4ª feira de Cinzas
Jl 2,12-18; Sl 50(51); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18;
No tempo do profeta Joel, a terra de Judá vivia numa calamidade em sua agricultura. O profeta aproveitou a oportunidade para convocar o povo à conversão.
Conversão que se dá com gestos concretos “jejum, lágrimas e com lamentação”, não apenas gestos exteriores “rasgai o coração e não as vestes”.
Retornar para o Senhor de todo coração, pois ele é “ciumento” (Ex 20,5). Ele deseja que o coração de cada homem esteja totalmente voltado para Ele. “Amarás o Senhor teu Deus de todo vosso coração” (Dt 6,5). Ele em primeiro lugar e amor a Ele de maneira exclusiva.
Quando voltar-se para o Senhor?
São Paulo escreveu aos Coríntios e a nós: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,2b). O apóstolo ainda escrevia: “deixai-vos reconciliar com Deus” (5,20), ou seja, Deus está pronto a acolher o pedido de perdão, está pronto para perdoar, por isso o pedido “deixai-vos reconciliar”. Trata-se mais uma vez da liberdade que Deus dá ao homem de ir ao seu encontro, pedir perdão e mudar de vida.
No Evangelho o Senhor falou de maneira bem prática, atenção para não realizar apenas algo externo como alguns fazem para aparecer. Não se faz algo principalmente para Deus para aparecer, mas se algo é feito é para agradar o seu coração.
Assim as práticas penitenciais serão carregadas de sentido se forem realizadas com o fim de agradar o Seu coração. Praticar a esmola, a oração e o jejum diz, sim, de algo do íntimo: a caridade recebida por Deus, o dom da vida, que se reconhece tal amor e transborda em caridade com o próximo.
De um reconhecimento interior de que é amado por Deus é que se faz alguns sacrifícios, o jejum, lembrando de tantos que passam fome e sede, de tantos que estão privados de realidades básicas e quem sabe esse jejum se transforma em gesto concreto para ajudar uma família necessitada, de um pobre que bate a porta? De um reconhecimento interior que fala com Deus, a oração, que O reconhece como um amigo, e na oração se ama Aquele que amou primeiro cada ser humano e na oração continua a se deixar amar e ao mesmo tempo O ama, e porque O ama, ama o próximo, perdoa, acredita, exorta porque quer o bem do outro.
Enfim, o tempo da Quaresma iniciou. Façamos propósitos possíveis e que nos custem, ou seja, que seja um sacrifício porque gosta-se muito disso ou daquilo. Pode ser um café, um leite, um lanche, um refrigerante, um chocolate… Bom, cada um sabe o que lhe custa mais. Uma prática interessante também que pode ser difícil mas possível é visitar os doentes e presos, dar esmolas, ajudar alguém que precisa de remédios, alimentos, vestes… Que Jesus, nosso Senhor e Salvador, nos inspire bons propósitos e força para cumpri-los. Conversão de coração e conversão que se traduza em ação, amor a Deus e amor aos irmãos.
Padre Marcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias