5º Domingo do Tempo Comum
Is 58,7-10; Sl 111; 1Cor 2,1-5; Mt 5,13-16
Reparta o pão com o faminto
Uma realidade dura que o ser humano vive desde a muito tempo são algumas necessidades aparentemente simples, mas que se repete no decorrer dos anos, décadas, séculos e até milênios, são as necessidades de alimento, vestuário, moradia, trabalho dentre outras específicas para determinada pessoa ou grupo.
No âmbito da fé pode-se dizer que como cristãos cultivar uma vida espiritual, e está aqui uma outra necessidade que não foi mencionada acima, mas que é bem importante, o homem tem necessidade de saúde, de pão material e pão espiritual.
Bom, mas o homem hoje, e desde a um bom tempo, sofre com tantas necessidades básicas. É impressionante saber que em pleno terceiro milênio há pessoas que passam fome, que não tem onde morar e assim vai. No tempo do profeta Isaías essas necessidades também estavam presentes, por isso o profeta exortou o seu povo a repartir o pão com o faminto, acolher o peregrino, vestir o nu, são obras de misericórdia, assim nos ensina a Igreja até hoje.
Dar de comer, dar de beber, dar um abrigo… são realidades materiais em relação ao próximo, quem fez ou faz essa experiência sabe o quanto é bom ajudar o outro. Somos beneficiados quando fazemos algo para o outro, o favor não é nosso, na verdade, é do pobre. O pobre/necessitado sempre nos dá uma oportunidade de fazer o bem, sem dúvida ganha mais quem dá do que quem recebe. A lógica do Reino é diferente da nossa, por isso o Senhor falava através do profeta “Reparta! Dê! Ofereça!” ao outro.
Oferecer o “pão da tua alma”
Destaca-se ainda nessa leitura a palavra necessitado na tradução da Bíblia de Jerusalém “oprimido” e a frase é “se deres ao faminto a tua alma” no grego: o pão da tua alma. Que fantástico! Realizar uma obra de misericórdia não se trata apenas dar algo material que, sejamos sinceros, é mais fácil. O passo que Isaías convida a dar é dar ao faminto o pão da tua alma, ou seja, dar a si mesmo, dar por inteiro. Não se trata de um assistencialismo, onde a pessoa que pode trabalhar se acomoda, pois há muita gente, há muitas obras que dão de comer e, louvado seja Deus por isso e que continuem. Agora nós como filhos de Deus, como cristãos, somos chamados a dar um passo a mais, dar o pão da alma.
Foi exatamente isso que Jesus fez, embora ele tenha curado a muitos, saciado a fome de multidões, ele deu a si mesmo, ele deu o pão de sua alma. Por isso as pessoas o procuravam, muitos já não queriam mais o pão material, mas o pão espiritual, o pão da alma, queriam Ele mesmo, Jesus.
Jesus “ofereceu-se” e uma vida ofertada, uma vida entregue brilha. Embora Jesus corresse da fama, embora procurasse se esquivar quando queriam engrandecê-lo, sua vida brilhava, sua vida dava sabor aos outros, qual o segredo de Cristo? Não há tanto segredo, a luz foi feita para iluminar, o sal para dar sabor e pronto! Assim foi a vida de Jesus sobre a terra, foi tão forte é tão forte que ecoa, que transforma vidas até hoje e continuará a transformar.
Devemos oferecer o essencial: Jesus Cristo
Na leitura da carta aos coríntios, Paulo, que teve a vida transformada por Jesus, deu seu testemunho, se colocou como instrumento na mãos do Senhor, foi sal da terra foi luz no mundo. Paulo poderia ter recorrido à sabedoria que adquiriu com os estudos, mas julgou apenas saber de Jesus Cristo crucificado. A vida de Paulo brilhou e deu sabor a muitos.
Contudo, a Palavra nos impulsiona a dar uma resposta diante da exortação de Isaías, diante do testemunho de Paulo e da entrega de Jesus. Hoje o Senhor deseja de nós uma resposta de caridade em relação ao outro. Uma resposta concreta, ajuda material: dar de comer, dar de beber… com o devido cuidado com o assistencialismo, e, principalmente como cristãos, oferecer o essencial Jesus Cristo, o Salvador. E com Ele aprendemos que devemos ainda alimentar o faminto com o “pão da tua alma”, dar-se a si mesmo na escuta, na paciência e na misericórdia.