Março – Retiro Mensal 02
Deus vê o escondido
A celebração da Quarta-feira de Cinzas abriu para todos nós o tempo da Quaresma. Este tempo na Igreja não tem nada a ver com tristeza e sofrimento, pelo contrário, é um tempo penitencial.
E a penitência tem a ver com o deixar-se enxergar por Deus, com a purificação do interior e com o resgate da nossa identidade de filhos de Deus. As cinzas colocadas em nossas cabeças marcaram nossas vidas como um território de batalha, isto é, nossa luta constante contra o pecado até a nossa libertação plena na Páscoa do Senhor.
Nós, tantas vezes, mascaramos nossa verdadeira identidade. Através das mazelas do nosso pecado e como consequência nos escondemos de nós mesmos, dos outros e do próprio Deus. Por isso a Quaresma nos dá a possibilidade de colocar luz em muitos aspectos da nossa vida interior que muitas vezes mantemos ocultos: uma oração exibicionista, um jejum vazio e uma caridade interesseira.
Se olharmos para o evangelho da celebração de Cinzas, vemos ali algumas indicações de Jesus sobre o cuidado de não praticar algumas ações só para sermos vistos pelos outros (Mt 6,1). Com isso, nossa disposição quaresmal central é fazer morrer o desejo eterno de aparecer, de sermos vistos pelos outros. O problema não está na necessidade existencial que temos de receber um olhar amoroso de alguém. O mal está no fato de que, com este tipo de desordem, acabamos por nos esconder do olhar amoroso do Pai que nos vê como filhos. Muitas vezes, nos distraímos com tanta exterioridade, que nossa interioridade vai ficando cada vez mais frágil.
Deus vê o que está escondido
Ele tem um olhar amoroso sobre nós, que ultrapassa nossas misérias e pecados. Ele consegue ver cada um de nós na nossa verdadeira identidade de filhos, escondida, muitas vezes, por nossas ações maldosas e pecaminosas.
A Quaresma nos propõe três práticas que nos fazem obter o olhar amoroso do Pai e nos reconcilia conosco mesmos e com os irmãos. Através da oração, do jejum e da caridade vividos com profundidade, somos recriados e purificados para nos apresentar dignamente para celebrar a Páscoa de Cristo.
Deus vê a oração feita com sinceridade, despretensiosa, desinteressada, confiante e grata. Deus vê quem reza como filho. Deus vê o jejum feito com espírito evangélico, sincero, sinal de uma consciência reta. Deus vê quem age por um amor desinteressado, atento às necessidades do outro.
Vivamos esta Quaresma como um despojamento de todas as máscaras. Que o Pai celeste nos veja na nossa condição original: filhos amados.
Atitudes práticas
1- Busque um momento para realizar um retiro pessoal. Pode ser uma manhã, uma tarde ou uma noite. Leia o texto proposto acima e faça um confronto com sua caminhada espiritual pessoal.
2- Faça um jejum diferente. Não se limite apenas ao jejum físico. Perceba o que está em excesso na sua vida e, neste mês, ofereça como uma forma de purificação.
3- Encontre uma família mais perto de você que esteja precisando de algo que você possa dar. Seja um alimento, um remédio, ou até mesmo uma simples visita, um conselho, uma oração juntos ou simplesmente um favor que possa reacender a caridade desinteressada dentro de você.
:: Espiritualidade Canção Nova – Retiro Mensal