Padre Márcio

Com o Defensor, é possível o louvor

6ª Semana da Páscoa

Liturgia: At 16,22-34; Sl 137; Jo 16,5-11

Jesus ainda consolava os discípulos da tristeza da separação física. Como é difícil perder alguém querido, não é? Com certeza os corações dos discípulos estavam partidos, quantas vezes a dor interior dói mais do que os acidentes e machucados externos? Mas Jesus os consolou e dizia que Ele precisaria ir para o Defensor vir, e Sua vinda iria revelar o que é o pecado, a justiça e o julgamento. De fato, o Espírito Santo ajudou a Igreja a formular o que é cada item: pecado (CIC 1849-1850), justiça (CIC 1807) e justificação (CIC 681; 1470). Essas são apenas algumas citações que vale a pena pesquisar e/ou adquirir o Catecismo e aprofundar.    

O Senhor cumpriu com sua promessa e enviou o Espírito Santo sobre os apóstolos, pois, com simplicidade, ousadia e a coragem que vinham do Defensor, eles desbravaram mares e terras; suportavam sol e chuva, frio e calor… Tudo por causa do Evangelho.   

Espírito Santo

Crédito: saiyood / by Getty Images

Na leitura dos Atos dos Apóstolos, Paulo e Silas estavam ensinando no Nome de Jesus. Por isso, foram açoitados e presos com toda segurança pelo carcereiro, esse os levou para o fundo e os amarrou num tronco. E o que fizeram os apóstolos? Reclamaram, pediram ajuda a Deus? Não, apenas rezavam e cantavam hinos a Deus. 

Esses apóstolos eram pessoas normais? Como eles não reclamaram? Como não pediram ajuda a Deus? Somente aqueles que estão num grau elevado de comunhão com Deus, num grau elevado de confiança n’Ele, conseguem louvar e cantar hinos ao Senhor na dor ou num momento difícil. 

A libertação das correntes foi uma consequência da liberdade interior

Já ouvimos que o louvor liberta? “O Senhor habita nos louvores?” (Sl 22,4). A inspiração dos apóstolos deve ter vindo dessa passagem e do próprio Jesus que não abriu a boca, não reclamou ao ser condenado, chicoteado e crucificado. Paulo e Silas ao invés da murmuração louvavam a Deus, esses homens foram libertados das correntes porque, primeiro, estavam livres no coração, livres em Deus, pois a libertação das correntes foi uma consequência da liberdade interior. 

Quando o carcereiro ouviu o estrondo e as celas abertas, imaginou que tivessem fugido e que a morte era certa para ele, então, iria se matar. Mas Paulo avisou que estavam lá, o carcereiro logo fez a leitura que aquilo foi de Deus, e perguntou o que deveria fazer para ser salvo. Paulo foi claro: “Crê no Senhor Jesus, e sereis salvos tu a tua família” (At 16,31). O carcereiro os recebeu em casa, cuidou das feridas e os recebeu para o jantar. 

Interessante, Deus é mesmo generoso, pois, foi graça sobre graça, graça dos apóstolos de imitarem o Cristo (prisão injusta e açoites), graça da libertação por meio do louvor e graça que atingiu o carcereiro e sua família. 

Por fim, o prodígio não foi a libertação do cárcere, não foram os tremores da terra. Desculpe ousar, o prodígio não foram as conversões exteriores (carcereiro e família), o grande prodígio foi Paulo e Silas cheios do Espírito Santo entoar um louvor e os cânticos no cárcere. Eles poderiam muito bem ter reivindicado um favor a eles. O louvor na dor, talvez, seja o “milagre” mais difícil de se obter. Mas isso é possível? Bom, Jesus provou que sim, Paulo e Silas provaram que sim, então, ao passar pelas provas, nós poderemos louvar? 

Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!   

Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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