Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, explica, e uma entrevista dada à Família Cristã, o significado do evento e as iniciativas.
Já está tudo pronto. Agora é o momento para retoques. Nem a crise política da Cidade de Roma, com a renúncia do prefeito, Ignazio Marino, preocupa a Santa Sé. Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a nova evangelização ao qual o Papa confiou a “organização do Jubileu, está absolutamente seguro e garante que mesmo a campanha conturbada em Roma, a ser realizada em pleno Jubileu. Em 8 de dezembro se abrirá a Porta Santa da Basílica de São Pedro e o Jubileu da Misericórdia.
O Ano Santo começa no quinquagésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II e durará até a festa de Cristo Rei do próximo ano, em 20 de Novembro de 2016. A cerimônia de abertura da Porta Santa segue uma antiga tradição, mas é possível que algo seja atualizado. De acordo com a descrição feita em 1450 por Giovanni Rucellai Viterbo, foi o Papa Martinho V em 1423 a abrir pela primeira vez na história jubilar a Porta Santa na Basílica de São João de Latrão.
De 1500 à 1975 a Porta Santa das quatro basílicas romanas se fechou toda por fora, por um muro e não por uma porta. O Papa derrubava uma parte e os pedreiros, em seguida, completavam o trabalho de demolição. Na véspera de Natal de 1974, quando a “abertura da Porta Santa, Paulo VI foi machucado por alguns escombros e destroços do muro que ficaram em seus ombros. É claro que houve aqueles que interpretaram o “incidente como um prenúncio ameaçador do pontificado de Paulo VI”.
Em 2000, o Jubileu do Milênio de Karol Wojtyla, já não é utilizado o martelo, porque “já não há um muro a ser removido, mas uma porta para abrir. E este é um poderoso simbolismo. João Paulo II simplesmente abriu as portas, assim como fará o papa Francisco. Através da Porta Santa passarão os peregrinos, que se registrarão na internet ou nos pontos localizados na Via da Conciliação. Para eles haverá uma rota especial ao longo da Via da Conciliação e, em seguida, na Praça de São Pedro. Para os turistas que querem visitar a Basílica, será preparado um outro.
– Dom Fisichella, está tudo pronto?
«Estamos prontos e até mesmo Roma está pronta. A crise política da Cidade e a renúncia do Sínodo não muda nada para nós. Principal interlocutor é o governo italiano e, de fato, há meses, está funcionando bem uma comissão bilateral composta pela Santa Sé e a Itália. A preparação está quase completa também do ponto de vista estrutural, embora para nós a dimensão mais importante é a espiritual».
– Como procede com esta ultima?
«Muito bem. Estamos focados fortemente em material preparativos com a colaboração da Sociedade de São Paulo. Estes instrumentos estão bem feitos que eu tenho recomendado a todos os párocos e todas as associações e movimentos antes de embarcar em uma peregrinação a Roma ou antes de atravessar a Porta Santa aberta em todas as dioceses. Nós os temos traduzido em dez línguas e chegará em todo o mundo».
– O que significa “misericórdia” para o peregrino?
«Acolher os outros, ouvir as pessoas em todos os ambientes. Em meu discurso no Sínodo eu expliquei que a misericórdia se experimenta em primeiro lugar na família. A misericórdia é um estilo, até mesmo uma visão profunda do “homem e do mundo. Não é por nada que nós falamos do Evangelho da misericórdia. A decisão do Papa de dedicar um ano para a centralidade” da acolhida a partir dos sinais, de gestos, de “impostações das celebrações e das orientações pastorais, destina-se a chamar a Igreja inteira a uma conversão pastoral. A misericórdia não é um rótulo a ser colado aqui e ali em algumas obras ou algumas ações voluntárias. São importantes as obras e as ações, ninguém nega. Mas a misericórdia é uma pessoa, é o Rosto de Cristo com a qual nos encontramos a cada dia face a face nas palavras do Evangelho».
– É por isso que que também apostam no reconhecimento dos peregrinos?
«Sim, queremos que as pessoas vejam os peregrinos caminhando para a Porta Santa. É um sinal e também um convite a segui-los. Em Roma verão os peregrinos a caminho e a cidade deverá se interrogar sobre o significado deste caminho em direção à Porta Santa do Evangelho da Misericórdia. Esta é a nossa esperança. Os sinais não são os eventos, que portanto acontecerão, mas os peregrinos que caminham. É a primeira vez que se destaca sobre este fato. Mas não é uma novidade. Os grandes Jubileus da tradição da Igreja foram caracterizados pela massa de peregrinos que caminhavam pela estrada rumo a Cidade santa. Hoje muitas coisas mudaram, mas a ideia é a mesma. Por isso decidimos dar a todos os peregrinos, mesmo os que chegam de carro, de trem ou avião, a possibilidade de experimentar pelo menos um pedaço do caminho, entre Castelo Santo Ângelo e a Basílica Vaticana, o sentido verdadeiro da peregrinação, a simbologia do cansaço ao caminhar».
– O que os turistas podem aprender com os peregrinos?
«Acredito que quem ver os peregrinos será interrogado sobre o sentido da procura de uma vida mais significativa, menos agitada, a serviço dos demais, de quem há necessidade, dos pobres. Os peregrinos, além disso, poderão demonstrar a beleza da comunidade, do caminhar juntos como povo de Deus. Por isso é importante preparar-se bem para o Jubileu e a peregrinação, que não é uma simples viagem de paz. A peregrinação é um caminho de oração. E todos virão caminhar e rezar, um exemplo que pode estimular a conversão».
– E os gestos?
«O Papa, a cada mês, às sextas-feiras, fará um gesto concreto de misericórdia. O primeiro será em 18 dezembro com a visita e a passagem da Porta Santa no Albergue da Caritas de Roma. É um convite a ser feito para todos nós».
Tradução e adaptação: Edilma Oliveira – Com. Canção Nova
Fonte: Família Cristã