Setembro foi escolhido como o “mês da Bíblia” porque o grande santo doutor da Igreja, São Jerônimo (348-420), fez a grande obra de traduzir a Bíblia do hebraico e grego para o latim, a Vulgata. Um grande trabalho!
Podemos e devemos ler e meditar na Palavra de Deus o ano todo, e todos os dias, mas, em setembro, deve ser um tempo especial de aprofundamento nos seus ensinamentos.
:: Aprender a ouvir a Palavra de Deus
O nosso corpo precisa do alimento material para sobreviver, ter saúde, energia e poder superar todas as dificuldades físicas; da mesma forma a nossa alma precisa se alimentar das coisas de Deus para poder viver e superar todas as tribulações. Jesus, na tentação do deserto disse ao demônio: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra de Deus” (Lc 4,4). E enfrentou o demônio citando três vezes a Palavra. E note que: cada vez que Jesus lançava no rosto dele a santa Palavra, o demônio recuava; ele não tem poder diante desta Palavra.
O mundo pecador nos oferece uma mentalidade estragada, na maioria das vezes, avessa à vontade de Deus; então, para termos um antídoto contra a cultura anticristã do mundo, é necessário nos alimentarmos da Palavra de Deus. Um certo relativismo moral e religioso, que o Papa Bento XVI chamou de “ditadura do relativismo”, quer fazer o homem se tornar independente de Deus, e, na verdade, ocupar o seu lugar. O filósofo materialista Marcuse, disse que “o homem é a medida de todas as coisas”, e não Deus.
É a santa Palavra de Deus que deve, então, alimentar a nossa alma e manter a nossa espiritualidade.
Jesus conhecia profundamente a Bíblia. Mais do que isso, Jesus amava e se guiava por ela e a citava muitas vezes. Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo.
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Não é sem razão que São Pedro disse: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2 Pd 1,20-21).
Para aquele que possui a fé sem a qual “é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6a), a Palavra de Deus é alimento sólido, indispensável para aquele que deseja fazer a vontade de Deus e ter luz na própria vida.
A Carta aos hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).
São Paulo disse: “Por isso também damos graças sem cessar a Deus porque recebestes a Palavra de Deus, que de nós ouvistes. Vós a recebestes não como palavra de homens, mas como realmente é: Palavra de Deus, que age eficazmente em vós que crestes” (1 Tess 2,13).
Portanto, é preciso não só meditar a Bíblia, mas estuda-la. Sabemos que não é fácil entender, especialmente, o Antigo Testamento; então, que tal fazer um Curso Bíblico, um estudo mais aprofundado da Palavra.
Por exemplo, quando São Pedro fala das Cartas de São Paulo, deixa claro que não podemos interpretar a Bíblia por nossa conta, mas ouvir o que diz o Sagrado Magistério da Igreja:
“Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2 Pe 3,16).
A Constituição dogmática do Concílio Vaticano II, “Dei Verbum”, diz que: “O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo” (n. 10).
Para entender o Antigo Testamento é preciso conhecer a história do povo hebreu; conhecer os variados gêneros literários que os autores sagrados usaram (leis, genealogias, contos, parábolas, midrash, epopeias, poemas, orações, hinos litúrgicos, crônicas, sermões, cartas, relatos históricos, oráculos proféticos, apocalipse etc. ); e cada gênero tem uma interpretação diferente.
Este estudo pode ser um pouco difícil para quem não está acostumado a estudar, mas isto faz com a gente compreenda melhor a Palavra de Deus. Há páginas difíceis de entender, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento; e um estudo mais aprofundado nos ajuda a compreender o que Jesus e os autores sagrados quiseram nos transmitir. Eu mesmo publiquei um livro “Páginas difíceis dos Evangelhos” e um “Curso Bíblico” em seis volumes, explicando cada um dos livros da Bíblia.
O mês de setembro é uma boa oportunidade de, com a graça de Deus, começar um bom estudo sobre a Bíblia, interpretada pelo Sagrado Magistério da Igreja.