseguido pelo Império Romano e assassinado por ser cristão. Ele é ligado à bênção da garganta porque São Brás realizou o milagre de dar a vida ao menino que estava sufocado com uma espinha de peixe.
Por isso, no dia de São Brás é costume darmos a bênção da garganta não apenas para curar mas também para anunciar Jesus Cristo, desde um ‘bom dia’ até um perdão que damos aos outros.”
Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!