Devoção Reparadora

A relação dos dez mandamentos com Mensagem de Fátima

O conhecimento de Deus

Depois de ter discorrido sobre os vinte “apelos da Mensagem de Fátima” expressos na obra “Apelos da Mensagem de Fátima” (2007) da autoria da serva de Deus irmã Lúcia, daremos continuidade ao estudo dessa obra que, em sua sequência, coloca em relevo a relação da Mensagem de Fátima com os dez Mandamentos da Lei de Deus.

Com base nesses escritos, refletiremos sobre cada Mandamento para compreendermos mais profundamente sua importância no caminho de santidade proposto por Deus quando disse: “Sedes santos porque eu sou santo” (Lv 11,45). A irmã Lúcia introduz essa temática explicitando que a mensagem trazida pela Virgem Santíssima e pelo Anjo de Portugal se refere a um apelo a seguir pelo caminho do céu, sendo que é precisamente a observância da Lei de Deus que nos conduz à vida eterna, conforme declarou Jesus ao jovem que lhe perguntara: “‘Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?’ Disse-lhe Jesus: ‘Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos’” (Mt 19,16-17). De acordo com o Catecismo da Igreja (N. 2052), “Jesus responde, primeiro, invocando a necessidade de reconhecer a Deus como ‘o único Bom’, o Bem por excelência e a fonte de todo o bem”, o que nos leva a compreender que para praticar os mandamentos é necessário antes conhecer a Deus para estabelecer com Ele uma relação de amor e fidelidade.

A Irmã Lúcia demonstra que a profunda ligação dos dez mandamentos com a Mensagem de Fátima constitui um dos elementos principais da Mensagem trazida pela Santíssima Virgem, nos seguintes termos:

Talvez a alguém lhe ocorra perguntar-me: Que tem a ver com a Mensagem os Mandamentos da Lei de Deus? Respondo que tem a ver, e muito: são um dos pontos principais da Mensagem. Com efeito, Nossa Senhora terminou a série das suas Aparições em Fátima, com as seguintes palavras: ‘Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido’. E, antes, no dia 13 de julho, Ela tinha dito: ‘Em outubro, direi quem sou e o que quero’. Assim sendo, o que Nossa Senhora queria e, portanto, o fim principal da Mensagem era pedir-nos que não ofendêssemos mais a Deus Nosso Senhor, porque Ele já está muito ofendido. E, não há dúvida, o que mais ofende a Deus é a transgressão da Sua Lei. (IRMÃ LÚCIA, 2007, p. 209).

Neste sentido, recorda que toda a Sagrada Escritura atesta essa verdade, uma vez que todos os profetas denunciaram a transgressão da Lei. Do mesmo modo, Jesus Cristo e a Sua Igreja, dando continuidade à missão salvífica, confirmam tal denúncia das transgressões da Lei Divina.
A Irmã Lúcia demonstra que Deus sempre vai ao encontro do gênero humano para fazer-se conhecido como o Deus único, conforme declarou Moisés quando se fez portador de Suas palavras: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei do Egito, da casa da servidão. Não terás outro deus diante de mim” (Dt 5, 6-7). Evidencia que Deus se manifestou aos israelitas para certificá-los da realidade de Sua existência e assim poderem transmitir a certeza desta verdade a outras gerações e a outros povos. Ressalta o grande papel de Moisés como mediador entre Deus e seu povo, uma vez que recebeu do próprio Deus os dez mandamentos de Sua Lei – base da Antiga Aliança – que foi instituída para que Israel o reconhecesse e o servisse como Pai providente e juiz justo e para que esperasse o Salvador prometido. Pode-se observar que os dez mandamentos foram transmitidos por Moisés ao povo de Deus com os seguintes dizeres:

Não terás outro deus diante de mim. […] Não pronunciarás em vão o nome do Senhor, teu Deus; Guardarás o dia do sábado e o santificarás, como te ordenou o Senhor, teu Deus. […] Honra teu pai e tua mãe, como te mandou o Senhor, para que se prolonguem teus dias e prosperes na terra que te deu o Senhor teu Deus. Não matarás. Não cometerás adultério. Não furtarás. Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a mulher de teu próximo. Não cobiçarás sua casa, nem seu campo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence. (Dt 5,7.11-12.16-21

Esta Aliança, do ponto de vista teológico, é uma iniciativa de Deus, que se exprime por meio da Graça e da Lei. A Graça pode ser definida como dom incondicionado de Deus, que empenha a si mesmo. A Lei diz respeito ao Senhor, que prepara o povo para ser sua propriedade (Ex 19,5-6), e também pode ser compreendida como um dom, que Deus concede à comunidade, oferecendo um “caminho” ético para o ser humano entrar e permanecer na Aliança. Com efeito, verifica-se que nos dez mandamentos está prescrito o amor para com Deus e a justiça para com o próximo, o que torna o homem justo e digno de Deus.

Considerando a importância da fé e da confiança que devemos depositar na Palavra de Deus, a irmã Lúcia faz alusão à experiência de Moisés no deserto quando duvidou ao ferir a rocha para que dela brotasse água – conforme Deus lhe ordenara – mostrando que foi punido devido à sua incredulidade: “Porque faltastes à confiança em mim para fazer brilhar a minha santidade aos olhos dos israelitas, não introduzireis esta assembleia na terra que lhe destino” (Nm 20,12). Afirma, portanto, “que o princípio de toda vida espiritual é acreditar em Deus” (IRMÃ LÚCIA, 2007, p. 213), ou seja, no poder imenso de Sua Palavra operante, em suas leis que norteiam o nosso caminhar, em sua obra criadora e redentora, na Palavra de Seu Verbo, na doutrina que Ele ensinou e em sua Igreja que é depositária desta doutrina.

Este tema vai ser abordado na catequese temática, que será transmitida por ocasião da Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, por meio das redes sociais do Santuário do Pai das Misericórdias, no dia 03 de outubro, com início às 10h.

No próximo mês, a nossa reflexão estará voltada para o Primeiro Mandamento: “Adorar somente o único Deus verdadeiro”. Até que acabe este tempo de pandemia, nos encontraremos desta maneira, na certeza de que, assim, continuaremos unidos na intenção de reparar os sagrados Corações de Jesus e de Maria, tão desejosos de nos ver praticando os Mandamentos da Lei de Deus. Que Maria Santíssima nos conceda essa graça, para que, em nosso ser e fazer, possamos glorificá-Lo!

Áurea Maria,
Comunidade Canção Nova

Referências

BÍBLIA de Jerusalém. Tradução de Euclides Martins Balancin et al. São Paulo: Paulus, 2002.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Tradução da Conferência nacional dos Bispos do Brasil. 10. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

IRMÃ LÚCIA. Apelos da Mensagem de Fátima. 4. ed. Fátima – Portugal: Secretariado dos Pastorinhos, 2007.

Leia mais:
:: O apelo à santificação da Família na Mensagem de Fátima
:: O apelo ao apostolado na Mensagem de Fátima
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