Quem sabe o que quer vai em frente

A reflexão desta semana nos provoca a darmos uma resposta pois “Quem sabe o que quer vai em frente”

30º Domingo do Tempo Comum

Jr 31,7-9; Sl 125; Hb 5,1-6; Mc 10,46-52

A liturgia dominical ilumina nossa semana, que esta breve reflexão nos auxilie a vivermos bem a semana. Grandes lições aprendemos com essa liturgia.

Deus é Pai, Pai que não desampara, Pai que ama, Pai que olha para os necessitados. A profecia de Jeremias diz do Senhor, que como Pai, faria retornar os aleijados, os cegos, as parturientes: uma multidão iria retornar. Estes exilados que passavam por várias provas, que estavam na seca, agora iriam receber uma torrente d’água e caminhariam sem tropeçar. Deus prometeu aos israelitas que iriam encontrar o caminho de volta, realmente Deus sempre mostra um caminho de volta, de felicidade, de vida, cabe ao ser humano acolher, enxergar, se abrir a esse Deus que é Pai.

A paternidade de Deus, seu cuidado se expressa de maneira muito clara e por excelência em Jesus Cristo. No Evangelho Jesus ouviu um cego, Bartimeu, que gritou por Ele. Mesmo com a repreensão de alguns, o cego continuou e gritou com mais força ainda. Jesus parou mandou chamá-lo e Bartimeu lançou fora o manto e quando indagado pelo Senhor respondeu, sem titubear, que queria ver.

A partir do Evangelho se aprende outras lições a perseverança, o deixar e a clareza do que se quer. O cego havia ouvido falar de Jesus, dos feitos do Mestre, talvez de alguns discursos, pois o cego ao saber que esse homem de grandes feitos estava por ali passou a gritar, gritar já significa elevar a voz, e o interessante que o Evangelho diz que ele gritou “mais ainda”. No nosso popular ele fez um “escândalo”. O cego “viu” Jesus com o coração e sabia o que queria por isso valia a pena passar por qualquer risco. Quem sabe o que quer vai em frente não desiste, não pára nos obstáculos. Por isso o cego insistiu, gritou, “fez escândalo”, perseverou e pela sua perseverança foi ouvido pelo Mestre.

Jesus é o Mestre que tem compaixão (2ª leitura) do ser humano e mandou chamar o perseverante, o homem da visão do coração, e este teve a coragem de jogar o manto. Que cego de visão! Que homem de decisão! Lançar fora o manto era lançar fora tudo o que tinha, lançar fora o manto era lançar o instrumento onde ele se escondia, assim lançou fora o objeto que o fazia continuar na vida de esmola, de favor. Abrir mão do manto era algo muito grande para aquele cego. O pequeno e simples manto era sua grande segurança, mas ele teve coragem de assumir a Segurança.

Além do cego perseverar, além de lançar fora sua segurança, o “homem da visão do coração” foi questionado em algo aparentemente lógico, por Jesus, mas não tão lógico assim. Basta olhar para as situações que nos acontecem, como temos dificuldades de apresentar com clareza o que queremos. Quantas vezes “se enrola” para dizer algo, quantas vezes um filho conta histórias para seus pais até dizer o que fez, quantas vezes o aluno encheu a folha para responder a questão com duas ou três linhas, quantas vezes numa briga de casal uma das partes quis falar com o bater de portas, com o barulho das louças ao invés de dizer “pode me ajudar?”. Quantas vezes se fala tanto para Deus, na oração, e não se diz nada? Bartimeu foi claro, “Mestre, que eu veja”, ser claro com Deus, ser claro com as pessoas com quem convivemos. Ah! Como as coisas seriam melhores! Clareza, transparência evidentemente acompanhado com misericórdia.

Por fim que o Senhor nos ajude a viver bem essa semana, primeiro com confiança de que Ele nos ama, Ele é um Deus/Compaixão que veio até cada ser humano. Deus enviou seu Filho sua expressão concreta de misericórdia para nos salvar. Segundo ensinamento tomar o exemplo de Bartimeu, o cego que enxergou com o coração. Com Bartimeu aprendemos a perseverar, a lançar fora a segurança ou as seguranças para que Jesus seja a Segurança, o Refúgio e finalmente que com Ele sejamos claros, sinceros, transparentes e objetivos no que queremos ou precisamos. E sendo claro com Jesus, tornar também os relacionamentos humanos claros, leves com verdade sem se esquecer da misericórdia.

Pe Márcio Prado

Vice reitor Santuário Pai das Misericórdias


Deixe seu comentários

Comentário