Quando assumi a função de vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias no ano passado, pude experimentar, por um lado, o doce peso da responsabilidade de dar a minha contribuição para que o Santuário seja sempre mais a Casa da Misericórdia de Deus ao povo peregrino; por outro lado, pude experimentar também a força profética das palavras de Monsenhor Jonas Abib quando, no ano de 2002, sentiu-se inspirado a escrever o documento “Entramos no tempo da Divina Misericórdia”, documento este que motivou a construção do Santuário do Pai das Misericórdias na sede da Canção Nova em Cachoeira Paulista (SP).
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O que refletir sobre a Divina Misericórdia? Como ensina São Tomás de Aquino na obra A Suma Teológica: “É próprio de Deus usar de misericórdia e, nisso, manifesta-se de modo especial a sua onipotência”. Sinto-me profundamente animado pela esperança por conta dessa afirmação de Santo Tomás, justamente porque, em geral, quando pensamos na onipotência divina, consideramos os prodígios miraculosos operados por Deus, mas dificilmente pensaríamos na manifestação da misericórdia divina quando, por exemplo, perdoa os pecados que cometemos.
Por ocasião do Ano Santo da Misericórdia, que começou no dia 8 de dezembro de 2015, Papa Francisco citou essa frase de Santo Tomás na Bula de proclamação do jubileu extraordinário da misericórdia “Misericordiae vultus” (O rosto da misericórdia). Neste documento, Papa Francisco esclarece que, sendo Jesus o rosto da misericórdia do Pai, seus gestos, a maneira como realizou a cura dos enfermos, seus ensinamentos e sobretudo sua Páscoa de morte e ressurreição, são manifestações concretas da misericórdia de Deus. O Corpo místico de Cristo, ou seja, a Igreja, nasceu da vontade misericordiosa de Jesus para ser sacramento da divina misericórdia, para impregnar de misericórdia redentora a vida das pessoas e a própria vida da humanidade.
Impressiona-me o profetismo de Monsenhor Jonas ao convocar, desde 2002, a família Canção Nova para que seja “Santa Casa de Misericórdia” para o povo de Deus, povo necessitado de acolhimento, de perdão, de restauração da própria dignidade. A convocação de monsenhor Jonas está em estreita consonância com as motivações do atual magistério do Papa Francisco a respeito da misericórdia de Deus. Sendo assim, concluo minha reflexão com as palavras do Papa Francisco citadas no número 297 da exortação apostólica “Amoris Lætitia” (A alegria do amor), para reforçar o apelo de monsenhor Jonas: “Canção Nova, aja de tal forma que o povo ‘sinta-se objeto de uma misericórdia imerecida, incondicional e gratuita. Ninguém pode ser condenado para sempre, porque esta não é a lógica do Evangelho!”. Canção Nova, por favor, não tenha medo de ser Santuário da Divina Misericórdia.
Padre Wagner Ferreira da Silva
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias
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